Lego: essas pecinhas podem ajudar o seu negócio (Palle Peter Skov/ Divulgação / Lego/Divulgação)
Mariana Desidério
Publicado em 5 de dezembro de 2017 às 06h00.
Última atualização em 5 de dezembro de 2017 às 06h00.
São Paulo – O Lego está entre os brinquedos preferidos das crianças há gerações. Mas ele não serve apenas para brincar. Desenvolvida na década de 1990 pela própria marca dos bloquinhos de montar, o Lego Serious Play (algo como “brincando a sério com o Lego”) é um método que usa as tais peças coloridas para resolver questões de gente grande: desde os próximos passos de uma carreira até o futuro de um negócio.
As pecinhas podem ser usadas para as mais diversas questões. Segundo a Lego, o método é especialmente eficiente em situações em que “não existem respostas óbvias”; “você quer lidar com questões difíceis e complexas numa atmosfera construtiva”; ou“você quer garantir que os participantes compartilhem um entendimento comum e um cenário de referência”; dentre outras.
“Trata-se de resolver questões complexas através da construção de modelos usando peças de Lego. A metáfora dos modelos serve de base para discussões em grupo, compartilhamento de conhecimento e resolução de problemas, e ajuda a promover o pensamento criativo e encontrar soluções únicas”, diz o site da marca.
Mas como funciona? O consultor Julio Costa, que trabalha com a técnica há dois anos, explica que, após definida a questão a ser trabalhada, cada participante da reunião monta um modelo de Lego com a sua visão do problema e conta a história que está representada ali. Numa segunda etapa, o grupo monta um modelo em conjunto.
A principal diferença em relação a uma reunião tradicional é, na visão de Costa, o engajamento de quem participa.
“As reuniões em geral são chatas. Muitas vezes, num grupo de dez pessoas, só duas estão comprometidas e participando da discussão. Com essa metodologia a gente consegue a participação de todos e com isso o comprometimento após o encontro é muito melhor”, afirma.
O consultor garante que para participar de uma reunião utilizando o método não é preciso ser um especialista em Lego. “É um exercício de abstração. Se você colocar um bloquinho ali e disser que é uma girafa, então é uma girafa”, diz.
Costa dá alguns exemplos de casos em que aplicou a técnica dos bloquinhos, que podem ajudar a solucionar questões bem práticas, como a organização de um armazém, até problemas mais estratégicos, como o modelo de negócio de uma startup.
“Fiz recentemente com uma startup que tem um sistema para automatizar restaurantes. A ideia é que o cliente faça o pedido por um tablet, e ele já segue direto para a cozinha. Mas o dono identificou uma dificuldade de que os próprios funcionários entendessem a relevância daquele serviço. Então nós pedimos para eles montarem no Lego os principais problemas que identificavam num restaurante. Depois, fomos vendo como a solução daquela startup poderia ajudar a solucionar esses problemas”, conta Costa.
Num outro caso, o consultor ajudou a organizar o armazém de uma empresa. “Pedi que cada um montasse no Lego a parte em que trabalhava no armazém e mostrasse os pontos que percebiam que tinham problemas. Depois, eles montaram as soluções para esses problemas, e o que saiu já foi um layout para um novo armazém, mais bem organizado”, conta.
Segundo o consultor, a técnica também tem sido buscada por empreendedores que estão iniciando um negócio. “Nesses casos, em geral é um exercício de melhor definição do negócio. Muitos empreendedores começam o empreendimento sem pensar em questões básicas como ‘o que eu entrego de melhor?’, ou ‘quem é meu público-alvo?’, então trabalhamos muito com essas questões”, completa.