Negócios

Renault entrega à Justiça novas informações sobre caso Ghosn

Ex-CEO é acusado no Japão de quebra de confiança; fluxos financeiros suspeitos foram detectados pela empresa durante a gestão de Ghosn

Ghosn: ex-presidente da Renault é investigado pela Justiça (Getty/Getty Images)

Ghosn: ex-presidente da Renault é investigado pela Justiça (Getty/Getty Images)

A

AFP

Publicado em 1 de abril de 2019 às 16h01.

A Renault informou à Justiça pagamentos suspeitos de vários milhões de euros feitos pela presidência da montadora francesa sob a direção de Carlos Ghosn, seu ex-CEO acusado no Japão de quebra de confiança, informou nesta segunda-feira à AFP uma fonte próxima do caso.

Segundo essa fonte, as novas informações foram entregues na sexta-feira à Procuradoria de Nanterre (Hauts-de-Seine), que já havia iniciado uma investigação sobre o financiamento do casamento de Carlos Ghosn no castelo de Versalhes, em outubro de 2016.

Montantes suspeitos, de "vários milhões de euros", foram pagos à empresa que distribui os veículos do grupo Renault em Omã. Eles foram revelados pela investigação interna iniciada pela fabricante após a prisão de seu ex-CEO no ano passado no Japão.

Os auditores encarregados de analisar as contas se surpreenderam ao constatar gastos com marketing em Omã efetuados pela presidência do grupo em Paris, enquanto essas despesas entram normalmente nos orçamentos regionais.

Fluxos financeiros semelhantes já haviam sido detectados na Nissan, parceira japonesa da Renault, da qual Ghosn era presidente. Acredita-se que eles tenham sido usados para despesas pessoais não relacionadas à atividade da empresa.

Libertado em 6 de março sob fiança depois de meses na prisão, Carlos Ghosn, que está proibido de deixar o Japão, foi acusado neste país de não informar 9,2 bilhões de ienes (74 milhões de euros) entre 2010 e 2018 nos relatórios da Nissan entregues às autoridades do mercado de ações. Ele também foi acusado de vários casos de abuso de confiança.

Na França, ele é suspeito de ter conseguido o aluguel do Palácio de Versalhes e do Grand Trianon para a organização de seu casamento, um serviço avaliado em 50.000 euros, em contrapartida de um acordo de patrocínio assinado entre o estabelecimento público e a montadora.

A investigação, confiada ao Escritório Central de combate à corrupção e infrações fiscais e financeiras (Oclciff), foi aberta após o acionamento da Renault no início de fevereiro.

Um conselho de administração da fabricante está marcado para quarta-feira para preparar a próxima assembleia geral de acionistas.

A remuneração de Carlos Ghosn para 2018 deve ser discutida, bem como a renovação dos diretores que chegaram ao final de seu mandato. A reunião também será uma oportunidade para rever os resultados da investigação interna.

Acompanhe tudo sobre:Carlos GhosnRenault

Mais de Negócios

15 franquias baratas a partir de R$ 300 para quem quer deixar de ser CLT em 2025

De ex-condenado a bilionário: como ele construiu uma fortuna de US$ 8 bi vendendo carros usados

Como a mulher mais rica do mundo gasta sua fortuna de R$ 522 bilhões

Ele saiu do zero, superou o burnout e hoje faz R$ 500 milhões com tecnologia