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Com cabos de celular, eles saíram do prejuízo e faturam R$ 24 mi

A i2GO nasceu para vender capinhas de celular. Porém, foram cabos resistentes e certificados pela Apple que fizeram o negócio bombar.

Daniel Doho e Marcelo Castro, da i2GO: negócio fabrica “acessórios essenciais” para celular, com a promessa de melhor qualidade e melhor preço (i2GO/Divulgação)

Mariana Fonseca

Publicado em 12 de novembro de 2017 às 08h00.

Última atualização em 12 de novembro de 2017 às 08h00.

São Paulo – Muitos empreendimentos de sucesso podem nascer dos lugares mais inesperados – incluindo do fracasso. Cometer um erro pode fazer com que um empreendedor finalmente enxergue onde está a real oportunidade de criar uma empresa com bom plano de negócio, dores reais e potencial escalável de mercado.

Assim nasceu a i2GO: um negócio que fabrica “acessórios essenciais” para celular , como cabos e carregadores, com a promessa de melhor qualidade e melhor preço.

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Tudo começou quando seus empreendedores, Daniel Doho e Marcelo Castro, cometeram o erro de importar várias capinhas para celular – que apenas encalharam no estoque.

Hoje, o empreendimento está em dez mil pontos de venda e vende cinco acessórios por minuto. A empresa já faturou 24 milhões no ano passado e pretender atingir os 40 milhões de reais de faturamento até o fim de 2017.

Um começo de prejuízo

A i2GO nasceu em 2013, a partir da insatisfação de dois amigos com suas carreiras: Daniel Doho estava no mercado financeiro, enquanto Marcelo Castro trabalhava em uma grande empresa de tecnologia.

“Começamos a falar sobre oportunidades de negócios, e resolvemos importar de uma empresa japonesa cerca de 100 mil dólares em capinhas de celulares, fones de ouvido, mouses, teclados e diversos outros acessórios de informática e mobile”, conta Castro. A ideia era vender para grandes varejistas, como Fast Shop, Fnac e Saraiva.

“Porém, vimos a dificuldade em entrar nesses canais, que são bem rígidos com seus fornecedores. Outra dificuldade é que, mesmo quando entrávamos, nosso produto não tinha o giro necessário: ele encalhava na loja e não chegava até o consumidor final. De 100 produtos, apenas 20 vendiam bem; o resto ficava imobilizado no nosso estoque.”

Juntando a primeira importação com outras que vieram no meio do caminho, Castro e Doho acumularam 500 mil reais de estoque parado – ou seja, prejuízo. Eles poderiam ou investir para tentar liquidar os produtos mortos ou focar em uma nova estratégia; acabaram escolhendo a segunda opção.

Então, mudaram o canal de venda: abriram um comércio eletrônico e um quiosque, vendendo as capinhas de celular diretamente aos consumidores. “No começo deu certo, mas o custo de ambos era grande. Vimos como era difícil de fechar o mês no azul”, conta Castro.

Por que a i2GO não ia para frente? “Resolvemos olhar para os produtos de giro maior e conversar com os consumidores. Percebemos que que perdíamos vendas porque cada cliente tinha uma capinha em mente.”

Nisso, os dois sócios perceberam as vantagens de investir em acessórios como cabos e carregadores: eles eram uma necessidade e não havia a customização inerente às capinhas. São acessórios, mas acessórios essenciais.

Novo posicionamento e expansão

A i2GO, então, posicionou-se como um negócio que ofereceria tais itens com um preço menor do que o visto em lojas de shopping center, que precisam subir o preço para pagar o alto aluguel cobrado em tais locais.

Para isso, Castro e Doho trocaram o e-commerce e o quiosque por pequenos estandes de acrílico, chamados de displays, que seriam montados em outros negócios.

“O maior benefício é que, do nosso lado, a gente não tem que pagar o aluguel de um ponto comercial ou contratar funcionários para vender constantemente. Vendemos esse produto para os estabelecimentos, que terão uma lucratividade adicional, e nós não nos preocupamos com fatores operacionais. Já tínhamos visto displays como esse nos Estados Unidos, especialmente em farmácias, como uma compra de impulso”, afirma Castro.

Ao mesmo tempo, os empreendedores começaram a desenhar uma linha própria de acessórios essenciais, indo à China para procurar fornecedores. A ideia era construir linhas que trouxessem, além do preço mais barato, mais resistência e outros pedidos dos consumidores, como cabos mais longos e baterias mais potentes.

“Nosso cabo para produtos Apple, por exemplo, custa 79 reais. Ele é um pouco mais extenso e um pouco mais grosso, para evitar quebras”, afirma Castro.

Os itens que servem para os aparelhos da marca Apple receberam certificação da empresa, com garantia de três anos associada à fabricação. A i2GO conta com um time de 12 pessoas na China, responsáveis por verificar a produção e atestar a qualidade dos acessórios.

No início de 2014, a i2GO anunciou tanto seu modelo de display quanto a oferta de itens de marca própria. Cada display custa entre mil e quatro reais para o estabelecimento, valor em que já está embutida a margem da i2GO.

“A empresa pode comprar um display de mil reais e revendê-lo todo por 1,8 mil reais, tendo um lucro de 800 reais. A gente pede que as empresas mantenham uma certa faixa de preço, para mantermos uma precificação adequada dos acessórios, e cada cliente é conectado a um vendedor nosso. Uma vez a cada duas semanas, esse vendedor passa no local e faz o acompanhamento das vendas, incluindo reposição de produtos”, explica Castro.

Hoje, a i2GO já chegou a dez mil pontos de venda com seus displays. Cerca de cinco produtos da marca são vendidos por minuto, chegando a 200 mil peças por mês. Entre os clientes estão lojas de conveniência em postos da rede AM/PM e BR Mania; supermercados como Carrefour e Walmart; e lojas que também vendem eletrônicos, como Fnac e Livraria Curitiba.

Planos para o futuro

Em 2016, a i2GO faturou 24 milhões. Para este, a projeção é chegar a 40 milhões de reais e 12,5 mil pontos de venda.

“A gente tinha uma linha muito enxuta, então lançamos recentemente uma linha profissional, chamada i2GO Pro, com produtos de alta performance”, afirma Castro. “Também estamos de olho em tendências como carregadores sem fio e fones de ouvido bluetooth.”

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