Imagine uma empresa onde 33% dos funcionários fazem algum tipo de trabalho voluntário. Imagine que, nessa mesma organização, cada projeto social apoiado ou desenvolvido seja encarado como um negócio que deve dar como resultado a melhoria da qualidade de vida de várias comunidades. Assim funciona o projeto de voluntariado da Serasa, empresa de informações para o mercado financeiro, com sede em São Paulo. Os 613 voluntários da companhia se organizam em times de trabalho. Eles planejam e gerenciam projetos em 52 instituições filantrópicas cadastradas, espalhadas por 41 cidades brasileiras, que beneficiam cerca de 3,5 mil pessoas. Cada grupo tem uma liderança e um nome. Gente que Faz, em Aracaju, Sergipe. Muxirum Solidário, em Cuiabá, no Mato Grosso. Voluntários da Consciência, na gaúcha Porto Alegre. Acreditamos que fazer doações não é suficiente. É preciso ter envolvimento pessoal , diz Elcio Anibal de Lucca, presidente da Serasa.

O trabalho de voluntariado da empresa busca, fundamentalmente, a profissionalização da solidariedade. Os voluntários participam de cursos de formação e de encontros periódicos para treinamento. Uma vez por ano, é realizado um seminário para avaliação dos resultados. Nesse evento, a grande pergunta a ser respondida é: o grupo conseguiu fazer com que as entidades se transformassem em organizações auto-sustentáveis?

Para nós, a ajuda dos voluntários da Serasa não tem preço , diz Claudete Sciacco, funcionária da Creche Isabel, instituição localizada na Vila Matilde, zona leste de São Paulo, que atende 60 crianças de zero a 5 anos. Os 12 voluntários do time Ser Amigos, responsável pela creche, organizam a busca de recursos e prestam serviços de apoio. A participação mais significativa fica por conta do desenvolvimento de projetos para a criação de eventos. Quermesses, almoços beneficentes e jantares com bingos, por exemplo, foram incluídos no calendário da entidade para sistematizar a arrecadação de fundos. Contamos com profissionais das mais diversas áreas, a maioria com curso superior e boa vontade para trabalhar , diz Maria Marin, gerente de compras da Serasa e, desde 1997, voluntária da Creche Isabel. Pedagoga e administradora de empresas, ela reserva de quatro a cinco horas por semana para o trabalho voluntário. Visão gerencial é o que de melhor podemos oferecer a essas entidades , diz ela.