Salvatore Ferragamo investe em perfumes para fortalecer o grupo no Brasil
Depois de deixar o mercado brasileiro por conta da crise mundial, unidade de perfumes da tradicional marca italiana volta ao país neste mês
Da Redação
Publicado em 20 de janeiro de 2011 às 17h38.
São Paulo – Uma das maiores marcas de luxo do mundo, a Salvatore Ferragamo está longe de ser conhecida entre os brasileiros mesmo estando há 13 anos no país. Entre as preferidas pelos consumidor nacional, a italiana nem aparece na lista que é preenchida por Louis Vuitton, Hermès, Giorgio Armani, Marc Jacobs e Chanel, de acordo com pesquisa das consultorias MCF e GFK, especializadas no setor. Agora a grife italiana decidiu investir pesado no Brasil para conquistar uma parcela representativa num mercado que crescerá 22% neste ano (a empresa não divulga sua receita local).
Para isso, a Salvatore Ferragamo vai destinar pouco mais de 300 milhões de dólares para o segmento de perfumes no país e na América Latina -- cerca de 30% da receita total do grupo no ano passado. Em abril, o lançamento das novas fragrâncias Attimo (Instante, em italiano) e Incanto Bloom marcam o retorno da unidade de perfumes da empresa ao Brasil. “Era o único segmento da grife que não estava presente no país. Como é um item mais barato em relação aos outros, pretendemos atrair a atenção do consumidor para nossos outros produtos e expandir todas unidades da empresa”, disse a EXAME.com o italiano Luciano Bertinelli, presidente da unidade de perfumes da Salvatore Ferragamo. Serão 100 pontos de venda em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília ao longo do ano, o que já inclui as seis lojas da empresa localizadas na capital paulista.
De acordo com estudo das consultorias, das 295 empresas do setor de luxo estudadas, a maior parte atua no segmento do varejo, com 61%, seguida por serviços (24%) e produção/indústria (15%). Quanto à atuação específica, 26% são do segmento de moda, seguidas por calçados (19%), confecção/vestuário (18%) e perfumaria (17%). Quando a crise econômica eclodiu no final de 2008, a Salvatore Ferragamo decidiu encerrar suas vendas de perfumes no Brasil, que, na ocasião, provocava incerteza no mercado internacional sobre como reagiria à turbulência econômica, apesar de apresentar boas taxas de crescimento.
Para controlar as operações, haverá um diretor localizado em Miami, que cuidará de toda a América Latina, um mercado prioritário – ao lado da China – para a empresa. Na região, o mercado mais importante é o mexicano, que corresponde a 80% da receita da unidade de perfumes do grupo, seguido pelo Brasil. “A dinâmica lá é diferente por conta do fenômeno das lojas de departamento”, diz Bertinelli. No México, a empresa tem 24 pontos de venda – 18 deles em lojas de departamento. Além disso, a empresa abrirá uma loja em Lima, no Peru, e outra em Bogotá, na Colômbia. Em nenhum dos 80 países em que está presente, a marca tem fabricação local. Os perfumes – assim como os outros produtos -- são “made in Italy” e exportados para as 13.000 perfumarias que comercializam Salvatore Ferragamo.
De olho na classe C, mas não para já
Pesquisas mostram que a classe C quer produtos de qualidade e não se importa em pagar caro por eles. Como se trata de uma quantidade de pessoas que não pode ser ignorada, essa parcela já figura nos planos da Salvatore Ferragamo – mas não para um futuro próximo. “Vamos começar no topo da pirâmide para revitalizar a marca. Aí vamos pensar numa estratégia para chegar a esse público. O caminho contrário seria difícil”, diz Bertinelli. “A Sephora está vindo para o Brasil e é uma rede em que temos de estar presentes também”, diz ele sobre a maior rede de cosméticos do mundo, que deve chegar ao país neste ano.
A distribuição no Brasil é feita pela Passion Perfumes e Cosméticos, uma das mais tradicionais do setor com um portfólio de 25 marcas como Roberto Cavalli, Valentino e Gabriela Sabatini.