Uber acirra briga com Rappi e iFood e chega a supermercados
A Uber acaba de lançar um serviço de compras de supermercado com a Cornershop, startup chilena adquirida em outubro do ano passado
Karin Salomão
Publicado em 7 de julho de 2020 às 09h00.
Última atualização em 7 de julho de 2020 às 17h42.
A Uber Eats, braço de alimentação da empresa de tecnologia Uber , acaba de entrar em um novo segmento: compras de supermercados. O lançamento do novo produto é feito em parceria com a Cornershop, empresa chilena criada há cinco anos e presente em seis países.
A Uber adquiriu uma participação majoritária na Cornershop em outubro do ano passado para expandir sua atuação além do setor de mobilidade e transporte. Essa aquisição deve ser concluída nos próximos dias.
A opção já está disponível para alguns usuários a partir de hoje, 7, e deve ser lançada para todos os consumidores em breve. No Brasil, a parceria com a Uber inclui dois dos três maiores varejistas de supermercado do país, Carrefour e Grupo Big. no Brasil, a Cornershop também permite compras da Varanda, Emporium São Paulo, Gimba e Cobasi - cerca de 20% das vendas são de setores além dos supermercados.
O novo serviço estará disponível tanto no aplicativo da Uber quanto no app Uber Eats.Para comprar, o consumidor escolhe uma varejista parceira do aplicativo e pode navegar por produtos, promoções e destaques e por corredores, com uma experiência mais próxima de passar por um mercado .
"Esses serviços chegaram para ficar", diz Oskar Hjertonsson, fundador e presidente da Cornershop à EXAME. Para o executivo, um dos diferenciais da Cornershop é a retenção dos usuários, métrica essencial quando há tantos competidores no mercado.
O anúncio de hoje ocorre após testes com mais de 9.500 parceiros comerciais, em 30 países em que a Uber Eats está presente, e onde registrou um aumento de 176% nos pedidos de supermercado desde fevereiro A Cornershop chegou no Brasil ainda em 2020 e está presente em 11 cidades: Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Florianópolis, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo, Goiânia e Campinas. O país é o mercado com o crescimento mais acelerado da companhia.
Expansão do mercado
O anúncio acontece logo depois que a empresa de tecnologia comprou uma empresa americana de delivery de alimentos, a Postmates Inc, por 2,65 bilhões de dólares. Essa aquisição deve ajudar a Uber Eats a ganhar forças contra a líder do mercado nos Estados Unidos, DoorDash. Também fortalece a Uber em um momento em que o mercado de delivery, de refeições a itens de mercado, remédios e outros produtos, está em guerra pela atenção e pelo bolso do consumidor.
A Uber, que perdeu 8,5 bilhões de dólares no ano passado, vem sofrendo grandes impactos no seu negócio principal de mobilidade durante a pandemia. Um reforço em sua divisão de delivery, a Uber Eats, será bem-vindo. A Uber Eats ainda é um negócio que ainda consome caixa e apresentou prejuízo de 313 milhões de dólares apenas no último trimestre.
Na América Latina, A Uber Eats cresceu 100% em abril e maio em relação ao mesmo período do ano anterior. "A Uber evoluiu do que costumava ser, uma empresa apenas de mobilidade. Queremos ser o sistema do dia a dia para as pessoas e, na crise atual, é ainda mais importante oferecer novas opções para os clientes", diz Grace Schiodtz, diretora de iniciativas estratégicas da Uber Eats Latam, em entrevista à EXAME.
De acordo com Raj Beri, diretor global de grocery e iniciativas estratégicas, a América Latina é uma das regiões em que o delivery cresce de forma mais acelerada. "Ao olhar para as entregas de mercado, vemos uma grande oportunidade de engajar nossos consumidores. É um negócio complementar ao delivery de refeições", diz o executivo.
Mesmo assim, a empresa deve enfrentar competidores de peso. Os grandes varejistas já tem parceiros para a entrega de compras. O Carrefour é parceiro da Rappi e o Grupo Pão de Açúcar usa a plataforma James Delivery, adquirida em 2018.
Há um ano já é possível fazer compras de mercado pelo iFood e até plataformas de comércio eletrônico mais tradicionais como Magazine Luiza e Mercado Livre investem em vendas de alimentos e bebidas, tendência acelerada com a pandemia do coronavírus.