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Suspeitas ampliam êxodo de investidores da Andrade Gutierrez

Procuradores estão tentando determinar se construtoras como a Andrade Gutierrez pagaram propinas, mas os investidores não querem esperar para descobrir

Andrade Gutierrez: títulos da Andrade estão sendo vendidos por apenas 67 centavos de dólar (Bruno Kelly/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 28 de janeiro de 2015 às 18h11.

São Paulo - Os procuradores da maior investigação de corrupção do Brasil estão tentando determinar se as construtoras do país pagaram propina para conseguir contratos.

Os detentores de bonds da Andrade Gutierrez SA , uma das construtoras envolvidas na investigação, não estão esperando para descobrir.

Os títulos da Andrade da emissão de US$ 500 milhões sofreram seus piores declínios da história neste mês e estão sendo vendidos por apenas 67 centavos de dólar.

Essa situação provocou o maior aumento dos custos dos empréstimos em relação aos títulos do Tesouro dos EUA entre as empresas industriais da América do Sul.

A queda livre começou depois que a Petrobras, a companhia de petróleo controlada pelo Estado, proibiu no dia 29 de dezembro que 23 construtoras, incluindo a Andrade, realizassem ofertas para novos contratos após a ampliação da investigação.

Embora nenhum executivo da Andrade tenha sido indiciado ou preso, a preocupação a respeito de possíveis penalidades está desencadeando o êxodo, segundo a Andbanc Brokerage LLC e o Banco BTG Pactual SA.

“A investigação ainda não acabou e podem surgir provas de corrupção na Andrade Gutierrez”, disse Carlos Gribel, chefe de renda fixa da Andbanc Brokerage, por telefone, de Miami. “Pode haver muito mais pelo caminho”.

O escritório de assessoria de imprensa da Andrade disse em um e-mail que a empresa não se envolveu com os supostos subornos e mencionou a ausência de qualquer acusação direta.

“Nossos executivos nunca participaram de nenhum esquema de favorecimento envolvendo partidos políticos e a Petrobras”, disse a empresa. “Os contratos realizados entre a Construtora AG e a estatal foram conseguidos respeitando todos os processos legais de contratação e as regras de compliance”.

A empresa “está apresentando a devida defesa administrativa à estatal para que a situação seja rapidamente revertida”, disse a empresa em referência à proibição.

Sem envolvimento

Os procuradores estão expandindo a investigação nas empresas que teriam subornado funcionários da Petrobras para ganhar contratos de infraestrutura.

A Petrobras disse no mês passado que o propósito da proibição para as construtoras é proteger sua imagem e suas finanças e ao mesmo tempo dar aos fornecedores o direito de apresentarem suas defesas.

Se alguma evidência de cartel for descoberta, as empresas arcarão com multas de até 20 por cento de sua receita anual e enfrentarão a proibição de empréstimos de bancos públicos e um embargo de cinco anos para a apresentação de ofertas para contratos públicos, segundo a agência antitruste do Brasil.

Embora a Petrobras represente apenas 2,5 por cento da carteira da Andrade, os clientes públicos do Brasil respondem por cerca de 26 por cento dos pedidos que ainda estão para serem entregues, segundo estimativas do BTG Pactual.

Corte no rating

A Moody’s Investors Service reduziu o rating da Andrade de Ba1 para Ba2, dois níveis abaixo do grau de investimento, no dia 21 de janeiro.

A construtora poderá enfrentar “suspensões, reestruturações ou atrasos de pagamentos de acordo com os atuais contratos com a Petrobras ou penalidades financeiras”, disse a agência de classificação.

Os bonds da Andrade Gutierrez com vencimento em 2018 caíram 29 por cento desde 14 de novembro, quando o delegado Igor Romário de Paula disse que a Polícia Federal havia encontrado “fortes evidências” de que pelo menos sete construtoras formaram um cartel para ganhar contratos públicos.

A queda contrasta com o declínio de 4 por cento das empresas brasileiras de forma geral.

Os procuradores estão se preparando para anunciar uma nova rodada de acusações nesta semana, segundo três fontes com conhecimento dos planos. Eles recomendarão que a Justiça apresente acusações criminais de improbidade, disse uma das fontes, sem dar detalhes.

As acusações contra os executivos das empresas construtoras deverão ser anunciadas nesta quarta-feira em Curitiba, disseram as outras duas fontes. As três fontes pediram anonimato porque a informação não é pública.

