Exame Logo

Aluguel mesmo sem inquilino? Housi lança plataforma de gestão de imóveis

Na nova plataforma Housi iRent, o locatário recebe um valor fixo por mês da startup, independentemente do seu imóvel ter sido alugado ou não

Alexandre Frankel, presidente da Housi: a empresa assume a responsabilidade de gestão e locação da propriedade dos clientes (Housi/Divulgação)
CI

Carolina Ingizza

Publicado em 7 de abril de 2020 às 06h00.

Última atualização em 7 de abril de 2020 às 14h21.

A startup Housi , que nasceu como um braço da incorporadora Vitacon , lança em abril uma nova plataforma de gestão de locação de imóveis no Brasil, a Housi IRent. No novo modelo, a empresa garante ao locador um valor fixo mensal pelo imóvel, ainda que ele não esteja alugado. “O IRent concede ao proprietário do imóvel uma previsibilidade e segurança total. Ele não vai ter despesa nem oscilação”, afirma Alexandre Frankel, presidente da Housi.

A empresa acredita no conceito de moradia como serviço. Quando assume a gestão de uma propriedade, a Housi garante desde a decoração adequada até a limpeza constante do espaço: o novo morador não precisa se preocupar com nada. É possível alugar o imóvel por períodos curtos, com menos de 30 dias, ou por longas estadias, de meses.

Veja também

Até então, a Housi cobrava uma taxa administrativa sobre o valor final do aluguel , e o proprietário do imóvel só recebia quando a propriedade fosse alugada. Com o IRent, o locador ganha estabilidade. A partir de um cadastro no site, a empresa avalia o imóvel e faz, em até 48 horas, uma proposta de valor fixo de aluguel. Se o proprietário aceitar, passa a receber a quantia mensalmente, mesmo antes do imóvel estar ocupado.

"O serviço foi criado para suprir a necessidade de proprietários que, em geral, ficam com seu empreendimento vago por um período de três a quatro meses, média da taxa de vacância no Brasil”, diz Frankel. A startup se encarrega de divulgar a casa ou apartamento em suas plataformas próprias de locação ou em sites de aluguel, como Zap, Imóvel Web, Airbnb e Booking.com.

Para a startup, assumir o risco do aluguel do imóvel compensa pela diferença conseguida entre o valor pago ao proprietário e o cobrado do inquilino. Como a empresa adiciona uma camada de serviço ao aluguel, garantindo limpeza e internet, consegue até 50% mais de rentabilidade que as locações tradicionais. “Funciona pela questão de escala, é um ganha ganha. O proprietário fica seguro, e o usuário tem um serviço melhor”, afirma Frankel.

As operações da Housi IRent começam este mês em 24 bairros da capital paulista: Jardins, Bela Vista, Centro, Aclimação, Moema, Vila Mariana, Vila Clementino, Itaim Bibi, Vila Olímpia, Brooklin, Cidade das Monções, Chácara Santo Antônio, Campo Belo, Morumbi, Vila Andrade, Perdizes, Pinheiros, Barra Funda, Butantã, Higienópolis, Bom Retiro, Consolação, República e Santa Cecília.

Para o consumidor final, que busca um espaço para alugar, a dinâmica não mudou: os aluguéis são fechados na plataforma da startup, mediante pagamento por cartão de crédito. Além da infraestrutura interna do imóvel, os moradores podem usufruir de parcerias com aplicativos como iFood, Grow, Lev, Singu e Turbi. Desde que foi criada, em 2019, a startup já teve mais de 9.000 locações e 20.000 usuários.

Lançamento em meio à crise

Estruturado antes da pandemia de coronavírus , o novo lançamento da Housi veio em boa hora. Na visão de Frankel, a crise causada pela doença pode deixar muitos proprietários desassistidos, sem renda e pagando as despesas fixas, como IPTU e condomínio. Do lado dos locatários, a demanda continua — seja de pessoas buscando isolamento ou de quem não pode adiar a mudança.

Até agora, na primeira semana de abril, a Housi sentiu uma queda de 20% no número de locações de curta temporada. Nos aluguéis de longa permanência, acima de três meses, a empresa fiz não ter percebido nenhuma alteração até então. “Aluguel é um item de primeira necessidade, as pessoas tem intuito de manter”, afirma Frankel.

De acordo com o presidente, a tendência é que o aluguel ganhe força nos próximos meses, já que as pessoas estariam com a confiança abalada para comprar um imóvel. Na outra ponta, os investidores que perderam capital na bolsa poderiam optar por investimentos mais estáveis no mercado mobiliário.

Frankel já defendia que o futuro da moradia era o aluguel. Ele acredita que o setor de imóveis viverá uma migração gradativa da aquisição ao aluguel, como aconteceu com o segmento de automóveis com a chegada de aplicativos como Uber e 99. Em 2019, ele anunciou que a Vitacon disponibilizaria seus imóveis somente para investidores a partir de 2020.

Para ele, o coronavírus só acentua uma tendência já mapeada. “A crise vai impactar na forma com que as pessoas vivem, muita coisa vai ser acelerada, novos hábitos e formatos mais eficientes virão, como a proposta de moradia como serviço ou o trabalho remoto”, diz.

Em termos de negócios, a pandemia postergou algumas conversas iniciadas sobre captação de recursos no mercado. Apesar disso, a empresa está em um momento bom. No começo de março, a Housi lançou seu fundo imobiliário na bolsa de valores, com um valor total de oferta de 57 milhões. No final de 2019, a startup levantou também 50 milhões de reais em um aporte liderado pela gestora de venture capital Redpoint eventures (Rappi, Creditas).

O novo lançamento, feito em um momento econômico delicado para o país, vai testar as estruturas da startup, enquanto tenta trazer comodidade para proprietários e consumidores.

 

Acompanhe tudo sobre:aluguel-de-imoveisImóveisStartups

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de PME

Mais na Exame