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App que permite sacar salário quando quiser atende centenas de empresas

O Xerpay, solução criada pela startup Xerpa, busca atingir os 24 milhões de brasileiros que fazem uso do cheque especial

Paulo Ahagon e Nicholas Reise, da Xerpa: startup captou novo aporte, poucos meses após seu série A (Xerpa/Divulgação)

Paulo Ahagon e Nicholas Reise, da Xerpa: startup captou novo aporte, poucos meses após seu série A (Xerpa/Divulgação)

Mariana Fonseca

Mariana Fonseca

Publicado em 16 de maio de 2019 às 06h00.

Última atualização em 16 de maio de 2019 às 06h00.

Para a startup de recursos humanos Xerpa, há um mercado de 24 milhões de brasileiros dependentes do cheque especial a ser desbravado -- e o caminho não passa por mais uma fintech. Com centenas de empresas como clientes, a Xerpa permite que funcionários saquem a qualquer hora os salários referentes aos dias que já trabalharam.

O Xerpay foi criado no início do ano e é a principal aposta da startup e dos seus novos investidores. Neste mês, a Xerpa obteve um aporte de 16 milhões de reais feito pelos fundos QED Investors, KaszeK Ventures e Redpoint e.ventures. O novo investimento servirá para melhorar a tecnologia da plataforma, incluindo a antecipação de pagamentos.

Levar os recursos humanos ao presente

Operando desde 2016, a Xerpa foi criado pelos empreendedores Nicholas Reise e Paulo Ahagon. Americano, Reise chegou ao Brasil há onze anos para trabalhar em bancos de investimento e se tornou o primeiro funcionário no país do fundo de investimentos em startups Redpoint e.ventures.

“Queria montar algum negócio e pensei no que estava atrapalhando o crescimento das empresas. Vi uma oportunidade em armazenar dados de recursos humanos na nuvem”, afirma Reise. Seu mercado eram os 40 milhões de trabalhadores nas empresas com mais 50 funcionários, que precisam investir na organização de admissão, folha de pagamentos, benefícios e desligamentos.

A Xerpa, criada em 2016, conecta todos esses procedimentos e os leva aos celulares dos funcionários, com integração aos sistemas de recursos humanos já existentes nas empresas. Um processo de admissão costuma levar “vários dias” e, com a solução da startup, esse prazo se reduz a “horas”. A Xerpa possui dezenas de milhares de funcionários em sua base.

Telas do aplicativo da Xerpa

Telas do aplicativo da Xerpa (Xerpa/Divulgação)

Como monetização, o negócio cobra uma assinatura das companhias com base no número de funcionários. A taxa vai de centenas a dezenas de milhares de reais por mês. A Xerpa atende centenas de empresas, como a rede de fast food Giraffas e as startups Cabify, Dr. Consulta, GuiaBolso, Gympass e Nubank.

Segundo o estudo Liga Insights HR Techs, o Brasil possui 122 startups que atuam na área de recursos humanos — de avaliação de performance até de recrutamento de temporários e freelancers.

Globalmente, algumas startups que atuam no mercado de tecnologia para recursos humanos são as americanas Gusto (que recebeu 316 milhões de dólares em investimento) e Namely (217,8 milhões de dólares) e a britânica Wagestream (4,5 milhões de libras). A Wagestream foi uma inspiração de Reise para a aposta da Xerpa para este ano -- os serviços financeiros.

Apostas e expansão

No começo de 2019, a Xerpa criou o Xerpay, um serviço de antecipação de salário. “Fomos criados para conectar os recursos humanos aos funcionários, mas sabíamos que isso criaria uma plataforma para trazer outras soluções, como serviços financeiros”, afirma Reise.

O Xerpay está disponível em um aplicativo aos funcionários das empresas que optarem pelo benefício. O funcionário pode receber a parcela de salário referente aos dias do mês que ele já trabalhou. O dinheiro cai em uma hora em sua conta.

Para a empresa contratante do Xerpay, o processo de pagamentos não muda: ela continua depositando os salários integralmente nos dias determinados. A Xerpa assume o capital de giro para a antecipação de salário e desconta o valor da conta corrente do funcionário no dia de recebimento original.

Há uma taxa cobrada do funcionário pela antecipação, com valor ainda sendo definida pela Xerpa. “Mas não queremos que seja uma taxa mais cara do que um café. Nosso objetivo é ser uma alternativa mais justa em relação às taxas cobradas pelo cheque especial”, afirma Reise. Em abril deste ano, o cheque especial chegou a cobrar 16,24% de juros.

O serviço está disponível hoje para 50 mil funcionários das centenas de empresas atendidas pela Xerpa. A nova injeção de capital recebida pela Xerpa deverá ajudar a aumentar o número de usuários do Xerpay. O aporte será usado para melhorar a coleta de dados, as integrações com parceiros e os produtos da Xerpa. A startup possui 60 funcionários e pretende chegar a 100 nos próximos 12 meses.

Equipe da Xerpa

Equipe da Xerpa (Xerpa/Divulgação)

Antes do aporte de 16 milhões de reais, a Xerpa já havia obtido 5,7 milhões de reais em investimentos anteriores, feitos por fundos como o próprio Redpoint e.ventures. Outro fundo que investiu desde o começo na startup foi o KaszeK Ventures, um dos líderes da rodada de captação deste mês e que já investiu em outras startups de benefícios corporativos, como Cuidas, GOIntegro e Gympass.

Encontramos empreendedor incríveis e, ao mesmo tempo, funcionários de recursos humanos focados em processos burocráticos no lugar de melhorar a vida de seus colegas de trabalho. Adoramos a tese original, de ser a plataforma de tecnologia para o RH”, afirma Nico Berman, sócio do fundo de investimentos. “O Xerpay é especialmente importante no Brasil pela nossas taxas de juros e por ser algo que a empresa não conseguiria administrar sozinha.”

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