Sapataria de Nadal diz que tamanho não é documento no luxo
Fabricante de sapatos do campeão de tênis diz que está sendo beneficiada no mercado de luxo por ser pequena
Da Redação
Publicado em 29 de julho de 2014 às 23h34.
Paris - Enquanto fabricantes de produtos de luxo como a LVMH Moët Hennessy Louis Vuitton se esforçam para reconciliar sua presença global com um toque de classe exclusivo, o fabricante de sapatos do campeão de tênis Rafael Nadal diz que está sendo beneficiado por ser pequeno.
As vendas dos sapatos Corthay, que podem custar mais de US$ 10.000 para um par sob medida, estão crescendo “muito fortemente”, pois compradores ricos procuram cada vez mais produtos exclusivos e refinados, disse Xavier De Royère, CEO da empresa de capital fechado.
“O ecossistema precisa de peixes pequenos”, disse Royère em entrevista na oficina e loja da Corthay, perto da Place Vendôme, em Paris. “Não dá para que todos os shoppings do mundo sejam parecidos”.
A exclusividade é cada vez mais importante para os compradores ricos, especialmente na China, de acordo com o diretor administrativo da Neev Capital, Rahul Sharma.
A LVMH registrou, na semana passada, lucros que ficaram abaixo das expectativas dos analistas devido ao enfraquecimento da demanda na Ásia para a Louis Vuitton, sua maior marca.
A busca por produtos exclusivos favorece marcas menores e de elite, como a Corthay, que oferecem algo novo, disse Sharma.
Os preços dos modelos prontos para usar, como o Casanova Oxford, começam a partir de US$ 1.500.
A empresa tem cerca de 500 clientes para seus calçados sob medida, incluindo Nadal e os atores Clive Owen e Cate Blanchett.
Poucos pontos de venda
A sapataria, fundada por Pierre Corthay em 1990, opera seis lojas na Europa, na Ásia e no Oriente Médio, além de distribuir seus coloridos sapatos para varejistas, como a Saks.
“Os consumidores estão realmente felizes por estar num lugar diferente e de pequena escala”, disse Royère, que investiu na Corthay em 2010 depois de quase 15 anos na LVMH, onde trabalhou para as marcas Vuitton e Loewe.
O tamanho e a preferência da Corthay por lojas pequenas também contribuíram com a distribuição, pois as grandes empresas de luxo disputam os espaços de venda maiores e melhores, de acordo com Royère.
Ao oferecer algo diferente, “estamos em condições de garantir lugares de alta qualidade” ao lado de marcas como a Fendi e a Givenchy, que pertencem à LVMH, sem deixar de oferecer uma experiência de compras intimista.
“Não somos ditadores da moda”, disse Pierre Corthay numa oficina sob a loja, cercado por rolos de couro animal, incluindo couro de elefante.
“Mas os sapatos bonitos da Corthay podem ajudar ternos feios”.
À medida que a Corthay abre mais lojas, incluindo uma em Nova York, no ano que vem, o desafio é evitar “ir rápido demais de ser difícil de encontrar a ser difícil de passar desapercebido”, disse Royère, citando Yves Carcelle, seu ex-chefe na Louis Vuitton.
Royère não quis revelar informações financeiras.
“É um pequeno bebê que estamos tentando valorizar e desenvolver de forma saudável”, disse ele, “não forçá-lo a comer, como se fosse um foie gras”.