Negócios

Reabertura nos EUA "não vai ser em maio", diz presidente do JPMorgan

Em coletiva sobre resultados do banco, Jamie Dimon afirmou que é improvável que o comércio reabra em maio. "É junho, julho, agosto, algo nessa linha", disse

Jamie Dimon, presidente do JPMorgan: lucro do banco ficou abaixo do esperado em meio ao coronavírus (Tiffany Hagler-Geard/Bloomberg/Getty Images)

Jamie Dimon, presidente do JPMorgan: lucro do banco ficou abaixo do esperado em meio ao coronavírus (Tiffany Hagler-Geard/Bloomberg/Getty Images)

CR

Carolina Riveira

Publicado em 15 de abril de 2020 às 08h53.

Última atualização em 15 de abril de 2020 às 09h10.

Embora as perguntas sobre quando o mundo voltará "ao normal" sejam frequentes, as previsões são ainda pouco otimistas. O presidente do banco JPMorgan, Jamie Dimon, disse que considera improvável que a economia reabra antes de maio.

Dimon falou em conferência com analistas na terça-feira, 14, em que comentava os resultados do JPMorgan no trimestre. O maior banco dos EUA em ativos divulgou lucro no período entre janeiro e março abaixo do esperado por analistas, de 78 centavos de dólar por ação, ante expectativa de 1,84 dólar. O valor é 69% inferior ao mesmo período do ano passado.

"Um plano racional para voltar ao trabalho é uma boa coisa a se fazer, e a esperança é de que [a volta] seja mais cedo do que tarde", disse Dimon sobre a reabertura da economia nos EUA. "Mas não vai ser em maio. Estamos falando algo em torno de junho, julho, agosto, algo nessa linha".

A fala vem dias depois de o secretário do Tesouro americano, Steve Mnuchin, afirmar à CNBC que a economia poderia reabrir em maio. O presidente americano, Donald Trump, também havia dito em março que queria o comércio reaberto já na Páscoa, antes de mudar de ideia e prorrogar a quarentena americana pelo menos até o fim de abril. Nesta segunda-feira, 13, Trump voltou a dizer que tem "total" autoridade sobre quando a economia vai reabrir.

Ainda assim, Dimon disse ainda que os negócios não devem encarar a reabertura da economia como "uma coisa binária" e que pode ser possível que alguns setores voltem ao trabalho mesmo antes de uma reabertura total, mas de forma cuidadosa.

O executivo pontuou que muitos trabalhadores em fazendas, hospitais e farmácias ainda estão trabalhando, mesmo no auge da pandemia. "Não é como se ninguém estivesse indo trabalhar", disse.

A retomada, acredita Dimon, vai depender de cada região e de cada empresa. O objetivo é que, até mais empresas serem autorizadas a operar, já haja capacidade suficiente nos hospitais, disse.

O dilema da reabertura

Nos Estados Unidos, há mais de 607.700 casos de coronavírus segundo números da manhã desta quarta-feira, 15. O país se tornou em abril o novo epicentro da pandemia e superou os países da Europa em número de casos.

Ainda assim, parte da análise de Dimon sobre a incerteza da reabertura vem sendo corroborada para outras partes do mundo. Um estudo da Universidade Harvard divulgado na terça-feira, 14, mostra que, num cenário muito pessimista, em que medidas de contenção não fossem empregadas e tratamentos mais eficazes não fossem descobertos, algum nível de isolamento social poderia ser necessário até 2022.

Na prática, caso seja descoberta uma vacina contra a covid-19 ou novos tratamentos, o prazo deve ser muito menor. Ainda assim, uma vacina levaria, no melhor cenário, 18 meses para chegar ao mercado, dizem os estudos.

Nesta semana, alguns países da Europa começaram a reabrir gradualmente o comércio. Wuhan, onde o coronavírus começou, na China, também reabriu gradualmente as atividades neste mês, assim como o resto da China. Autoridades afirmam que uma eventual reabertura precisa ser calculada para evitar uma "segunda onda" de contágio antes que o sistema de saúde esteja preparado.

Acompanhe tudo sobre:Bancosbancos-de-investimentoCoronavírusJPMorgan

Mais de Negócios

Esta marca brasileira faturou R$ 40 milhões com produtos para fumantes

Esse bilionário limpava carpetes e ganhava 3 dólares por dia – hoje sua empresa vale US$ 2,7bi

Os 90 bilionários que formaram a 1ª lista da Forbes — três eram brasileiros

Eles estudaram juntos e começaram o negócio com R$ 700. Agora faturam R$ 12 milhões