10 startups que viraram produtos de sucesso
Para conseguir inovar, grandes empresas agregam as criações de startups ao seu portfólio
Da Redação
Publicado em 4 de julho de 2011 às 06h12.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 16h32.
São Paulo – Ao longo de seus 12 anos de vida, o Google adquiriu mais de 80 startups. E o gigante das buscas não foi o único a ir às compras. Só nos ultimos dois anos, a Microsoft incorporou mais de 15 empresas menores ao seu portfólio. A justificativa é simples: inovar é preciso. Comprar pequenas empresas com tecnologias promissoras em desenvolvimento é um atalho muito utilizado por grandes corporções para driblar a morosidade nos processos internos de inovação. Um exemplo claro disso é o Android. Tido por muitos como uma grande sacada do Google, o software é, na verdade, resultado de uma aquisição. Para se consolidar no mercado de celulares, a empresa de buscas comprou por um valor não revelado a startup Android, que já vinha trabalhando no sistema. Nesta mesma linha, vários outros produtos usados hoje surgiram como startups que, depois de terem sido compradas, passaram a compor o portfólio das grandes empresas. Confira outros exemplos nas próximas páginas.
O Android foi criado em 2003, no Vale do Silício, por Andy Rubin, Rich Miner, Nick Sears e Chris White. A ideia era criar um sistema para celulares que fosse mais inteligente e pudesse entender as necessidades do usuário. Todos os empreendedores já eram experientes no mercado de startups quando fundaram a empresa e, dois anos depois, venderam o negócio ao Google. Rubin, Miner e White permaneceram trabalhando junto ao Google na época da compra. Hoje, mais de 500 mil dispositivos com o software são ativados todos os dias. No ano passado, David Lawee, executivo da gigante de buscas, afirmou que o Android foi o melhor negócio que a empresa já fez. O valor da negociação não foi revelado, mas estima-se que tenha sido por volta de US$ 50 milhões.
Evan Williams e Meg Hourihan criaram a Pyra Labs e cunharam pela primeira vez a palavra blog. A empresa é responsável pelo surgimento do Blogger, criado em 1999. No começo, o modelo era totalmente gratuito e não tinha nem mesmo fonte de receita. Em 2003, o Google fez a oferta para comprar a ferramenta e manteve os fundadores em seu quadro de funcionários. O valor desta negociação também não foi revelado, mas, nos anos seguintes, vários outras startups foram adquiridas para complementar o serviço de blog. Williams deixou a empresa para se dedicar a um novo projeto, que culminou no que conhecemos hoje como Twitter.
O Feedburner foi criado em 2004, por Dick Costolo (atual CEO do Twitter), Eric Lunt, Steve Olechowski e Matt Shobe. A ferramenta funciona como um gerenciador de páginas da web que ajuda o usuário a separar e guardar assuntos do seu interesse. A empresa já havia recebido US$ 8 milhões em investimentos quando recebeu uma proposta de compra do Google. A aquisição aconteceu em junho de 2007 e especula-se que envolveu a quantia de US$ 100 milhões. Nas mãos do Google, algumas opções mais elaboradas passaram a ser oferecidas de graça ao público.
Foi uma startup canadense, a Ludicorp, que criou o Flickr, em 2004. A ferramenta serviria, originalmente, para complementar um game online que também havia sido criado pela empresa. Aos poucos, o Flickr foi ficando mais parecido com o que é hoje - um lugar para armazenar imagens - e despertou a atenção do Yahoo!. Em 2005, a empresa de buscas adquiriu tanto a Ludicorp quanto o Flickr por mais de US$ 35 milhões. Depois da compra, todo o conteúdo do site foi migrado dos servidores canadenses para os americanos. Com isso, o conteúdo passou a ser regulado pelas leis dos Estados Unidos. Para alguns, a grande sacada do Yahoo! em comprar o Flickr estava no fato de todas as imagens conterem tags, o que permitia que elas fossem facilmente buscadas.
