Negócios

Venda de ações da Telefônica significa mais aquições

Vendendo as ações, companhia deixará sua dívida estável e poderá tomar dinheiro emprestado para adquirir mais ativos


	Loja da Vivo, em Brasília: dívida líquida da divisão brasileira ficará estável em cerca de 0,3% os lucros
 (Adriano Machado/Bloomberg)

Loja da Vivo, em Brasília: dívida líquida da divisão brasileira ficará estável em cerca de 0,3% os lucros (Adriano Machado/Bloomberg)

DR

Da Redação

Publicado em 2 de setembro de 2014 às 17h17.

O plano da Telefónica para venda de ações em sua unidade brasileira para financiar o grosso da aquisição de 7,45 bilhões de euros (US$ 9,8 bilhões) da provedora de banda larga GVT mantém as opções de financiamento da operadora espanhola abertas para mais acordos.

Vendendo novas ações da Telefônica Brasil para financiar a fatia de 4,66 bilhões de euros em dinheiro da transação, a Telefónica deixará a dívida líquida da divisão brasileira estável em cerca de 0,3 vezes os lucros, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Neste nível, a Telefônica Brasil pode tomar dinheiro emprestado para adquirir mais ativos, disse Walt Piecyk, analista da BTIG LLC em Nova York.

O acordo da Vivendi, na semana passada, para entrar em negociações exclusivas para venda da GVT à Telefónica pode acelerar a consolidação, pois as quatro operadoras de telefonia celular do Brasil tentam lidar com o crescimento lento e com a pressão do governo por um maior investimento em infraestrutura.

A Oi, a operadora de telefonia celular número 4 do país, está trabalhando com o Banco BTG Pactual para convencer a Telefónica e a América Móvil, de Carlos Slim, a unirem-se em uma oferta composta em sua maioria por dinheiro pela TIM Participações, que é controlada pela Telecom Italia.

“O uso de ações para financiar esse negócio é uma clara indicação de que a Telefónica está preparada para participar de qualquer venda na TIM”, disse Piecyk.

Se a Telefónica, a América Móvil e a Oi fizerem uma proposta de R$ 40 bilhões (US$ 17,8 bilhões) pela TIM -- montante 31 por cento acima de seu atual valor de mercado --, a fatia da Telefónica na aquisição custaria R$ 13,3 bilhões, disse Paul Marsch, analista do Berenberg Bank.

A unidade brasileira da Telefónica pode tomar emprestados cerca de R$ 4,1 bilhões e elevar sua alavancagem para 2,3 vezes os lucros, e então vender ações para cobrir o restante, disse Marsch.

‘Melhor rede’

“Nós temos a melhor rede de telefonia celular do Brasil”, disse o presidente do conselho e CEO da Telefónica, Cesar Alierta, em uma conferência, ontem, em Santander, Espanha.

“É importante que os governos tenham consciência da importância do digital. No Brasil, a presidente tem essa consciência”.

Representantes da Oi e da TIM preferiram não comentar.

Ao escolher a Telefónica nas negociações pela GVT, a Vivendi rejeitou uma oferta rival de 7 bilhões de euros da Telecom Italia - a endividada acionista controladora da TIM.

A Telecom Italia disse na semana passada que continua comprometida com a TIM e que continuará investindo na unidade.

A empresa com sede em Milão está enfrentando dificuldades com suas dívidas e perdeu seus ratings de crédito de grau de investimento no ano passado.

Sua dívida líquida, de cerca de 30 bilhões de euros no final de junho, é de cerca de 3,6 vezes os lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização nos quatro trimestres anteriores, contra 2,6 vezes da Telefónica, que tem sede em Madri.

A dívida da TIM é de 0,2 vezes os lucros.

‘Mais vulnerável’

“A TI agora tem maior probabilidade de vender a TIM Brasil”, disse Roger Appleyard, analista de crédito da RBC Capital Markets, em uma nota, na semana passada.

“A empresa está mais vulnerável agora e é, essencialmente, o único player que resta apenas de telefonia celular contra três competidores fortes tanto em linha fixa quanto em telefonia celular”.

O restante da transação de 7,45 bilhões de euros da Telefónica para comprar a GVT consistirá em novas ações da Telefônica Brasil. A empresa-mãe também venderia novas ações por si só para poder participar da venda de ações da unidade brasileira, mantendo sua participação.

A Telefónica precisaria comprar R$ 6,5 bilhões em ações para manter sua participação de 74 por cento na unidade brasileira, segundo Marsch, do Berenberg.

Financiar essa parte da transação pode ser mais difícil, pois a empresa espanhola não tem muito espaço para levantar mais dívidas, disse Marsch.

Bonds híbridos?

Para financiar o negócio sem piorar seu perfil de crédito significativamente, a Telefónica pode usar bonds híbridos, fluxo de caixa livre e a venda de outros ativos, como sua participação na China Unicom, disse Appleyard, da RBC.

Um acordo pela TIM exigiria pelo menos nove meses de aprovação regulatória, dando à Telefónica tempo para acumular mais dinheiro proveniente das operações, disse ele.

A Standard Poor’s manteve inalterado seu rating de grau de investimento para a Telefónica depois que a empresa realizou uma proposta inicial pela GVT em agosto, pontuando que nenhuma dívida estava envolvida naquela oferta.

A S&P não respondeu a um pedido de comentário enviado por e-mail.

Acompanhe tudo sobre:3GDívidas empresariaisEmpresasEmpresas abertasEmpresas espanholasEmpresas francesasEstratégiaFusões e Aquisiçõesgestao-de-negociosGVTOperadoras de celularServiçosTelecomunicaçõesTelefônicaVivo

Mais de Negócios

COP29: Lojas Renner S.A. apresenta caminhos para uma moda mais sustentável em conferência da ONU

Ele quase devolveu o dinheiro aos investidores, mas conseguiu criar um negócio que vale US$ 100 mi

Com chocolate artesanal amazônico, empreendedora cria rede de empoderamento feminino

Na maior Black Friday da Casas Bahia, R$ 1 bilhão em crédito para o cliente