Rodrigo Perenha., Gonzalo Parejo, Benjamin Gleason e Guto Fragoso fundadores da Kamino Benjamin e Guto (Andre Porto/Divulgação)
Poucos negócios emergentes têm a sorte de já nascer sob a tutela de empreendedores gabaritados. Mas esse é o caso da Kamino, startup que chega nesta terça-feira, 15, ao mercado brasileiro, e é fruto da união dos fundadores de fintechs, insurtechs e logitechs de destaque como Guiabolso, Bidu e Ontruck.
Juntos, os empreendedores Gonzalo Parejo, Benjamin Gleason condensaram suas principais dores à frente de negócios disruptivos e lançaram uma startup que se dedica a eliminar essas barreiras para outros fundadores no Brasil. Ao lado deles também estão Guto Fragoso e Rodrigo Perenha, ex-diretores de produto e tecnologia da Amazon e Mercado Pago. O que a Kamino faz, na prática, é encurtar os caminhos entre startups brasileiras em estágio inicial e recursos aportados por fundos internacionais.
“Dividimos a jornada das startups em duas fases: a de captação de investimentos para alavancar o negócio, e a definição de uma estrutura corporativa definitiva. Queremos atuar nestes dois momentos”, diz Gleason, um dos fundadores da Kamino e também criador do Guiabolso, fintech adquirida pelo PicPay em julho do ano passado.
A Kamino funciona como um hub financeiro com serviços que viabilizam, do ponto de vista burocrático, o recebimento de investimentos externos. Trata-se de um entrave para empreendedores que atraem cheques de fundos internacionais, mas não têm estrutura bancária e corporativa para receber o dinheiro. “Se você, como empresa, recebe recursos internacionais, mas não tem um CNPJ ativo e uma estrutura offshore, como uma conta bancária, no mesmo local de origem do investimento, você pode levar meses para poder ter acesso ao dinheiro”, diz Parejo, cofundador e CEO da Kamino.
Sendo assim, a Kamino se propõe a criar essa tal estrutura local e com isso, acelerar a chegada oficial de uma startup ao mercado a partir do acesso mais ágil a capital externo. Segundo Parejo, uma jornada que é abreviada em questão de meses.
O momento atual do ecossistema deve ajudar. Com captações recordes, as startups brasileiras nunca receberam tanto capital de risco quanto ultimamente. O mercado já consolidou novos unicórnios (startups com valor de mercado acima de US$ 1 bilhão) e um bocado de empresas está elegível para integrar essa lista. “Está claro para nós que o cenário mudou drasticamente. O nível e quantidade de fundadores, assim como a quantidade de fundings em venture capital”, diz Gleason.
A própria Kamino serve de exemplo para isso. O lançamento oficial da startup acontece após um cheque de U$ 6,1 milhões (cerca de R$ 32 milhões) em uma captação pré-seed liderada pelo fundo Inspired Capital, que também contou com a participação dos fundos Global Founders Capital, Fontes (fundo early stage de QED Investors), Picus Capital, Flourish Ventures, Propel VC, Clocktower Technology Ventures, Norte Ventures e Gilgamesh Ventures. Alguns investidores anjos como Sergio Furio (Creditas), Sergio Fogel (dLocal), David Arana (Konfio) e Ariel Patschiki (Ebanx) também aportaram na startup.
A presença de tantos players gringos fez a Kamino acelerar o passo para criar a tal infraestrtutura financera necessária para de fato, colocar a mão nos recursos.
Há um consenso entre os fundadores, porém, de que as estruturas financeiras não acompanharam esse crescimento, e empresas em estágio inicial ainda sofrem para acessar serviços e produtos vitais para a sobrevivência do negócio. De olho nessa deficiência, a Kamino vai oferecer conta bancária sem tarifas, cartão de crédito com limites ajustáveis e adaptado para pagamento de serviços digitais (SaaS), como serviços de armazenamento em nuvem e de remessa internacional.
A ideia é que os fundadores possam focar na gestão do negócio, enquanto a Kamino ajuda na resolução de burocracias. Os produtos financeiros também são uma tentativa de manter, a longo prazo, uma base de clientes fiel e que possa constantemente ter acesso a recursos que ajudem no desenvolvimento da empresa, mesmo após o lançamento dela no mercado.
“Vamos começar olhando para as startups em estágio inicial ajudando-as a se tornar scale-ups Depois disso, nossa intenção é ajudar empresas a atingirem sempre o alto crescimento, de maneira contínua”, diz Parejo.