Sem Boeing, Embraer negocia com bancos ajuda de US$ 600 milhões
Equipe econômica não quer que Embraer volte às mãos do governo e organiza empréstimo para ajudar fabricante de aviões após fracasso do acordo com a Boeing
Mariana Desidério
Publicado em 26 de maio de 2020 às 16h14.
A fabricante de aeronaves Embraer negocia com bancos um pacote de resgate de cerca de 600 milhões de dólares que incluirá apenas instrumentos de dívida, sem possibilidade de os credores ficarem com participação acionária na empresa, disseram duas pessoas a par do assunto.
O BNDES fornecerá cerca de 50% do empréstimo, enquanto o restante será financiado por um conjunto de bancos comerciais, incluindo o Banco do Brasil, o Banco Santander Brasil SA e o Banco Bradesco SA, disseram as pessoas, pedindo para não serem identificados porque as discussões são privadas.
A equipe econômica não quer que a Embraer volte às mãos do governo e organiza o empréstimo sindicalizado para ajudar a fabricante de aviões após o fracasso do acordo com a Boeing . O prazo em discussão para a dívida é de dois a três anos, disse uma das pessoas. Os termos ainda não estão definidos e podem incluir um compromisso de preservar empregos. O governo ainda detém a chamada “golden share” na Embraer, mesmo tendo vendeu o controle da empresa em 1994.
Em nota, a Embraer afirmou que a empresa, o BNDES e outros bancos, no Brasil e no exterior, “estão discutindo propostas de financiamento, principalmente uma voltada para financiamento ao capital de giro para exportações (BNDES Pré-Embarque), que não altera o atual quadro acionário da Companhia, provendo capital de giro, reforço de capital e possibilitando a melhoria do perfil de endividamento.” A empresa não comentou o tamanho da transação.
O BNDES, com participação de cerca de 5% na empresa, não quis comentar. Bradesco, Santander e Banco do Brasil não responderam imediatamente a um pedido de comentários.