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Corrida maluca: apps prometem delivery de comida em até 10 minutos

Em Nova York e Londres, apps com nomes como Gorillas, Getir e Gopuff querem entregar itens básicos de mercearia em questão de minutos. Vai dar certo?

(TOBIAS SCHWARZ/AFP/Getty Images)
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Leo Branco

Publicado em 6 de agosto de 2021 às 06h00.

Última atualização em 6 de agosto de 2021 às 09h01.

-(TOBIAS SCHWARZ/AFP/Getty Images)

Por Alex Webb, da Bloomberg Businessweek

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Em Nova York, Londres e outras grandes cidades, uma nova geração de serviços de entrega, com nomes como Gorillas, Getir e Gopuff está prometendo entregar itens básicos de mercearia, como bananas, cerveja em lata, Doritos e outros, na sua casa em apenas 10 minutos.

Para capitalistas de risco, que buscam oportunidades de negócios que podem se beneficiar dos lockdowns, essas entregas ultrarrápidas de mercearia são uma óbvia alternativa.

Somente em 2021, investidores injetaram US$ 3 bilhões em 13 dessas startups—um aumento de oito vezes em dinheiro em relação ao ano anterior, de acordo com pesquisa da PitchBook Data. A avaliação da Getir de US $ 7,6 bilhões, em julho significa que a empresa vale mais do que a Macy's ou a Nordstrom.

Mas será que essas empresas, muitas das quais com menos de dois anos, podem ter lucro de forma sustentável? Em busca de uma resposta, Giles Thorne, analista de ações do grupo Jefferies Financial, em Londres, e sua equipe passaram uma semana sentados do lado de fora de uma “dark store” operada pela Getir.

Ao contrário de um serviço de entrega como o Instacart, que envia seus mensageiros para um supermercado mais próximo, as entregas rápidas de mantimentos vêm de locais onde as próprias startups operam, ou seja, geralmente de pequenos armazéns localizados longe dos altos aluguéis dos bairros mais caros.

Thorne, que trabalhou como entregador da Uber Eats para entender melhor esse negócio, contou quantos mensageiros entravam e saíam ao longo de uma semana. Apenas seis meses após a abertura em Londres, a Getir era muito mais popular do que ele esperava, com uma média de cerca de 340 pedidos por dia a partir de um único local.

Isso o levou a estimar que cada loja poderia, de maneira conservadora, faturar de € 3 milhões a € 5 milhões (US$ 3.6 milhões a US$ 6 milhões) em vendas anuais. Como o aluguel é mais barato e cada loja atende a uma área mais ampla do que a clássica mercearia de bairro, as dark stores podem ser ainda mais lucrativas.

Thorne prevê que eles poderão desfrutar de um lucro efetivo que representa de 5% a 10% das vendas. Isso seria um verdadeiro desafio para as lojas de conveniência, cujas margens de lucro costumam ser entre 2% e 4%.

Obviamente, há um problema. Esses números pressupõem uma trajetória constante de crescimento. Conforme as pessoas voltarem aos escritórios e fábricas, poderão fazer menos pedidos online. Além do mais, o nível atual de competição é insustentável.

Só em Londres há uma dúzia de empresas de entrega rápida que investem pesadamente em marketing. E as grandes redes de supermercados, cujas economias de escala significam que podem cobrar menos pelos produtos alimentícios, estão lançando seus próprios sistemas concorrentes de entregas.

Se todos eles decidirem que a entrega ultrarrápida é um negócio atraente, a guerra de preços que se seguirá prejudicará rapidamente as perspectivas do setor.

Tudo isso também aponta para uma mudança no investimento de risco. A tendência para as plataformas de consumo como a Uber ou a Airbnb já acabou. Essas empresas têm despesas baixas e conectam pessoas a serviços em troca de uma comissão.

Com muito dinheiro, os capitalistas de risco estão cada vez mais olhando para negócios de capital intensivo. Todo esse dinheiro pode estar prestes a engolir o seu comércio de esquina local.

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