Origem: a Ambev alugou três motos da startup no seu centro de distribuição em Joinville para que os vendedores possam ir até os pontos de venda da região (Origem/Divulgação)
Carolina Ingizza
Publicado em 11 de dezembro de 2020 às 06h00.
Última atualização em 11 de dezembro de 2020 às 06h45.
Foi com uma nova proposta para veículos elétricos que a startup Origem, de Brasília, conquistou espaço em 2020. A empresa, fundada em 2017 pelos engenheiros Diogo Lisita, Felipe Borges e Pablo Estrela, fabrica motos elétricas próprias. O diferencial é que a startup ganha dinheiro alugando os veículos, não vendendo. Hoje, há dez de suas motos rodando pelo Brasil. Três delas em um cliente de peso: a Ambev.
A Origem foi selecionada no programa de aceleração da Ambev em 2018, o que a aproximou da empresa. Quando a gigante, então, inaugurou seu novo centro de distribuição em Joinville, decidiu alugar as motos da startup como parte da sua estratégia de sustentabilidade. Desde novembro, os vendedores da companhia usam três motos elétricas para ir até os bares e restaurantes clientes da região. Se tudo correr bem nos próximos meses, a Ambev pretende levar as motos da Origem para seus outros centros de distribuição espalhados pelo país.
Mas a jornada até o primeiro grande cliente da Origem não foi simples. Os fundadores passaram os primeiros três anos da startup desenvolvendo e validando a tecnologia com as autoridades. No processo, investiram capital próprio, de investidores-anjo e de amigos e familiares. Com o protótipo já em mãos, captaram 1,3 milhão de reais em crowdfunding no começo do ano para poder bancar o custo de fabricação das dez primeiras unidades.
O negócio só foi ganhar mais fôlego em julho, quando a gestora Barn Investimentos aportou 5 milhões de reais na startup. O dinheiro está sendo usado para custear a fabricação do maior lote da Origem até então, de 50 unidades, que será entregue neste mês.
A meta da empresa é alugar as novas motos em Joinville. Por causa da parceria com Ambev, a startup deslocou parte dos seus 25 funcionários para região, que se tornou o foco da operação em 2021. Os sócios entenderam que a cidade, por ter porte médio, seria um bom local para testes do modelo de negócio antes de uma expansão para regiões mais populosas e extensas.
O desafio da Origem agora é instalar estações de recarga para as motos na região. No aluguel de 1.000 reais por mês que a startup cobra por veículo, está incluso o custo energético. Em vez de colocar o veículo para “carregar na tomada”, a empresa criou um modelo em que o motorista vai até estações, pega uma bateria carregada e troca pela vazia. A meta é ter de 5 a 10 estações espalhadas por Joinville até o final do primeiro trimestre.
Com vários pontos pela cidade, a startup poderá atender os motoristas de delivery, que são seu público-alvo. “A moto da Origem deve ser uma solução, além de mais ecológica, mais rentável para esses pilotos. A nossa ideia é que sobre mais dinheiro para eles no final do mês”, diz Lisita.
No fim de 2021, a Origem quer ter 1.000 motocicletas rodando em Joinville. Se o sistema de recarga funcionar como o esperado nesse volume, a empresa irá começar sua expansão para outras cidades. Para financiá-la, os sócios planejam fazer uma nova rodada, de cerca de 20 milhões de dólares, no próximo ano.
Oportunidades para a empresa não faltam. Além do Brasil ser um mercado acostumado a usar motos no dia a dia, com uma frota de 28 milhões de motocicletas, uma pesquisa da Associação Brasileira do Veículo Elétrico indica que o uso de veículos elétricos deve crescer de 300% a 500% nos próximos cinco anos no país.