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Vazamento revela segredos de financiamento no futebol

Documentos de uma das maiores empresas com milhões em investimento em futuros jogadores de futebol estão fornecendo um vislumbre da prática de financiamento

Bola de futebol no gol: empresa investiu 25,6 milhões de euros (US$ 27,2 milhões) nos direitos comerciais de sete jogadores, incluindo alguns dos mais caros do esporte (Thinkstock)
DR

Da Redação

Publicado em 24 de novembro de 2015 às 19h39.

Documentos que vazaram de uma das maiores empresas com milhões em investimento em futuros jogadores de futebol estão fornecendo um vislumbre de uma sigilosa – e agora banida – prática de financiamento do esporte global.

Invisíveis até mesmo para os fãs mais ávidos de futebol, Doyen Sports Investments e outras empresas como ela se tornaram uma fonte crucial de financiamento para clubes de futebol muitas vezes carentes de caixa.

Esses investidores pagam às equipes os direitos comerciais para selecionar jogadores, apostando que o valor comercial do jogador irá subir. Se isso acontece, a Doyen terá lucro quando o jogador mudar de uma equipe para outra.

Um porta-voz da empresa verificou que os documentos, divulgados por Football_Leaks.com, eram reais, mas não quis comentar.

Negócios mais ricos do futebol

As contas no segundo semestre de 2011 revelam que a empresa se envolveu em algumas das negociações mais caras do futebol e conseguiu um lucro considerável.

A empresa investiu 25,6 milhões de euros (US$ 27,2 milhões) nos direitos comerciais de sete jogadores, incluindo alguns dos mais caros do esporte.

A Doyen gastou 10 milhões de euros em uma participação de 33,3 por cento nos direitos comerciais do atacante colombiano Radamel Falcao. Quando ele foi negociado dois anos mais tarde, a empresa conseguiu 4 milhões de euros de lucro.

Os documentos também mostram que a empresa pagou 6 milhões de euros em agosto de 2012 pelos direitos globais de patrocínio de Neymar, atacante do Barcelona e do Brasil, um dos jogadores de futebol mais famosos do mundo.

Ela também emprestou 6,9 milhões de euros a duas equipas espanholas, o Atlético de Madrid e o Sporting de Gijón.

A FIFA, o órgão regulador do futebol mundial, proibiu no ano passado que investidores comprassem participações em futuros direitos de negociação de jogadores, a maior parte dos negócios da Doyen.

A prática – chamada de propriedade de terceiros – começou na América do Sul e se espalhou por grande parte da Europa, levantando preocupações sobre a influência dos investidores no esporte. A Doyen contestou essa proibição nos tribunais.

Laços com Malta

Os documentos revelam também que a fonte de financiamento da empresa são duas entidades que compartilham um endereço com a Doyen Sports em Ta’Xbiex, uma pequena cidade em Malta.

Uma das empresas, a Benington Group Assets Limited, tem um único acionista, Malik Ali, um cidadão turco em seus 30 anos. Ali, que emprestou mais de 54 milhões de euros à Doyen, de acordo com um dos documentos, também é dono de todas as ações Classe A da Doyen. Os 20 por cento restantes das ações são ações Classe B, de propriedade de outra entidade de Malta chamada Wood, Gibbins & Partners Limited.

A Doyen Sports é propriedade da Doyen Group, uma empresa com sede em Londres que investe em commodities, construção e nos setores de energia e imobiliário. Ela também é dona da rede de hotéis cinco estrelas Rixos Hotels.

O vazamento ocorre em um momento sensível para a Doyen.

Ela está aguardando o resultado de uma ação judicial no Tribunal de Arbitragem para Esporte, depois que o Sporting Clube de Portugal se recusou a pagar os lucros dos fundos devidos sobre a negociação do defensor argentino Marcos Rojo para o Manchester United. O Sporting afirma que o contrato com a Doyen é abusivo.

O tamanho exato da Doyen é desconhecido, mas o CEO Nélio Lucas disse em 2014 que a empresa gira valores de caixa substanciais, embora continue pequena em comparação com a matriz.