“No nível atual, os bonds parecem baratos”, escreveu Thomas Tenyi, analista do BTG Pactual, no dia 19 de janeiro em uma nota a clientes. “Um maior risco provocado pelo noticiário torna os investidores cautelosos e impede uma recuperação mais forte no curto prazo”.

São Paulo - Depois de 16 meses de investigações, 36 pessoas que estavam na mira da Operação Lava Jato foram denunciadas pelo Ministério Público Federal. Este, contudo, seria apenas o começo, de acordo com Rodrigo Janot, procurador-geral da República e chefe do MPF. Ao todo, 23 pessoas ligadas às empresas Camargo Corrêa , Engevix, Galvão Engenharia , Mendes Júnior , OAS e UTC também foram denunciadas pela Procuradoria. O MPF estima que 286 milhões de reais tenham sido movimentados no esquema e espera um ressarcimento mínimo de 971,5 milhões de reais.

Se o juiz Sérgio Moro, responsável pelo caso, acatar a denúncia, os 35 envolvidos serão julgados por crime de organização criminosa, lavagem de dinheiro e crime de corrupção. Segundo o relatório divulgado pela Procuradoria, as penas podem chegar a 127 anos de detenção, caso o réu seja considerado culpado pelos crimes de organização criminosa, 3 atos de corrupção e 3 atos de lavagem de dinheiro. A Mendes Júnior, por exemplo, teria acumulado 53 atos de corrupção. Veja a lista de penas possíveis para cada crime:
CrimePena mínimaPena Máxima
Organização criminosa4 anos e 4 meses13 anos e 4 meses
Corrupção2 anos e 8 meses21 anos e 4 meses
Lavagem de dinheiro4 anos16 anos e 8 meses
Veja a lista dos 35 denunciados no esquema de corrupção da Petrobras.
  • 2. Mendes Junior + GFD

    2 /7(Divulgação)

  • Veja também

    Mendes Junior + GFD
    Denunciados16
    Corrupção da empresa (R$)71.602.688,48
    Ressarcimento buscado (R$)214.808.065,45
    Valor envolvido na lavagem (R$)8.028.000,00
    Número de atos de corrupção e lavagem53 corrupções e 11 lavagens + 30 lavagens
  • 3. Camargo Corrêa + UTC

    3 /7(Divulgação)

  • Camargo Corrêa + UTC
    Denunciados10
    Corrupção da empresa (R$)86.457.578,91
    Ressarcimento buscado (R$)343.033.978,68
    Valor envolvido na lavagem (R$)36.876.887,75
    Número de atos de corrupção e lavagem11 corrupções e 7 lavagens
    Veja o posicionamento da Camargo Corrêa e da UTC “A Construtora Camargo Corrêa esclarece que pela primeira vez seus executivos terão a oportunidade de conhecer todos os elementos do referido processo e apresentar sua defesa com a expectativa de um julgamento justo e equilibrado.”
    "Os advogados da UTC não tiveram acesso à denúncia e só se manifestarão depois de analisá-la."
  • 4. Engevix

    4 /7(Divulgação/ Engevix)

    Engevix
    Denunciados9
    Corrupção da empresa (R$)52.977.089,89
    Ressarcimento buscado (R$)158.931.269,69
    Valor envolvido na lavagem (R$)13.432.500,00
    Número de atos de corrupção e lavagem33 corrupções e 31 lavagens
    Veja o posicionamento da Engevix: "A Engevix, por meio dos seus advogados, prestará os esclarecimentos necessários à justiça."
  • 5. Galvão Engenharia

    5 /7(Divulgação/ Galvão Engenharia)

    Galvão Engenharia
    Denunciados7
    Corrupção da empresa (R$)46.063.344,24
    Ressarcimento buscado (R$)256.546.958,55
    Valor envolvido na lavagem (R$)5.512,430,00
    Número de atos de corrupção e lavagem37 corrupções e 12 lavagens
  • 6. OAS

    6 /7(REUTERS/Aly Song)

    OAS
    Denunciados9
    Corrupção da empresa (R$)29.321.227,22
    Ressarcimento buscado (R$)213.039.145,36
    Valor envolvido na lavagem (R$)10.300.038,93
    Número de atos de corrupção e lavagem20 corrupções e 14 lavagens
  • 7. Veja outras matérias sobre a corrupção na Petrobras

    7 /7(Vanderlei Almeida/AFP)

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