WEG cresce em energia solar e prevê expandir negócio para o exterior
Com bons resultados no Brasil, fabricante catarinense planeja explorar mercados não desenvolvidos na área e já tem negócios na Argentina
Reuters
Publicado em 27 de abril de 2018 às 16h35.
A fabricante catarinense de equipamentos elétricos WEG tem visto crescerem rapidamente seus negócios em energia solar , como a produção de inversores e serviços de instalação de usinas e sistemas de geração de menor porte, o que já leva a empresa a buscar expandir a operação para outros países onde atua, como a Argentina, disse à Reuters um executivo da companhia.
A empresa tem conseguido aproveitar um momento de elevados investimentos em geração solar no Brasil, que ultrapassou recentemente a marca de 1 gigawatt em capacidade da fonte em operação, um patamar alcançado apenas por um grupo de cerca de 30 países no mundo.
Com um dos melhores potenciais globais para a tecnologia, o Brasil realizou seu primeiro leilão exclusivo para contratar usinas solares só em 2014, mas desde então a fonte tem ganho espaço tanto em licitações públicas para novos projetos de energia quanto em aplicações menores, como sistemas de painéis fotovoltaicos em telhados de comércios e residências.
"A gente está realmente se destacando no crescimento, mas alinhado também com o mercado, porque a energia solar está tendo um 'boom' grande hoje no Brasil. Por termos entrado cedo no negócio, quando o mercado ainda estava germinando, estamos com um crescimento bem expressivo", disse à Reuters o gerente de Vendas da WEG, Harry Schmelzer Neto.
A empresa colocou o desempenho do negócio de geração solar em destaque no balanço do primeiro trimestre --as atividades de geração, transmissão e distribuição de energia (GTD), na qual está inserida a solar, respondem por cerca de 31,5 por cento da receita líquida da companhia.
Somente o faturamento com essas instalações de pequeno porte, conhecidas como geração distribuída, aumentou três vezes desde 2016. Neste ano, a previsão é de alta de 50 por cento no faturamento do segmento frente ao ano anterior, segundo Neto.
"Já estamos com uma parcela nos negócios da WEG que está chamando atenção no grupo. Mas cada vez vamos ganhar mais presença dentro do grupo", afirmou, sem citar números.
Ele disse que a decisão de entrar no segmento veio ainda em 2012, quando a empresa começou a produzir inversores para sistemas de geração solar.
Posteriormente, a companhia ganhou força também como montadora de empreendimentos solares em contratos EPC, em que o projeto é entregue pronto ao cliente.
Desde então, a WEG já forneceu serviços e equipamentos tanto para grandes usinas, viabilizadas nos leilões do governo, quanto para projetos menores e até experimentais, como aplicações flutuantes, no lago de hidrelétricas.
Expansão internacional
Com o sucesso na investida, a WEG agora quer levar seus serviços e produtos em energia solar a outros mercados em que a tecnologia tem potencial para crescer rapidamente nos próximos anos e onde a empresa já tem operações, como a Argentina e outros países emergentes.
"Talvez sejam os próximos mercados para nós em solar. Mercados que ainda estão como o Brasil, não consolidados. Nos EUA seria difícil competir, mas em outros mercados em que a solar está começando e a WEG já tem uma presença forte, talvez ela consiga se destacar e nadar junto com o crescimento do mercado", afirmou Neto.
Ele disse que a empresa já começou a tentar levar a operação para a Argentina, onde fechou neste ano a venda de seus três primeiros sistemas solares.
O modelo de negócios nesses países deverá ser semelhante ao praticado no Brasil, onde para montar usinas e sistemas solares a WEG compra equipamentos principalmente de fornecedores chineses, que são revendidos então para uma rede de integradores credenciados que executa os projetos.
"A gente estava comprando bastante (painel) e começamos a ter um poder de barganha. Começou a ser interessante para nós comprar e distribuir esses 'kits'", explicou o executivo.
Ele afirmou ainda que a WEG chegou a estudar a possibilidade de produzir placas solares no Brasil em meados de 2014, quando o país começava a realizar leilões para usinas da fonte e tentava incentivar fábricas locais de equipamentos.
A possibilidade, no entanto, não está mais no radar da companhia.
"A WEG estudou profundamente... mas a gente entendeu que esse é realmente um negócio de alto volume... fazer uma fábrica só para o mercado brasileiro seria difícil ser competitivo", explicou.
O executivo disse ainda acreditar que o Brasil deverá ter uma expansão exponencial na geração solar principalmente nos próximos cinco anos, com uma popularização também das instalações em telhados, que ficam cada vez mais vantajosas para os consumidores conforme sobem as tarifas de energia no país.