(Loyalty Miami/Divulgação)
Mariana Fonseca
Publicado em 12 de agosto de 2018 às 08h00.
Última atualização em 14 de agosto de 2018 às 13h39.
São Paulo - Empreender nos Estados Unidos, para muitos, é chance de crescimento profissional próprio - mas, no caso de Daniel Toledo, a futura carreira do filho de poucos anos de idade também falou alto. O advogado especializado em imigração aos Estados Unidos uniu a oportunidade de ficar mais perto da realidade americana com as habilidades de basquete de seu filho. Mudou-se, então, para a cidade de Miami.
A união com sócios locais e a aposta no digital fez seu escritório, chamado Loyalty Miami, crescer. Apenas no primeiro semestre deste ano, a arrecadação para projetos foi de 80 milhões de dólares (na cotação atual, cerca de 309 milhões de reais).
Daniel Toledo comanda o escritório Loyalty Miami, de internacionalização de empresas e pessoas para os Estados Unidos, em 2003. O empreendimento faz desde consultoria até documentação jurídica, reunindo administradores, contadores, economistas e advogados.
Já em casa, o advogado e empreendedor criava o filho, Raphael, e o levava desde quando ele tinha dois anos de idade ao Parque do Ibirapuera para jogar basquete. Um dia, um jogador profissional comentou que Raphael tinha bastante habilidade para o tamanho dele.
O pai começou a buscar times e treinadores, mas todos recusaram avaliar o menino por conta da idade. É uma situação diferente da que Toledo via nos Estados Unidos, onde o esporte é uma preocupação desde cedo.
Como o advogado já tinha desde 2005 a matriz da Loyalty movida para Miami, para facilitar os serviços prestados, e vivia indo e voltando entre Brasil e Estados Unidos, surgiu a ideia de se mudar definitivamente. Após um ano de estruturação da operação brasileira para funcionar sem a presença física do advogado, pai e filho se mudaram para Illinois em 2011, por conta de um segundo mestrado do pai. Na época, Raphael tinha quatro anos e meio de idade.
Em 2013, eles foram para Miami - e nunca mais se mudaram. “Miami possui grandes portos, então boa parte do dinheiro e dos produtos passam por aqui. Não foi só pelo fluxo de brasileiros”, explica Toledo.
De acordo com Toledo, o atendimento da Loyalty aos brasileiros não foi prejudicado com a mudança. A maioria dos atendimentos feitos pelo advogado são possibilitados por Skype, de forma remota e sem grandes custos fixos. Os honorários sempre foram pagos em dólar, então não há efeitos de variação cambial na operação do negócio.
A Loyalty cresceu principalmente nos últimos quatro anos, com a entrada de dois sócios e advogados americanos e a ampliação dos serviços. Há três anos, a Loyalty também passou a investir nas mídias digitais, com 218 mil seguidores no Facebook e 55 mil inscritos no seu canal no YouTube.
Em 2017, o escritório acumulou 40 milhões de dólares sob sua gestão, atendeu mais de 90 brasileiros e abriu filiais em Lisboa (Portugal) e Barcelona (Espanha). “O objetivo da Loyalty é ajudar empresas e pessoas de todo mundo, não só brasileiros”, diz Toledo. O negócio já dobrou sua arrecadação para 80 milhões de dólares neste primeiro semestre de 2018 e pretende triplicar os investimentos em áreas como marketing.
Raphael, hoje com 11 anos de idade, participou de 16 seletivas de clubes nos Estados Unidos para jovens talentos e passou em 14. Após seis meses no campo de treinamento do Miami Heat, passou para a liga júnior do time de basquete Golden State Warriors.
Raphael tem uma rotina regrada: de segunda a sexta-feira, ele fica na escola das 8h às 15h e vai direto para a academia do Warriors, onde faz aulas particulares e com o time até as 19h. Nos finais de semana, treina das 10h30 às 12h45. Além do acompanhamento de uma treinadora e uma nutricionista, Raphael possui um professor particular contratado pelo Warriors caso suas notas escolares caiam.
A rotina do estudante é registrada em seu canal no Youtube, com 19 mil inscritos. Toledo afirma que o objetivo do canal é “mostrar exemplos de crianças que não desistiram de seus sonhos”. Raphael já ganhou algumas medalhas e o plano é concorrer a uma bolsa de estudos no ensino superior americano baseada em méritos esportivos.
“Devo muito aos Estados Unidos pela forma como eu e meu filho fomos recebidos. Não teríamos a mesma oportunidade no Brasil, e devolvemos com nossos investimentos por aqui”, diz Toledo. Em Miami, hoje não é Dia dos Pais - mas a família tem muito a comemorar.
Matéria atualizada às 13h40 do dia 14/08 para alterar informações de arrecadação e faturamento.