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Tesouro de US$ 900 bi da Exxon está em risco após Ucrânia

O sonho da empresa de perfurar no Ártico russo pode encalhar por causa da política no país


	Exxon: a parceria da empresa com a Rosneft será colocada sob análise mais ampla depois que os EUA aplicaram sanções ao CEO Igor Sechin
 (Karen Bleier/AFP)

Exxon: a parceria da empresa com a Rosneft será colocada sob análise mais ampla depois que os EUA aplicaram sanções ao CEO Igor Sechin (Karen Bleier/AFP)

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Da Redação

Publicado em 29 de abril de 2014 às 15h03.

Moscou - O sonho da Exxon Mobil Corp. de perfurar no Ártico russo pode encalhar por causa da política na Ucrânia.

A empresa planeja começar as perfurações em agosto no remoto Mar de Kara, no Ártico, peça central da aliança global da Exxon com a estatal russa OAO Rosneft.

A parceria, que inclui exploração de xisto na Sibéria e campos em joint venture no Texas, será colocada sob análise mais ampla depois que os EUA aplicaram sanções ao CEO da Rosneft, Igor Sechin.

“A sanção a Sechin pode complicar as relações da Rosneft com empresas ocidentais”, disse Mattias Westman, que gerencia US$ 3,3 bilhões em ativos da Rússia como CEO da Prosperity Capital.

“Talvez algumas transações sejam ameaçadas como resultado e talvez a Rússia se oponha e eles tenham um menor interesse por empresas americanas para trabalhar em projetos no Ártico”.

Patrick McGinn, porta-voz do braço de exploração da Exxon, disse em 25 de abril que o projeto no Mar de Kara da empresa estava na programação. Ele preferiu não fazer comentários adicionais depois que os EUA estenderam o alcance das sanções, ontem.

A Rosneft assegura aos seus “acionistas e sócios, incluindo aqueles nos EUA”, que a cooperação não será prejudicada por sanções, disse Sechin, ontem, em um comunicado. “Nossa cooperação não sofrerá”.

Um funcionário do Tesouro dos EUA disse ontem que as empresas americanas ainda podem fazer negócios com a Rosneft.

O poço do Ártico estará entre os mais caros que a Exxon já perfurou, custando pelo menos US$ 600 milhões. O investimento é justificado pelo tamanho do prêmio potencial.

Universitetskaya, a estrutura geológica que está sendo perfurada, é do tamanho da cidade de Moscou e grande o suficiente para conter mais de 9 bilhões de barris, um tesouro no valor de mais de US$ 900 bilhões pelos preços de hoje.


Enormes riscos

“A Exxon está tentando plantar sua bandeira no Ártico, que pode ser um ponto de crescimento futuro na produção global de petróleo”, disse Alexander Nazarov, analista de petróleo e gás da OAO Gazprombank, antes de as sanções serem anunciadas.

“Há enormes riscos: gelo, temperaturas congelantes, temporada limitada de trabalho. Não há garantia de encontrar alguma coisa”.

O poço deste ano é apenas a primeira incursão no Ártico em uma campanha conjunta Exxon-Rosneft programada para durar anos e contar com uma grande parcela do orçamento de exploração da Exxon, de US$ 3 bilhões ao ano.

A empresa dos EUA, que detém 33 por cento das licenças do Ártico, banca os custos da Rosneft por meio da exploração e do desenvolvimento de qualquer descoberta, e irá recuperar o dinheiro uma vez que a produção começar.

A Universitetskaya é apenas uma prospecção em três blocos licenciados que cobrem 127.000 quilômetros quadrados do Oceano Ártico, uma área do tamanho do estado da Pensilvânia. As companhias já identificaram 22 prospecções adicionais na fase inicial de exploração do empreendimento.

West Alfa

A parceria Exxon-Rosneft tem a sonda West Alfa, da Seadrill, sob contrato até o segundo trimestre de 2016 com opção de estender o acordo até 2017, disse Alf Ragnar Lovdal, CEO da North Atlantic Drilling Ltd., uma empresa controlada pela Seadrill, em uma teleconferência em 25 de fevereiro.

A sonda, que a Exxon havia usado anteriormente no Mar do Norte, está sendo reformada na Noruega para o trabalho.

As maiores empresas petrolíferas da Europa, incluindo BP Plc, Royal Dutch Shell Plc e Total SA, têm planos de investimento na Rússia e não mostram sinais de recuo.

O CEO da Shell, Ben van Beurden, se reuniu com Putin no início deste mês em Moscou para discutir a expansão de uma planta de exportação de gás.

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