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Como este gatinho engraçado virou um negócio de sucesso

O Cansei de Ser Gato era só uma página humorística no Facebook. Hoje, fatura com posts publicitários, produtos para gatos e até biografias.

Cansei de Ser Gato: criadoras faturam cerca de oito a dez vezes mais do que quando trabalhavam de carteira assinada (Cansei de Ser Gato/Facebook/Reprodução)

Cansei de Ser Gato: criadoras faturam cerca de oito a dez vezes mais do que quando trabalhavam de carteira assinada (Cansei de Ser Gato/Facebook/Reprodução)

Mariana Fonseca

Mariana Fonseca

Publicado em 4 de novembro de 2017 às 08h00.

Última atualização em 4 de novembro de 2017 às 08h00.

São Paulo – Ter uma página de sucesso nas redes sociais não é uma tarefa fácil – e torná-la um negócio duradouro e rentável é mais complicado ainda. Se você pensa em empreender por meio da viralização, conhecer a história de quem já atingiu tal feito pode render diversas dicas valiosas.

É o caso das empreendedoras Amanda Nori e Stéfany Guimarães. As amigas trabalhavam na área de marketing e resolveram abandonar os empregos para investir na página de humor que tinham no Facebook e no Instagram: a Cansei de Ser Gato, que fazia sucesso com fotos engraçadas do gato das empreendedoras, chamado Chico.

Hoje, Chico conquistou outros canais de divulgação e vendas. Ele também está presente em um e-commerce de produtos para gatos e em dois livros “biográficos”. Guimarães e Nori contaram ao site de EXAME como transformaram o viral em um negócio e enumeram os próximos passos para a Cansei de Ser Gato.

Em 2013, as amigas publicitárias perceberam que seu gato, Chico, era muita fotogênico. Por isso, resolveram criar uma página para ele no Facebook e no Instagram, com fantasias e frases engraçadas. Não demorou para que algumas marcas procurassem as donas para inserir posts publicitários.

“A página estava acontecendo. Muitos jornalistas ligavam, estávamos escrevendo um livro e analisando os pedidos de propaganda. Não tínhamos tempo de lidar com tudo isso: acontecia algo viral e não tínhamos tempo de produzir um conteúdo porque tínhamos nossos trabalhos. Não fazíamos nem um nem outro direito”, conta Nori. “Pensamos que, se não agarrássemos essa oportunidade, poderíamos nos arrepender depois: se monetizássemos, daria para viver disso. Resolvemos tentar.”

Apenas três meses depois do lançamento da página, Guimarães e Nori largaram seus empregos. Em novembro do mesmo ano, saiu o primeiro livro com a trajetória de Chico, também chamado de Cansei de Ser Gato.

Procurando formas de fazer o negócio monetizar além da publicidade em redes, as sócias analisaram o mercado de produtos relativos a gatos. Elas notaram uma tendência: os donos passam cada vez mais tempo fora de casa, o que aumenta a preferência por animais de estimação mais independentes, como os gatos.

“O número de gatos de estimação cresce mais do que de cachorros hoje no Brasil. No mundo, os gatos já são maioria. Mesmo assim, poucas marcas procuram fazer algo legal especificamente para gatos: há poucos produtos nos pet shops e todos são meio feios”, afirma Nori.

Por isso, em 2015, o Cansei de Ser Gato virou uma marca, indo além de uma página. As empreendedoras criaram um site próprio, que inclui uma parte para comprar produtos divulgados por Chico. O envio é para todo o país. Também foi lançado outro livro biográfico, com o título Cansei de Ser Gato: do Capim ao Sachê.

Chico, da Cansei de Ser Gato, na caixa do e-commerce

Chico, da Cansei de Ser Gato, na caixa do e-commerce (Cansei de Ser Gato/Facebook/Reprodução)

A principal dificuldade das sócias foi o fornecimento da matéria-prima para os produtos. “Antes de criar nossa própria confecção, não conseguíamos acertar a qualidade do produto. Após alguns pedidos, entendemos que a confecção própria seria uma saída mais fácil”, diz Nori. Hoje, o Cansei de Ser gato tem uma fábrica própria para a parte de tecidos. Apenas estampas são terceirizadas.

Os produtos que mais saem no e-commerce do Cansei de Ser Gato o chapéu de unicórnio, a erva de gato e uma rede para colocar debaixo de cadeiras. O ticket médio é de 120 reais e cerca de 800 itens são vendidos por mês, incluindo pedidos para eventos.

Rede de cadeira da Cansei de Ser Gato

Rede de cadeira da Cansei de Ser Gato (Cansei de Ser Gato/Facebook/Reprodução)

As redes sociais são fundamentais para manter o tráfego do site. “Não anunciamos no Google, então quase todo nosso tráfego vem do Facebook e do Instagram, e especialmente do último. Colocamos mídia paga nas postagens sobre promoções da loja virtual, com 20 a 30 reais de investimento por post.”

Mesmo com essa estratégia, Nori afirma que o grande truque para gerar vendas é o posicionamento das páginas do Cansei de Ser Gato nas redes – o que não pede investimento.

“A gente se preocupa muito em não ser apenas uma página de publicidade. O Cansei de Ser Gato é muito humanizado: por exemplo, se queremos anunciar uma caneca, fazemos um post bem humorado com ele supostamente bebendo algo na caneca. Para anunciarmos fretes grátis no nosso e-commerce, postamos uma foto dele vestido de carteiro.”

Hoje, então, o Cansei de Ser Gato possui diversas formas de monetização: publicidade eventual nas redes sociais, o que inclui o contrato com uma marca de ração; dois livros publicados; o site com vendas de produtos para gatos; e a revenda dos produtos em feiras e pequenos pet shops em São Paulo. Nori afirma que ela e Guimarães faturam cerca de oito a dez vezes mais do que quando trabalhavam de carteira assinada.

Produtos da Cansei de Ser Gato expostos na feira Instamarket, organizada pelo Instagram

Produtos da Cansei de Ser Gato expostos na feira Instamarket, organizada pelo Instagram (Cansei de Ser Gato/Facebook/Reprodução)

O próximo passo da Cansei de Ser Gato é expandir a revenda dos produtos em lojas físicas para outros locais do Brasil. Hoje, os itens estão em 20 estabelecimentos.

Segundo Nori, o Chico já é “o gato mais famoso da América Latina”. Então, o próximo passo seria expandir sua presença em outros países. “Nossa meta é torná-lo o gato mais famoso do mundo.”

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