5 sinais de que está na hora de demitir um funcionário
Decisão representa custos extras, principalmente para um pequeno negócio, mas pode prejudicar bastante o ambiente de trabalho caso nada seja feito
Marília Almeida
Publicado em 9 de fevereiro de 2017 às 06h00.
Última atualização em 9 de fevereiro de 2017 às 06h00.
São Paulo - Demitir nunca é uma decisão fácil, quem dirá para um pequeno empresário, que talvez nunca tenha mandado um funcionário embora.
A necessidade de se ter uma conversa difícil e dar um feedback sobre o trabalho do empregado também costuma ser mais difícil em empresas de menor porte porque geralmente a relação entre funcionário e gestor é mais próxima, isso quando não envolve amizades e laços familiares. Além disso, os custos de uma demissão pesam mais no negócio.
Mas por outro lado, um funcionário desmotivado ou que cria conflitos no ambiente de trabalho contagia toda a equipe mais facilmente em um ambiente de trabalho enxuto.
Esperar o funcionário pedir demissão como forma de cortar custos não é recomendável. “O empresário está pagando um preço invisível por manter essa pessoa na empresa. Ela contamina a equipe, não atende bem o cliente, não cumpre prazos e isso compromete a imagem do negócio perante os clientes. O prejuízo pode ser bem maior do que arcar com os custos de uma demissão”, dizEsmeralda Queiroz, consultora especializada em gestão de pessoas do Sebrae-SP.
A consultora explica que a demissão não deve ser encarada como uma punição, mas uma consequência das ações do empregado. “A gestão de pessoas deve ser racional, e não feita com o coração”.
Esmeralda também ressalta que mandar um funcionário embora não define se ele é bom ou ruim, mas, sim, se é adequado ou não para a proposta de trabalho. “O funcionário demitido pode não ter funcionado naquela empresa, mas ser brilhante em outra”.
Especialistas ouvidos por EXAME.com apontam quais são os sinais de que chegou a hora de demitir um funcionário:
1) Pouco comprometimento com metas e tarefas do dia a dia
O funcionário chega atrasado e mostra desinteresse tanto por atingir metas como pelas tarefas do dia a dia, e você precisa ficar lembrando sobre as tarefas a serem cumpridas? Chegou a hora de ter uma conversa.
Um empregado desinteressado contagia toda a equipe, diz Esmeralda, do Sebrae-SP. “Se esse funcionário não é cobrado, os colegas podem baixar a qualidade do trabalho. Se o outro não tem punição, porque vão ficar se matando de trabalhar?.”
O trabalho de um líder é manter a régua de avaliação alta, diz Esmeralda. “Se ela cai, é necessário intervir e, se necessário, substituir o empregado”.
Mas antes de pensar na rescisão do contrato, é necessário entender por que o funcionário não está cumprindo metas, diz Fernando Mantovani, diretor geral da consultoria de recursos humanos Robert Half do Brasil. “Será que não está faltando treinamento ou reconhecimento? Só o fato de ser ouvido já pode dar mais entusiasmo ao empregado”.
2) Tem problemas de relacionamento com a equipe
Ainda que o funcionário tenha um bom desempenho e atinja metas, ele entra frequentemente em conflito com o restante da equipe, seja porque é arrogante demais ou semeia discórdia. Será que vale a pena manter esse funcionário?
Para Esmeralda, o preço de manter esse funcionário é alto. “Esse empregado atrapalha o trabalho dos colegas e pode diminuir muito a produtividade do negócio”.
Para Mantovani, problemas em se relacionar pode dilacerar relacionamentos e desmotivar colegas. “Não há muita margem para tolerância neste quesito”.
3) Falta de alinhamento com os valores e cultura da empresa
O empregado bate metas, mas para isso falsifica o resultado da empresa como forma de angariar clientes ou fornecedores, ferindo um valor da empresa, que é a ética.
O exemplo pode nem ir tão longe, diz Mantovani, da Robert Half. “A empresa deixa claro que busca trabalhar sempre em equipe, mas o funcionário atua sozinho, só pensa nele”.
Ir contra valores e cultura da empresa é um tópico importante porque envolve características comportamentais, que não podem ser mudadas da noite para o dia. “Diante disso, o melhor caminho pode ser mesmo a substituição do funcionário. Caso contrário, o restante da equipe pode achar que vale tudo. Isso desmotiva e causa conflitos.”
4) Dificuldade para realizar tarefas do dia a dia
Você ensinou de muitas maneiras diferentes, mas o empregado ainda não consegue realizar aquela tarefa de maneira satisfatória. É hora de pensar em uma substituição.
Caso o funcionário demonstre esforço e dedicação pode ser o caso de deslocá-lo para outra função onde possa ser melhor aproveitado. Caso isso não seja possível, Esmeralda, do Sebrae-SP, aponta que só há um caminho: a demissão.
Dificuldade para realizar tarefas diárias sobrecarrega o restante da equipe e atrapalha o fluxo de trabalho, o que prejudica o negócio. “Essa decisão é bem difícil, ainda mais se o funcionário é uma boa pessoa. Mas uma maneira de ajuda-lo é indicando o seu trabalho em outras empresas nas quais pode se encaixar melhor”, diz a consultora.
5) Não entrega resultados
Um funcionário que não consiga atingir as metas propostas após os primeiros meses de admissão enquanto a equipe consegue atingir esses objetivos pode ser sinal de que é necessário rever a contratação.
Mas antes é necessário se certificar de que todas as opções de treinamento foram oferecidas ao funcionário. “Em tempos bicudos de crise, não dá para segurar um funcionário que não entrega resultados por muito tempo”, diz Esmeralda.
Mantovani, da Robert Half, recomenda que antes de tomar a decisão o gestor reflita se deixou claro para o funcionário quais metas deveriam ser atingidas e em quais prazos. “O ideal é que isso fique claro já na entrevista de admissão”.