Empreendedores em uma reunião (Thinkstock)
Da Redação
Publicado em 30 de abril de 2015 às 10h49.
A geração C e os novos conflitos no ambiente de trabalho
Escrito por Alexandre Rangel, especialista em gestão de pessoas
Entre 2008 e 2012, fui apresentador do programa Executivos por Excelência, na Rádio Bandeirantes de São Paulo, no qual eu entrevistava proprietários bem sucedidos de pequenas e médias empresas e diretores de grandes empresas.
Na época, um dos temas mais recorrentes nas entrevistas eram os conflitos de gerações no ambiente de trabalho. A questão era a convivência entre os baby boomers e as gerações X e Y, muitas vezes, todos juntos no mesmo departamento. Naquele momento, lidar com as diferentes faixas etárias era o foco do problema, independentemente do porte ou perfil da empresa.
O tempo passou e houve aprendizados, adaptações, reconhecimentos de qualidades, de habilidades e do valor da experiência. Agora, a diferença de idade não é mais um problema tão latente, mas os conflitos geracionais permanecem.
Se, no passado, chamava-se de geração um grupo de pessoas que nasceram no mesmo período histórico, hoje, as gerações são diferenciadas pelos seus hábitos, sobretudo de interação e comunicação. A novidade é a chamada geração C, e dela fazem parte as pessoas que estão conectadas a todos, a tudo, o tempo inteiro. A data de nascimento pouco importa, pode ir dos nove aos 99 anos.
Conheço, aliás, um senhor de 94 anos que se comunica intensamente por Facebook, WhatsApp, SMS e Facetime, tanto no celular quanto no tablete. Por coincidência, ele é meu pai.
No outro grupo, estão as pessoas que ainda se negam a entrar nessa nova onda. Mas será que ainda há espaço para eles nas empresas menores que dependem da tecnologia para reduzir seus custos e divulgar seus produtos e serviços? Provavelmente não, pois o mundo esta cada vez mais mobile e conectado por redes sociais.
A conectividade e a necessidade de fazer parte das redes chegaram para ficar. Não há como escapar. E chegaram rapidamente. Antes, as empresas discutiam se deveriam ou não liberar o acesso às redes sociais durante o expediente.
Hoje, elas mesmas têm blogs, fanpages no Facebook, no Company Page, no LinkedIn e estudam como treinar e engajar funcionários para criar e compartilhar conteúdo para tais canais. E as pequenas e médias empresas não podem ficar de fora desse mundo digital, sob o risco de perderem oportunidades.
Ter um chefe dez anos mais jovem ou mais velho que você não causa mais grande desconforto. O problema surge quando um tem o raciocínio meramente analógico e o outro edita a vida em uma timeline de Facebook.
E o desafio para as PMEs só tende a aumentar. Para se ter uma ideia do que nos espera, de acordo com projeções, em 2020 (ou seja, daqui a apenas 60 meses), estima-se que as pessoas que não viveram a era pré-internet sejam maioria e liderem o mercado de trabalho.
Se antes se falava do conflito de gerações e da necessidade dos mais novos se adaptarem ao mundo formal da empresa, com suas regras de comunicação e de hierarquia, hoje se enxerga nitidamente a necessidade dos “não conectados” se integrarem ao mundo mobile e às redes sociais. Pois, é uma maneira de agilizar a comunicação e o crescimento da empresa. Ou seja, os pequenos e médios empresários têm que colocar na sua pauta como lidar com essas mudanças e fazer com que elas trabalhem a seu favor.
Alexandre Rangel é sócio da Alliance Coaching.