CVC: sem efeitos extraordinários, a perda seria de 73 milhões de reais no primeiro trimestre (Germano Lüders/Exame)
Karin Salomão
Publicado em 1 de outubro de 2020 às 16h00.
Última atualização em 1 de outubro de 2020 às 16h07.
A maior operadora de turismo do Brasil, CVC, sofreu um prejuízo de 1,15 bilhão de reais no primeiro trimestre, ante resultado positivo de cerca de 50 milhões no mesmo período de 2019. Mesmo assim, afirma que o pior já passou e que fortaleceu seu caixa para a retomada das vendas. "Já sobrevivemos", diz Leonel Andrade, presidente da CVC, em teleconferência com investidores a respeito dos resultados.
A empresa afirmou que excluindo efeitos não recorrentes que incluíram baixa contábil de 637,5 milhões de reais e provisão para perda de créditos fiscais de 302,7 milhões, o resultado dos três primeiros meses do ano teria sido de prejuízo líquido aproximado de 73 milhões de reais.
A baixa contábil referiu-se à "a redução significativa nas operações da companhia e de suas controladas ao longo de 2020 e as incertezas acerca das perspectivas de retomada das atividades do setor de viagens e turismo", afirmou a CVC no balanço. "O desempenho da companhia nos meses de janeiro e fevereiro estava em linha com o cenário projetado para o ano, porém, março chegou e com ele a enorme tempestade causada pela pandemia."
As reservas confirmadas caíram 31% para 3,3 bilhões de reais, as receitas encolheram 38% e o Ebitda ajustado quase desapareceu com queda de 91%, para 13 milhões de reais.
Em relatório sobre o balanço, a KPMG cita "incerteza relevante relacionada com a continuidade operacional" da companhia e que "os planos da companhia consistem substancialmente em realização de aumento de capital e negociação com os debenturistas para repactuação dos vencimentos previstos para 2020". Como consequência, as ações da empresa chegaram a cair 4% e às 15 horas estavam em queda de 3%.
Para aumentar o capital, a CVC levantou 301,7 milhões de reais em um movimento de capitalização. O total disponível em caixa e equivalentes ficou em 606 milhões de reais, ante 365,7 milhões no final do ano passado.
Ainda assim, a empresa tem 634 milhões de reais em dívidas a vencer no quarto trimestre do ano. A CVC antecipou 440 milhões de recebíveis, principalmente de cartões de crédito para se preparar para o impacto e está renegociando suas dívidas com os credores.
Atualmente com 1.200 lojas abertas, a CVC diz que seus franqueados estão otimistas com o retorno, embora veja espaço para fechamento de até 10% das unidades.
Com restrições de viagens internacionais e crise econômica na Argentina, onde fica parte de sua operação, as vendas internacionais estão fracas, assim como as viagens corporativas. Quem está retomando o turismo são as viagens nacionais e domésticas — com vendas atualmente em cerca de 70% do volume total em relação ao ano passado, diz a empresa.
Leia mais sobre a viagem para o futuro da CVC em matéria da revista EXAME.
Andrade, que completa hoje seis meses na liderança da empresa, diz que alguns concorrentes, como pequenas agências, estão mais fragilizados que a CVC nesse momento e que a empresa tende a ganhar mercado. "Mas isso não é motivo para celebrar, não baseamos nossa estratégia em concorrência fragilizada", afirma.
"A empresa está 100% operacional em todas as suas linhas de negócio, não teve nenhum produto ou parceria interrompidos e não teve redução de pessoas ou de negócios que poderiam reduzir sua competitividade", diz o presidente.