EXAME Agro

Agritech TerraMagna recebe aporte de R$ 220 milhões do SoftBank

Startup fundada por engenheiros formados no ITA desenvolveu um modelo mais eficiente de concessão de crédito comercial por distribuidores de insumos para produtores

Rodrigo Marques (à esquerda) e Bernardo Fabiani, cofundadores da agritech TerraMagna | Foto: TerraMagna/Divulgação (TerraMagna/Divulgação)

Rodrigo Marques (à esquerda) e Bernardo Fabiani, cofundadores da agritech TerraMagna | Foto: TerraMagna/Divulgação (TerraMagna/Divulgação)

MS

Marcelo Sakate

Publicado em 12 de janeiro de 2022 às 10h44.

Última atualização em 13 de janeiro de 2022 às 09h54.

A agricultura, um dos setores mais relevantes da economia brasileira, tem ficado à margem da onda de investimentos de venture capital em empresas promissoras. Mas isso começa a mudar. A agritech TerraMagna anunciou ao mercado na manhã desta quarta-feira, dia 12, que recebeu um aporte de 40 milhões de dólares (cerca de 220 milhões de reais) em rodada Series A liderada pelo SoftBank, com participação da Shift Capital e da Milenio Capital.

Também entraram na rodada investidores de captações passadas: a empresa havia levantado anteriormente 2,2 milhões de dólares de ONEVC, Maya Capital, Accion Venture Lab, The Yield Lab e Canary.

A TerraMagna foi fundada em 2017 em São José dos Campos, no interior de São Paulo, por engenheiros formados no ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica).

"A rodada é um reconhecimento de um dos maiores fundos de venture capital do mundo para a empresa e para o mercado agro como um todo, uma mensagem de que vale a pena olhar para a agricultura", disse Bernardo Fabiani, CEO e cofundador da TerraMagna, à EXAME.

A startup desenvolveu um modelo de negócios e de inteligência de análise de dados em que fornece crédito comercial de forma mais eficiente a produtores essencialmente de soja, milho e algodão por meio de parcerias com distribuidores de insumos e outros integrantes da cadeia de valor, com foco no relacionamento de longo prazo.

Aqui cabe uma explicação: o produtor agrícola em geral não toma emprestado recursos financeiros, e, sim, recursos na forma de insumos -- fertilizantes, sementes, defensivos agrícolas, maquinário etc. -- para a safra que vai começar.

A TerraMagna encerrou 2021 com uma carteira de crédito equivalente a cerca de 700 milhões de reais, com aumento de mais de dez vezes em relação ao tamanho um ano antes. Com os novos recursos, pretende avançar na digitalização da cadeia de valor do agronegócio com o seu modelo, ou seja, atingir um número maior de etapas e de empresas.

A inovação da TerraMagna vem de sua capacidade de concessão de crédito comercial de maneira mais assertiva por meio da análise da produção e do fluxo de vendas dos produtores e de sua respectiva saúde financeira. A empresa oferece o sistema operacional para distribuidores e indústrias, que conseguem ampliar a eficiência de seus negócios.

Para esses clientes, uma vantagem adicional é que podem se dedicar à sua expertise de vendas, em vez de assumir a análise de crédito e o risco inerente à concessão.

O resultado é que agricultores conseguem fazer compras de insumos de forma mais assertiva, diversificada e a custos mais baixos, enquanto distribuidores e indústrias de insumos impulsionam as vendas com margens que, em alguns casos, chegam a dobrar. O aumento da receita também chega a ser superior em até 20%.

"Não queremos ser mais um financiador na cadeia e brigar por taxas. Nosso produto financeiro é tão conveniente para o distribuidor que passamos a fazer parte dos processos dele: aprovamos, concedemos e cobramos crédito junto com ele", resumiu Fabiani.

A atuação da TerraMagna em todas as etapas aumenta a eficiência do modelo: quanto maior o volume de informações, maior a precisão na definição dos riscos e, portanto, na concessão de crédito.

"A agricultura é um grande mercado no Brasil, mas os pequenos e médios agricultores ainda carecem de financiamento de capital de giro para comprar sementes, fertilizantes e pesticidas. A equipe da TerraMagna desenvolveu uma tecnologia inovadora e um modelo de negócios que lhes permitiu atender este segmento de forma eficiente", disse Felipe Fujiwara, líder de investimentos do SoftBank Latin America Fund.

Sobre o fato de o agronegócio ainda dispor de acesso limitado aos recursos de venture capital, Fabiani aponta para barreiras como a baixa digitalização de produtores, especialmente pequenos e médios, o que dificulta a distribuição de novas soluções; e o fato de que a produção agrícola funciona em ciclos de uma ou duas safras ao ano, o que prejudica uma das práticas consagradas de startups de testar modelos e errar com rapidez para fazer aperfeiçoamentos.

"Se um aplicativo de entregas não funciona direito, o consumidor perde no máximo a compra da vez; se a irrigação ou a aplicação de defensivos ou a entrega de sementes não funciona, o produtor pode perder a fonte do sustento dele de meses ou até do ano inteiro. A margem de manobra para erro é muito menor", afirmou o empreendedor.

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