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Solução para Cimpor deveria reduzir concentração, diz Cade

O Grupo Camargo Corrêa anunciou no final da semana passada o lançamento de uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) por todo o capital da Cimpor

Existe expectativa de que a Votorantim abra mão de sua fatia na Cimpor para a Camargo Corrêa em troca de alguns ativos da cimenteira portuguesa no exterior (Creative Commons)

Existe expectativa de que a Votorantim abra mão de sua fatia na Cimpor para a Camargo Corrêa em troca de alguns ativos da cimenteira portuguesa no exterior (Creative Commons)

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Da Redação

Publicado em 5 de abril de 2012 às 15h24.

Brasília - Qualquer operação societária envolvendo a cimenteira portuguesa Cimpor que reduza a concentração no mercado brasileiro no setor seria melhor do ponto de vista concorrencial em uma análise pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), indicou o presidente do órgão antitruste, Olavo Chinaglia.

O Grupo Camargo Corrêa anunciou no final da semana passada o lançamento de uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) por todo o capital da Cimpor, da qual já é sócia com quase 33 por cento. Outra acionista relevante é a também brasileira Votorantim, com 21,2 por cento de participação no grupo português.

Existe expectativa de que a Votorantim abra mão de sua fatia na Cimpor para a Camargo Corrêa em troca de alguns ativos da cimenteira portuguesa no exterior. Com isso, a Camargo Corrêa assumiria integralmente a operação da Cimpor no Brasil.

"A princípio, posso dizer que seria melhor do que a Votorantim se concentrando ainda mais aqui. Mas não posso dizer que essa é a solução suficiente", disse Chinaglia em entrevista à Reuters no final da tarde de quarta-feira, ao ser questionado sobre o assunto.

Atualmente, a Votorantim é líder absoluta no mercado local de cimento, com perto de 40 por cento das vendas totais no país. A Camargo Corrêa, por meio da subsidiária InterCement, possui cerca de 10 por cento. Os dados são do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (Snic).

Os percentuais não consideram a presença indireta dos dois grupos na Cimpor, que produziu em suas fábricas no Brasil em 2010 cerca de 5,5 milhões de toneladas, ou 10 por cento da produção nacional.


Se assumisse 100 por cento da Cimpor, a Camargo dobraria seu market share no Brasil para ao redor de 20 por cento e reduziria, assim, a distância para a Votorantim.

"Em um cenário hipotético, se o resultado disso for um grau de concentração menor, sem que isso signifique que a operação vai ser aprovada ou não, é um cenário melhor do que qualquer outra hipótese de concentração maior", observou Chinaglia.

O Cade já vinha analisando a aquisição, em 2010, das participações minoritárias na Cimpor por Votorantim e Camargo Corrêa. Os dois grupos entraram no capital do grupo português depois da tentativa frustrada da CSN de adquirir a cimenteira.

"O impacto dessa nova estratégia da Camargo Corrêa na análise do ato de concentração original será o de modificar a estrutura de decisão da Cimpor em Portugal. E isso evidentemente pode ter impacto na atuação da empresa aqui no Brasil", disse Chinaglia.

GOL e Webjet

Para Chinaglia, o anúncio da companhia aérea GOL de reduzir voos diários não afeta a análise que o Cade está fazendo da operação de compra da WebJet, no ano passado.

A GOL informou recentemente que reduzirá de 80 a 100 voos diários entre março e abril, sendo a maioria em frequências da GOL e algumas da WebJet.


"A redução do número de voos das duas não significa a entrada de um novo competidor para ocupar esses espaços", disse Chinaglia.

O presidente do Cade preferiu não fazer previsões sobre quando a aquisição da WebJet pela GOL será tratada pelo plenário do Conselho, mas disse que não deve ser em abril.

"Não recebi recentemente nenhuma informação de que o caso estivesse se encaminhando para a conclusão."

Evento

O Cade será o anfitrião pela primeira vez, de 17 a 20 de abril, da reunião anual da International Competition Network (ICN), no Rio de Janeiro.

Segundo Chinaglia, o ICN reúne 110 agências antitruste de 80 países e funciona como um fórum para que os órgãos troquem informações e experiências.

Um dos objetivos da troca de informações, segundo ele, é a harmonização das decisões sobre questões concorrenciais.

"As decisões precisam ser tomadas com base em fundamentos consistentes mundialmente, inclusive porque muitas das transações hoje produzem efeitos em diversos países", afirmou.

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