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Da Redação
Publicado em 14 de outubro de 2010 às 13h16.
O setor de auto-serviço, que inclui os supermercados e hipermercados, faturou quase 79 bilhões de reais no Brasil em 2002, um valor nominal 8,2% maior que os 73 bilhões registrados em 2001. A informação é parte do 32.º relatório anual da revista especializada Supermercado Moderno, que entrará em circulação no dia 22 de abril. À primeira vista, a comparação dos números sugere que o desempenho do setor foi positivo no ano passado. Mas não é essa a conclusão dos responsáveis pelo relatório.
O setor andou de lado , afirma Valdir Orsetti, coordenador da pesquisa e editor geral da Supermercado Moderno. Ao aplicar o deflator usado pelo IBGE para calcular a variação do PIB, verificamos que não houve crescimento real das vendas. A diferença de 8,2% no faturamento do auto-serviço também ficou abaixo dos índices da inflação: o IPCA, relativo aos preços ao consumidor, fechou em 12,53%, e o IGPM, termômetro do atacado, em 25,31%.
É a primeira vez nos últimos dez anos que o setor não apresenta nenhum crescimento real , diz Robert Lund, diretor de redação da revista. Para medir o desempenho do auto-serviço, foram levantados os dados de 6 853 empresas do setor. Desse total, segundo Lund, 13,7%, ou cerca de 960 empresas, informaram ter vendido menos do que em 2001. No ano anterior, apenas uma consultada havia demonstrado queda de faturamento.
O relatório inclui um ranking liderado pela Companhia Brasileira de Distribuição, a holding do Pão de Açúcar, com faturamento de 10,8 bilhões de reais em 2002, seguida de perto pelo Carrefour, com 10 bilhões, e num distante terceiro lugar o Bompreço, com 3,4 bilhões.
Desdobrando os dados do setor, é possível ver que o ano foi melhor para os hipermercados do que para os supermercados. As vendas dos hipermercados totalizaram 26,8 bilhões de reais, com um avanço nominal de 16% sobre os 23,1 bilhões de 2001. Na faixa dos supermercados a variação foi de 5%: de 49,8 bilhões para 52,1 bilhões de reais. As razões para o fraco desempenho, são conjunturais: salários comprimidos, alto nível de desemprego, inflação corroendo o poder de compra e variação cambial provocando aumentos de custos. No entanto, segundo os analistas da Supermercado Moderno, a gestão fez diferença no desempenho individual das empresas.
Isso fica evidente na avaliação das vendas por metro quadrado uma medida de produtividade. O Carrefour reduziu sua área total de vendas de 1,015 milhões de metros quadrados para 942 694. Mas o faturamento total foi 9% maior, com um crescimento de 17% no índice de venda por metro quadrado. O Carrefour se recuperou do desempenho de 2001 com uma estratégia nítida de foco nas lojas mais eficientes e fechamento de deficitárias, junto com melhoria na logística , diz Orsetti. O número de lojas foi cortado de 227 para 204. O Carrefour voltou a privilegiar os hipermercados, sua especialidade, e reviu a estratégias para a marca Champion, de supermercados.
Já a CBD seguiu o caminho oposto. O número de supermercados da rede foi ampliado de 326 para 386. Contando os hipermercados Extra, a expansão foi de 381 para 434 lojas. O melhor desempenho, entre as marcas da CBD, ficou com o Barateiro, cujas vendas tiveram crescimento nominal de 38%. No total da empresa, as receitas evoluíram 18%. Mas as vendas por metro quadrado da CBD avançaram apenas 1,9%. Uma das dificuldades foi a incorporação das lojas Sé, que estão sendo transformadas em Compre Bem. No primeiro ano de absorção é difícil aumentar a produtividade, o que provavelmente ocorrerá neste ano , diz Orsetti. Nas lojas Extra, as vendas por metro quadrado aumentaram apenas 4%. Outra conclusão que podemos tirar da comparação entre Pão de Açúcar e Carrefour é que, cada vez mais, cada empresa está se saindo melhor no formato que domina.
Fora do pelotão das cinco maiores do setor, a rede gaúcha Zaffari, com vendas totais de 1 bilhão de reais, se destacou, obtendo crescimento de vendas por metro quadrado de 18%. Mas as campeãs de aumento da produtividade foram as redes O Caçulinha, de Tocantins, com aumento de 52,4%, e Futurama, de São Paulo, com 41,6%. Entre as grandes, Sonae e Sendas apresentaram quedas tanto de faturamento total ( 2% e 4%, respectivamente), quanto de produtividade (-4,5% e 12,7%).