A rede social de música foi criada em 10 dias por ex-funcionários da eUniverse, idealizadora do Friendster. Na época, o CEO da eUniverse apoiou a iniciativa e aproveitou os usuários da Frindester para dar fôlego ao novo projeto. Em 2005, dois anos depois de fundada, a empresa foi comprada por US$ 580 milhões pela News Corporation, de Rupert Murdoch. A compra, a princípio, parecia um excelente investimento. Em 2006, com 100 milhões de contas cadastradas, a rede era líder do seu seguimento, posto que manteve por mais dois anos. Em 2008, o MySpace estava avaliado em nada menos que US$ 12 bilhões. Tudo ia muito bem até um certo Mark Zuckerberg entrar em cena e arrebatar a audiência com seu Facebook. Na última semana, a americana News Corporation desistiu de tentar reviver o site e o vendeu à Specific Media em uma operação avaliada em míseros US$ 35 milhões, um pequena fração do preço que pagou pela ferramenta.
Por mais curioso que pareça, em 1997, uma startup de Steve Jobs foi comprada pela Apple. Depois de ser "demitido" da empresa que ajudou a fundar, Jobs criou, em 1985, a NeXT, que produzia computadores em Redwood City, na Califórnia. O que realmente chamou atenção do mercado foi o sistema operacional embarcado nos computadores vendidos pela startup. Em 1997, a Apple pagou mais de US$ 420 milhões em troca da NeXT. Boa parte do que é hoje o sistema operacional OS X veio da tecnologia da startup. Quase todo o dinheiro foi para os investidores da empresa e Jobs levou sua parte em ações. De quebra, o negócio responsável também por trazer Jobs de volta à Apple.
O programa organizador de fotografias Picasa surgiu dentro de uma incubadora de empresas na Califórnia. A Idealab cria, apoia e investe em empresas desde 1996. O Picasa foi criado em 2002 e o principal objetivo era permitir que os usuários compartilhassem e armazenassem fotos. Em julho de 2004, o Google anunciou a aquisição da startup e passou a oferecer o download gratuito do aplicativo. O valor da transação não foi divulgado. A compra do Picasa foi uma estratégia do Google, à época, para fazer frente ao Yahoo! e o MSN.com, que estavam acrescentando serviços de imagens às suas páginas.
Apesar de hoje ter lugar cativo no pacote Office, o Power Point nem sempre fez parte desta seleção. O programa veio da Forethought, uma startup criada em 1983. A versão original, criada por Dennis Austin e Thomas Rudkin, foi pensada para os computadores da Apple e chamava-se Presenter. Com problemas para registrar a marca, os fundadores trocaram o nome para PowerPoint. Em pouco tempo, o programa se tornou um sucesso e chamou atenção dos concorrentes. Em 1987, a Microsoft comprou a Forethought e o PowerPoint por US$ 14 milhões. A primeira versão do programa compatível com o sistema operacional de Bill Gates chegou ao mercado apenas em 1990. O PowerPoint passou então a fazer parte do pacote de produtividade da Microsoft. Atualmente, a empresa de Bill Gates vende uma cópia do conjunto de aplicativos a cada segundo.
Fundado por três empreendedores, o Skype foi liberado para o público pela primeira vez em 2003. Dois anos depois, o eBay adquiriu a startup por mais de US$ 2,5 bilhões e, no ano seguinte, já havia 100 milhões de pessoas usando a ferramenta para se comunicar. Em pouco tempo, a relação entre os executivos das duas empresas foi se esgotando e o eBay chegou a diminuir o valor do Skype. Em maio deste ano, a Microsoft adquiriu a ferramenta por US$ 8,5 bilhões. Foi a maior aquisição já feita pela empresa de Bill Gates. A dúvida geral, agora, é o que pode acontecer com o Skype nas mãos da Microsoft.
Mais uma aquisição do Google - sim, o gigante das buscas é craque em arrematar negócios promissores -, o Youtube foi criado por Chad Hurley, Steve Chen e Jawed Karim, três antigos funcionários do PayPal, em 2005. A real situação que deu origem à empresa é um mistério. Hurley e Chen garantem que a ideia surgiu depois de uma festa, quando os dois tiveram dificuldade de compartilhar imagens em vídeo. Hurley não estava na festa e nega essa versão. O fato é que o site foi comprado pelo Google por US$ 1,65 bilhão, em 2006. Antes, havia recebido US$ 11,5 milhões em investimento da Sequoia Capital. Quando o gigante de buscas anunciou a compra, muitos especialistas classificaram como uma jogada de risco, já que o YouTube tinha diversos problemas com direito autorais. Em uma negociação bem estruturada, o Google conseguiu reverter esse risco e fatura hoje mais de US$ 1 bilhão, com os mais de 35 horas de vídeo exibidas a cada minuto.