Pré-sal: a ideia é reduzir o número de sondas e obter financiamento de longo prazo para a construção dos navios (Agência Petrobras)
Da Redação
Publicado em 12 de agosto de 2016 às 11h18.
São Paulo - A Sete Brasil, criada para gerenciar a construção de sondas para a exploração do pré-sal, vai protocolar hoje na Justiça do Rio seu plano de recuperação judicial.
A proposta não vai diferir muito do que a empresa tentou emplacar ao longo de todo ano passado nas negociações privadas com credores e Petrobras, segundo fontes a par do plano.
A ideia é reduzir o número de sondas e obter financiamento de longo prazo para a construção dos navios.
A polêmica do plano deverá ficar por conta da proposta de igualar credores e acionistas, que receberiam meio a meio o fluxo de caixa a ser gerado pelas sondas que eventualmente saírem do papel.
O sucesso da empreitada ainda continuará dependendo de negociações com a Petrobras, que não andaram desde que a empresa entrou em crise financeira ao fim do ano de 2014.
A estatal precisa concordar em manter os contratos para as sondas e concordar com o número delas a ser produzido.
O problema é que a própria Petrobras tem seus problemas financeiros e a empresa está neste momento promovendo uma grande reestruturação de seus planos de investimentos.
Novas sondas de exploração, com o atual preço do petróleo, não são exatamente o melhor negócio para a empresa.
A proposta que entrará na recuperação judicial é de que em vez de produzir 28 sondas, como no plano original, o número seja reduzido para algo entre 10 e 12.
Os preços se manteriam como originalmente tratados, pelo menos num primeiro momento.
Se a Petrobras finalmente fechar um acordo com a Sete, a ideia seria buscar financiamento com os estaleiros, principalmente os estrangeiros Jurong e Brasfels, que poderiam ter interesse em financiar a construção para reduzir o prejuízo que já estão tendo com a Sete.
O último balanço da companhia mostra que deixaram de ser pagos R$ 6 bilhões aos cinco estaleiros que estavam construindo os 28 navios sondas. Além de Jurong e Brasfels, ficaram sem receber os estaleiros nacionais Enseada, Atlântico Sul e Rio Grande.
Um dos objetivos dos acionistas da Sete, com a recuperação judicial, é forçar a Petrobras a finalmente tomar uma decisão.
A proposta de dividir o fluxo de caixa meio a meio com credores, também seria uma forma de conseguir de volta os R$ 8,3 bilhões investidos.
Pelas regras de recuperação judicial, os acionistas normalmente são os últimos a receber, mas com um passivo de R$ 18 bilhões, principalmente com bancos, ficaria muito distante a possibilidade de alguma recuperação do prejuízo.
O maior acionista é o BTG, com 27,5% do fundo investidor da Sete.
A ideia de dividir o fluxo de caixa poderá eventualmente ser aceita pelos credores, já que muitos deles são também acionistas. De qualquer forma, dependerá primeiro da Petrobrás.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.