Na base da pirâmide do setor também foram apurados avanços de produtividade. Os supermercados com faturamento de 1 milhão a 4 milhão de reais no ano conseguiram aumentar em 15% suas receitas por metro quadrado. Os de faturamento inferior a 1 milhão de reais, 27%. No seu conjunto, os pequenos também estão ficando mais eficientes , diz Lund. Como? Está havendo uma depuração, ficando realmente quem opera melhor . O indicador dessa tendência é o número de lojas pequenas fechadas em 2002: 230. Veja nas tabelas a seguir os dados comparativos do setor.
Ranking do Relatório Anual
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Tabela comparativa 2001x2002
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2.002
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2.001
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Empresa
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Faturamento
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Empresa
|
Faturamento
|
1º Cia. Br. de Distribuição | 10.80 bilhões | 1º Carrefour | 9,23 bilhões |
2º Carrefour | 10.07 bilhões | 2º Cia. Br. de Distribuição | 9,06 bilhões |
3º Bompreço | 3.40 bilhões | 3º Sonae | 3,40 bilhões |
4º Sonae | 3.34 bilhões | 4º Bompreço | 3,21 bilhões |
5º Sendas | 2.52 bilhões | 5º Casas Sendas | 2,62 bilhões |
6º Wal Mart | *1.75 bilhões | 6º Wal-Mart | 1,48 bilhões |
7º Cia. Zaffari | 1.04 bilhão | 7º Jerònimo | Martins 1,04 bilhões |
8º G. Barbosa | 810,4 milhões | 8º Cia. Zaffari | 838,6 milhões |
9º Coop | 753,3 milhões | 9º G. Barbosa | 730,6 milhões |
10º Irmãos Bretas | 662,8 milhões | 10º Coop | 639,4 milhões |
11º A. Angeloni | 598,6 milhões | 11º Irmãos Bretas | 601,3 milhões |
12º Mundial | 547,6 milhões | 12º A. Angeloni | 542,8 milhões |
13º Líder | 521,1 milhões | 13º Sonda | 429,6 milhões |
14º Sonda | 493,1 milhões | 14º DMA | 417,5 milhões |
15º DMA | 488,8 milhões | 15º Irmãos | Muffato 414,8 milhões |
16º Condor | 471,9 milhões | 16º Sup.Mundial | 412,5 milhões |
17º Irmãos Muffato | 452,1 milhões | 17º ABC | 400 milhões |
18º D Av | 388,1 milhões | 18º Arcos | 360 milhões |
19º Empresa Baiana | 317,1 milhões | 19º Condor | 340,7 milhões |
20º Carvalho & Fernandes | 316,7 milhões | 20º DAvó | 285,3 milhões |
* Faturamento estimado por SM. Excluído Eletro do faturamento da CBD, por se tratar de rede voltada a não-alimentícios. |
Evolução da produtividade no
setor | |||
Portes de empresa por Venda média anual por m2 de área
de vendas | |||
faturamento
|
2001
|
2002
|
Dif.%
|
Mais de R$ 1 bi | R$ 9.173 | R$ 11.023 | + 12 |
De R$ 500 a R$ 999 mi | R$ 11.729 | R$ 12.550 | + 7 |
De R$ 200 a R$ 499 mi | R$ 8.950 | R$ 10.074 | + 13 |
De R$ 50 a R$ 199 mi | R$ 8.131 | R$ 8.747 | + 8 |
De R$ 10 a R$ 49 mi | R$ 6.139 | R$ 6.462 | + 5 |
DE R$ 5 a R$ 9 mi | R$ 5.191 | R$ 5.512 | + 6 |
De R$ 1 a R$ 4 mi | R$ 3.778 | R$ 4.344 | + 15 |
Menos de R$ 1 mi | R$ 1.897 | R$ 2.405 | + 27 |
Fonte: 32º Relatório Anual de Supermercado Moderno. |
Perfil das redes com faturamento
acima de 1 bilhão | |||||||
Empresas | Número de lojas | Dif. | Metragem quadrada de área de vendas | Evolução das vendas (%) | |||
Cia. Bras. de Distribuição | 381 | 434 | +14 | 825.051 | 956.542 | + 4 | + 18 |
Carrefour | 227 | 204 | - 10 | 1.015.485 | 942.694 | - 7 | + 9 |
Bompreço | 110 | 116 | + 5 | 312.032 | 315.101 | + 1 | + 6** |
Sonae | 168 | 153 | - 9 | 445.483 | 457.157 | + 3 | - 2 |
Sendas | 84 | 79 | - 6 | 209.528 | 229.155 | + 9 | - 4 |
Wal-Mart | 22 | 22 | = | 191.751 | 191.751 | = | + 18** |
Cia. Zaffari | 22 | 23 | + 5 | 96.417 | 100.844 | + 5 | + 24 |
Fonte: 32º Relatório Anual de Supermercado Moderno. | |||||||
(**) Estimativas SM. |