Sabe o que Elon Musk não faz quando vai ao supermercado?
O fundador da fabricante de veículos elétricos Tesla agora é a pessoa mais rica do mundo, com um patrimônio de quase 200 bilhões de dólares
Denyse Godoy
Publicado em 10 de janeiro de 2021 às 08h00.
Eis aqui algo que Elon Musk não faz: ele não compara preços de maçãs no supermercado.
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Porque, quando um indivíduo vale quase 200 bilhões de dólares, a diferença entre maçã barata e maçã cara não faz sentido.
Estamos falando de um cara cuja riqueza aumentou 13,6 bilhões de dólares em um único dia. De acordo com a lista dos mais ricos da Bloomberg, o presidente da fabricante de veículos elétricos Tesla é agora a pessoa mais rica do mundo, com um patrimônio líquido de 194.8 bilhões de dólares, superando Jeff Bezos da Amazon .
Mas, como um experimento mental, vamos imaginar que Musk tivesse que pagar pelas coisas na proporção da sua riqueza. Seu patrimônio líquido é de aproximadamente 1,6 milhão de vezes o da família americana média, o correspondente a 121,700 dólares por ano em 2019, de acordo com a Pesquisa de Finanças do Consumidor do Federal Reserve , o banco central americano. Portanto, qualquer coisa que custasse 1 dólar à família média custaria a ele 1,6 milhão de dólares.
Digamos que ele vá até uma loja da rede de supermercados Whole Foods, que é propriedade da Amazon. Maçãs Honeycrisp orgânicas custam 3,99 dólares o quilo. Musk coloca seu quilo de Honeycrisps na esteira na fila do caixa. O caixa diz: "Isso custa 6,4 milhões de dólares". Ai. Ele poderia ter comprado meio quilo de maçãs Fuji orgânicas e economizado mais de 2 milhões de dólares.
Um abacate Hass grande: "Isso vai custar 2.4 milhões de dólares, senhor". Esses morangos orgânicos parecem deliciosos, mas 11 milhões de dólares o quilo? Isso é uma loucura!
Quatro quilos de bife ancho chegam a quase 100 milhões de dólares. A esta altura, Musk está se irritando com o colega megatrilhardário, Bezos, murmurando: "Não é à toa que chamam este lugar de "Paraíso dos Milionários!'"
A inesperada sorte desse sistema de preços iria para a Amazon, e não para a Receita Federal. O mais próximo que se poderia chegar de algo assim com a tributação, pelo menos na teoria, seria um imposto sobre fluxo de caixa. O governo somaria sua renda, subtrairia o dinheiro que você colocaria na poupança, chamaria o restante de consumo e o tributaria progresivamente: quanto mais você consumisse, maior seria o imposto por dólar consumido. O Serviço de Pesquisa do Congresso incluiu o imposto de fluxo de caixa em uma revisão de opções de 2016.
Um imposto sobre o de fluxo de caixa nunca seria definido em 1,6 milhão de vezes o valor do bem, mas mesmo um imposto muito mais baixo seria suficiente para dar uma mordida na riqueza real dos bilionários. E poderia ser mais simples de implementar do que um imposto sobre a riqueza, porque a renda e a poupança são mais fáceis de medir do que a riqueza.
Os bilionários não seriam capazes de evitá-lo poupando em vez de consumir a maior parte de sua renda? Sim, e certamente o fariam. Mas, como o economista da Universidade de Boston Laurence Kotlikoff gosta de apontar, a riqueza só é útil quando é consumida, seja por esta geração ou por uma futura. Portanto, no longo prazo, um imposto permanente de 25% sobre o consumo tem exatamente o mesmo efeito sobre uma família rica que um imposto único de 25% sobre sua riqueza.
E aí, gostou das maçãs, Elon?