Apenas 18% das PMEs conseguiram crédito na pandemia
Pesquisa do Sebrae com a FGV mostra um aumento no número de empresas que tiveram sucesso na busca por empréstimos, mas ainda em ritmo aquém do esperado
Carolina Ingizza
Publicado em 16 de julho de 2020 às 10h16.
Última atualização em 16 de julho de 2020 às 10h58.
Por causa da crise econômica e do aumento de exigências dos bancos para empréstimos às pequenas e médias empresas (PMEs), muitos empreendedores tentaram levantar capital e não conseguiram nos últimos meses. Segundo uma pesquisa do Sebrae, em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV), 45% das empresas de micro, pequeno e médio porte tentaram empréstimos para manter os negócios funcionando. No entanto, apenas 18% conseguiram, de fato, a grana.
Na pesquisa anterior, do mês passado, a taxa de sucesso foi de 16%. O aumento na proporção indica uma melhora no cenário, mas, segundo o Sebrae, em um ritmo abaixo do esperado para atender a demanda.
A Caixa (47%) foi o banco mais procurado pelas pequenas empresas, seguida pelo Banco do Brasil (25%), Itaú (21%), Santander (19%), Bradesco (18%) e Sicoob (9%). Em contrapartida, os bancos em que elas obtiveram maior taxa de sucesso foram Banpará (39%), Sicoob (20%), Banco do Nordeste (17%), Sicredi (17%), BRB (13%), Caixa (11%) e Bradesco (10%).
Entre os principais motivos para a recusa dos bancos está a negativação; sendo o CPF com restrição a principal razão pela não obtenção de crédito entre os MEI e a negativação no CADIN/Serasa, no caso das ME e EPP.
Juntas, as MPEs representam 96,6% dos negócios e contribuem para cerca de 30% do produto interno bruto (PIB) brasileiro. Além disso, elas são responsáveis pela maioria (52%) dos empregos formais. Em 2019, enquanto as médias e grandes empresas fecharam 88.000 postos de trabalho, as micro e pequenas empresas abriram 731.000 vagas, de acordo com uma análise do Sebrae feita com base em dados do Ministério da Economia.
Segundo Carlos Melles, presidente do Sebrae, considerando a participação das micro e pequenas empresas no PIB brasileiro, seria necessário cerca de 200 a 250 bilhões de reais em crédito para apoiar o setor durante a crise. “Isso considerando que quase metade delas não procura crédito”, diz o presidente.
A pesquisa também mostra que 59% das MPEs precisaram mudar a forma de funcionamento do negócio por causa da crise. No total, 84% dessas empresas tiveram uma redução no faturamento mensal por causa da pandemia. Outras 4% precisaram fechar de vez. Os setores mais afetados são turismo, economia criativa (eventos, entretenimento), academias e atividades físicas e educação.
A curto prazo, para acelerar a concessão de crédito, iniciativas tentam aumentar o limite do Programa de Apoio às Empresas de Porte Pequeno (Pronampe). O programa teve alta procura e o limite de 15,9 bilhões de reais foi quase atingido em poucos dias. Foram 11,3 bilhões concedidos até a última sexta-feira, 10.
Na última quarta-feira, 15, o Senado Federal aprovou com alterações, a Medida Provisória (MP) 944, que disponibiliza financiamento para pagamento de salários de pequenas e médias empresas. O senador Omar Aziz (PSD-AM), relator do projeto, cortou pela metade os recursos para essa linha. Dos 34 bilhões de recursos do Tesouro Nacional inicialmente previstos, 12 bilhões foram remanejados para o Pronampe.
“Está todo mundo convencido de que a retomada passa pela micro e pequena empresa”, diz Melles, do Sebrae.
Chamada"O impacto da pandemia de coronavírus nos pequenos negócios", a pesquisa do Sebrae e da FGV está na quinta edição. O levantamento foi realizado entre os dias 26 e 30 de junho.