6 características que chamam a atenção de um investidor
Saiba quais são as características que os investidores buscam nas empresas em que vão colocar o seu dinheiro
Da Redação
Publicado em 4 de março de 2011 às 12h02.
São Paulo - Embora os recursos para startups venham crescendo significativamente no Brasil, os especialistas no setor concordam que ainda há mais potenciais candidatos a receber investimentos do que dinheiro disponível no mercado.
Mesmo assim, muitos investidores ainda encontram obstáculos para completar suas carteiras. “Para se encaixar na definição de startup é preciso atender alguns requisitos, como ter um produto com escala e alto potencial de crescimento. Pouca gente bate na porta do investidor com essa visão”, opina Yuri Gitahy, investidor anjo e conselheiro de startups.
Logo, quem estiver atento aos critérios observados pelos investidores na hora de selecionar seus investimentos, tem grandes chances de se destacar e sair na frente dos concorrentes. Confira as dicas a seguir e faça sua lição de casa:
1. Perfil empreendedor
A capacidade de transformar ideias em negócios é um atrativo importante para os investidores. “Quanto melhor o empreendedor, maior a chance do projeto dar certo. A ideia pode até mudar no meio do caminho”, diz Bernardo Portugal, investidor e conselheiro da Associação Brasileira de Private Equaty & Venture Capital (ABVCAP).
No Brasil, a grande maioria das empresas inovadoras nasce dentro das universidades. Conseqüentemente, é comum encontrar mestres e doutores que conduzem pesquisas extremamente promissoras, mas não estão prontos para assumir o comando de um negócio.
“Tem que ser persuasivo, ter independência e confiança”, destaca Graciane Martins, fundadora da Tech Valley Brasil, que aproxima empreendedores brasileiros de investidores do Vale do Silício. “Para lidar com investidor, é importante ter a visão financeira, a visão de negócio”, acrescenta Portugal.
2. Times vencedores
Para conquistar o investidor, o empreendedor não pode estar só, tem que vir muito bem acompanhado. O time ideal deve reunir profissionais com habilidades complementares e entrosamento. “É importante ver como a dinâmica do time funciona, como as pessoas trabalham juntas, há quanto tempo elas se conhecem, porque você tem que ter certeza de que, se as coisas ficarem difíceis, essas pessoas vão se apoiar e não desmoronar totalmente”, aponta o investidor anjo Paul Bragiel, fundador da I/O Ventures.
“Você precisa ter confiança tanto na capacidade de entrega quanto na ética do time para condução dos negócios”, acrescenta Fábio de Paula, diretor de investimentos da Intel Capital América Latina. “O principal critério é que os sócios tenham as características necessárias para dar certo. É preciso ter tecnologia, mas sem a pessoa de gestão para transformar a ideia em produto e o produto em uma empresa, não vai dar certo”, destaca Humberto Matsuda, sócio da Performa Investimentos. “Na pratica você nunca acha a empresa que tenha tudo. O ideal é buscar os times mais próximos desta condição, com o máximo de viabilidade”, ele acrescenta.
3. Produtos certeiros
Por mais sensacional que seja a sua ideia, não adianta procurar um investidor se ela não tiver viabilidade comercial. É preciso que o seu produto ou serviço tenha potenciais consumidores. “Tem que ser algo que resolva uma carência ou um problema do cliente”, destaca Graciane. “Quanto maior a dor que ele resolve, mais interessante”, acrescenta Matsuda.
Mas não é qualquer solução trivial que vai chamar a atenção do investidor. É preciso ser acertivo, mas sem perder o diferencial. “O projeto tem que ter inovação, tem que ter um diferencial tecnológico ou competitivo”, enfatiza a fundadora do Tech Valley.
4. Potencial de crescimento
Um dos principais aspectos observados pelos investidores é o potencial de crescimento da empresa investida – afinal de contas, é isso que vai garantir a multiplicação dos seus futuros lucros. Portanto, é preciso demonstrar que sua oferta é escalável, ou seja, que ela poderá atender um número cada vez maior de clientes.
“É preciso ser capaz de entregar o mesmo produto novamente em escala potencialmente ilimitada, sem muitas customizações ou adaptações para cada cliente”, explica Gitahy. Isso significa também que a oferta não deve se limitar a um nicho ou a uma geografia muito específica. “Tem que ter um mercado grande o suficiente para que a empresa possa crescer”, diz Matsuda.
5. Resultados comprovados
Mostrar resultados é a melhor maneira de chamar a atenção de um investidor, especialmente se sua startup já está em um estágio mais avançado. “É importante provar que o produto é vendável, apresentar clientes que possam dar depoimentos”, define Matsuda.
Mesmo que sua ideia ainda esteja no papel, é importante mostrar claramente como se traduzirá em receita no futuro. “É preciso estar claro como ela vai conseguir monetizar o negócio”, diz De Paula. “Você precisa mostrar que sabe exatamente o que quer e o quão rápido vai conseguir. Mostrar de maneira objetiva e rápida como vai ganhar dinheiro”, acrescenta Matsuda.
“Pelo menos tecnologicamente, o produto tem que estar desenvolvido, tem que ter um protótipo”, opina Graciane. “Definir o modelo de negócios também é fundamental. Você tem que saber se sua receita vai depender de patrocínio, de venda consumidor final, de business to business ou de outro modelo qualquer”, exemplifica ela.
6. Afinidade com o investidor
Não adianta atirar para todos os lados. Antes de procurar um investidor, você precisa saber quais são os segmentos em que ele investe e qual é o tipo de empresa que ele tem no portfólio. “Tem que conhecer os mercados que o investidor gosta”, resume Matsuda.
A recíproca é verdadeira: você também deve gostar do investidor, afinal de contas ele poderá ter uma participação ativa no seu negócio. “Ele vai ser seu sócio. Em alguns casos, você vai ter que olhar para ele todos os dias”, ele lembra.