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Saraiva fecha mais lojas e apresenta plano criativo para evitar a falência

Grupo propõe a venda do site ou de parte das lojas físicas para pagar os credores e continuar a funcionar com o que restar da operação

A Saraiva está em recuperação judicial desde 2019 e tenta aprovar novo plano com credores (./Divulgação)
MS

Marcelo Sakate

Publicado em 9 de outubro de 2020 às 18h59.

Última atualização em 9 de outubro de 2020 às 21h02.

A Saraiva , que foi durante muitos anos a maior livraria do país e que está em recuperação judicial há um ano, acaba de preparar um novo plano em sua luta pela sobrevivência.

As dívidas da Saraiva somavam 329,9 millhões de reais em agosto, dos quais 156,7 milhões de reais com bancos e instituições de crédito. O Banco do Brasil é o maior credor, com 85% desse montante para bancos, enquanto o Itaú Unibanco detém outros 10,6%.

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A nova proposta foi apresentada nesta quinta-feira, 8, como uma alteração ao plano original de recuperação judicial. Ela prevê a divisão da operação remanescente da Saraiva em três unidades produtivas isoladas (UPI), que seriam colocadas à venda para possíveis interessados. Mas a companhia propõe se desfazer apenas de uma das unidades, a que tiver a maior proposta; os recursos levantados serviriam para abater parte da dívida ou para manter o que sobrar da rede, sejam lojas físicas ou o site.

O plano precisa de aprovação de maioria simples dos credores representados na assembleia geral, que está marcada para a próxima quinta-feira, 15. Será preciso ainda que a Saraiva apresente um laudo de viabilidade do plano.

As três unidades da Saraiva colocadas à venda seriam:

Os recursos obtidos com a venda da UPI Lojas seriam destinados ao pagamentos dos credores; no caso de negociação tanto da UPI Site como da UPI Mista (uma ou outra), 25% dos recursos arrecadados seriam destinados ao fluxo de caixa da companhia remanescente. E os demais 75% serviriam para o pagamento de credores.

O novo plano foi classificado como criativo e avaliado com ceticismo por credores e outras partes envolvidas no processo de recuperação judicial que não quiseram de identificar. Uma das razões é que existem dúvidas sobre a viabilidade de transferência dos contratos das lojas físicas, que precisariam da anuência dos atuais locatários. Outro ponto colocado em xeque é a viabilidade financeira do modelo de negócios de livrarias com lojas físicas, e isso independentemente da pandemia, que agravou a situação de forma conjuntural.

Se os credores não aprovarem o plano, a Saraiva ficará mais próxima de uma decretação de falência, a exemplo da situação de outra grande livraria do país, a Cultura . A rede da família Herz está protegida por ora de eventuais pedidos de falência por uma liminar.

Para Ronaldo Vasconcelos, administrador judicial da recuperação da Saraiva, a continuidade do negócio (da empresa) depende do resultado da nova assembleia geral de credores.

"Deve ser levada em conta não apenas a situação econômica da empresa em recuperação mas também os interesses dos credores, que igualmente sofreram perdas significativas durante a pandemia — editoras, fornecedores, locadores — e que já sofreram deságio nos seus créditos”, afirma Vasconcelos, que é também professor de direito do Mackenzie.

Saraiva: queda acelerada

Há dois anos, antes de ver a crise se agravar e entrar com o pedido de recuperação judicial, a Saraiva tinha mais de 100 lojas no país. No início de setembro, esse número havia caído para 57 unidades; e a estimativa é que o total caiu para menos de 50 nas últimas semanas, em meio à retomada de pontos por locatários e a devolução pelo próprio grupo.

Há tantas incertezas a esse respeito que a própria Saraiva listou apenas 23 lojas no plano aditivo de recuperação judicial, que estariam menos passíveis a questionamentos. Há ainda pontos nobres, como no aeroporto de Guarulhos e em shoppings espalhados por capitais, como Porto Alegre, Florianópolis, Fortaleza e Belém.

A companhia teve a recuperação judicial homologada há pouco mais de um ano. Mas não conseguiu cumprir com o plano, que já era considerado muito prejudicial aos credores por prever o pagamento de apenas 5% da dívida ao longo de 15 anos. Os demais 95% viriam na forma de debêntures emitidas no 16º ano depois da homologação do plano.

 

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