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Salário é coadjuvante

Os maiores salários nem sempre garantem mais satisfação e motivação do que um ambiente amistoso e de alta confiança

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Da Redação

Publicado em 12 de outubro de 2010 às 18h38.

A lista de prêmios, mimos e benefícios da Zanzini Móveis é extensa. Vai muito além da tradicional cesta básica e dos quase obrigatórios convênios médicos e odontológicos. O clã Zanzini, dono da empresa sediada na pequena Dois Córregos, no interior de São Paulo, faz um esforço considerável para tratar os funcionários como amigos da família. Duas vezes por dia, copeiras distribuem sorvete, café ou suco de frutas para todos os colaboradores. Quem prefere ver TV ou acessar a internet nas horas de folga pode usar a área de lazer. Também dá para passar o tempo, depois do almoço, jogando pingue-pongue ou uma partida de xadrez. E, nos fins de semana, o funcionário pode levar a família para fazer um piquenique no clube recreativo da Zanzini. Às mulheres é dada uma atenção ainda mais especial. Os banheiros femininos têm espelhos e produtos de beleza à disposição delas. E não se trata de uma empresa tipicamente feminina. Ao contrário. Dos 175 funcionários, 153 são homens.

Realização profissional
O funcionário sente-se satisfeito e motivado quando:
• É reconhecido e recompensado quando faz um bom trabalho.
• Tem confiança na empresa, no chefe e nos colegas.
• Trabalha num lugar limpo, seguro e confortável.
• O volume de trabalho permite que termine as tarefas no horário normal.
• Acha justo os benefícios, o salário e a participação nos lucros da empresa.
• Sente que as informações são transmitidas com clareza e rapidez.

A Zanzini não é uma empresa perfeita. Aliás, foi mal avaliada por seus funcionários este ano nas questões referentes à remuneração e à participação nos lucros. Mas ela é um bom exemplo de que nem sempre o salário é o principal responsável pela satisfação e motivação de uma equipe. Apesar das duas notas baixas que recebeu nos itens relativos a dinheiro, a empresa ganhou uma nota média geral alta na categoria satisfação e motivação. É que todo esse cuidado da Zanzini em criar um ambiente amistoso é extremamente estimulante e desperta no colaborador a vontade de trabalhar no dia seguinte. O esforço casa perfeitamente com a opinião dos funcionários na pesquisa deste ano. O que mais chamou a atenção nas respostas foi o forte senso de confiança na empresa e nos colegas de trabalho, a sensação de que todos trabalham como um time e a transparência na comunicação entre a empresa e seu pessoal.

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A Zanzini acerta onde a maioria ainda mais falha. O ponto crítico da categoria satisfação e motivação neste ano foi o grau de confiança entre colegas no ambiente de trabalho. De maneira geral, o colaborador confia na empresa, percebe que o seu trabalho é importante, é estimulado a contribuir, acha que o ambiente facilita o relacionamento, mas sente que não pode contar muito com o colega ao lado, ou seja, não sente que as pessoas trabalham como um verdadeiro time. A confiança no colega é o quinto pior resultado entre as 64 questões das quatro categorias da pesquisa. A confiança na empresa, por outro lado, aparece como décimo melhor resultado. "Essa é a grande contradição dos ambientes de trabalho competitivos", diz André Fischer, professor da FIA, um dos coordenadores da pesquisa.

As 10 melhores
1aCoats - Borborema
2aSão Bernardo Saúde
3aSfil
4aSynteko
5aMasa
6aUnimed Missões
7aZanzini
8aBV Financeira
9aUnimed S.J. Rio Preto
10aVolvo

A categoria satisfação e motivação foi a segunda mais bem avaliada pelos funcionários. Perdeu apenas para identidade. Nas 150 melhores empresas para trabalhar, sua nota foi 82,14 em 100. Foram formuladas 30 questões, cujo peso foi de 46,9% no resultado final. "Nessa categoria, foi possível identificar indícios de problemas que aparecem mais claramente nas categorias isoladas de liderança e aprendizado", diz Joel Dutra, professor da FIA, também coordenador da pesquisa. "Como dá para aprender, por exemplo, em um ambiente de baixa confiança?" A Masa, eleita a melhor empresa para trabalhar de 2006, encontrou uma maneira esperta de aumentar sua competitividade, garantir a satisfação do grupo e não comprometer o trabalho em equipe. Em 2003, a empresa criou um programa chamado Multiação, para incentivar a sugestão de idéias coletivas e melhorar índices de desperdício, qualidade, produtividade, segurança, bem-estar e meio ambiente. Até hoje, o projeto já gerou 15 000 idéias, sugeridas por 104 equipes. Quem participa ganha pontos, que são convertidos em prêmios como viagens e eletrodomésticos. "O objetivo é desenvolver o senso de trabalho em equipe, reconhecendo os esforços. Depois do Multiação, os colaboradores passaram a se sentir mais donos do negócio e isso teve um grande impacto na motivação", afirma Kellenn Osmídio, gerente de gestão de pessoas da Masa.

O que é... satisfação e motivação
Salário e bônus, o trabalho em si, o ambiente físico e as perspectivas de crescimento se relacionam no processo motivacional. A categoria contempla as opiniões das pessoas sobre as experiências que vivem na empresa, o trabalho que executam e o processo de gestão.
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