“O grupo é financiado por famílias privadas”, disse ele.

“É muito claro que temos muitos investimentos em muitas coisas. Tantos bilhões em volume de negócios. Então 100 milhões é uma pequena gota no oceano. Agora, 200 milhões, são duas gotas no oceano”.

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Documentos que vazaram de uma das maiores empresas com milhões em investimento em futuros jogadores de futebol estão fornecendo um vislumbre de uma sigilosa – e agora banida – prática de financiamento do esporte global.

Invisíveis até mesmo para os fãs mais ávidos de futebol, Doyen Sports Investments e outras empresas como ela se tornaram uma fonte crucial de financiamento para clubes de futebol muitas vezes carentes de caixa.

Esses investidores pagam às equipes os direitos comerciais para selecionar jogadores, apostando que o valor comercial do jogador irá subir. Se isso acontece, a Doyen terá lucro quando o jogador mudar de uma equipe para outra.

Um porta-voz da empresa verificou que os documentos, divulgados por Football_Leaks.com, eram reais, mas não quis comentar.

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As contas no segundo semestre de 2011 revelam que a empresa se envolveu em algumas das negociações mais caras do futebol e conseguiu um lucro considerável.

A empresa investiu 25,6 milhões de euros (US$ 27,2 milhões) nos direitos comerciais de sete jogadores, incluindo alguns dos mais caros do esporte.

A Doyen gastou 10 milhões de euros em uma participação de 33,3 por cento nos direitos comerciais do atacante colombiano Radamel Falcao. Quando ele foi negociado dois anos mais tarde, a empresa conseguiu 4 milhões de euros de lucro.

Os documentos também mostram que a empresa pagou 6 milhões de euros em agosto de 2012 pelos direitos globais de patrocínio de Neymar, atacante do Barcelona e do Brasil, um dos jogadores de futebol mais famosos do mundo.

Ela também emprestou 6,9 milhões de euros a duas equipas espanholas, o Atlético de Madrid e o Sporting de Gijón.

A FIFA, o órgão regulador do futebol mundial, proibiu no ano passado que investidores comprassem participações em futuros direitos de negociação de jogadores, a maior parte dos negócios da Doyen.

A prática – chamada de propriedade de terceiros – começou na América do Sul e se espalhou por grande parte da Europa, levantando preocupações sobre a influência dos investidores no esporte. A Doyen contestou essa proibição nos tribunais.

Laços com Malta

Os documentos revelam também que a fonte de financiamento da empresa são duas entidades que compartilham um endereço com a Doyen Sports em Ta’Xbiex, uma pequena cidade em Malta.

Uma das empresas, a Benington Group Assets Limited, tem um único acionista, Malik Ali, um cidadão turco em seus 30 anos. Ali, que emprestou mais de 54 milhões de euros à Doyen, de acordo com um dos documentos, também é dono de todas as ações Classe A da Doyen. Os 20 por cento restantes das ações são ações Classe B, de propriedade de outra entidade de Malta chamada Wood, Gibbins & Partners Limited.

A Doyen Sports é propriedade da Doyen Group, uma empresa com sede em Londres que investe em commodities, construção e nos setores de energia e imobiliário. Ela também é dona da rede de hotéis cinco estrelas Rixos Hotels.

O vazamento ocorre em um momento sensível para a Doyen.

Ela está aguardando o resultado de uma ação judicial no Tribunal de Arbitragem para Esporte, depois que o Sporting Clube de Portugal se recusou a pagar os lucros dos fundos devidos sobre a negociação do defensor argentino Marcos Rojo para o Manchester United. O Sporting afirma que o contrato com a Doyen é abusivo.

O tamanho exato da Doyen é desconhecido, mas o CEO Nélio Lucas disse em 2014 que a empresa gira valores de caixa substanciais, embora continue pequena em comparação com a matriz.

“O grupo é financiado por famílias privadas”, disse ele.

“É muito claro que temos muitos investimentos em muitas coisas. Tantos bilhões em volume de negócios. Então 100 milhões é uma pequena gota no oceano. Agora, 200 milhões, são duas gotas no oceano”.

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