Negócios

Renault e sua principal aposta, o Logan

Novo sedã está chegando ao Brasil. Veja como o principal investimento da companhia francesa está conquistando os mercados emergentes.

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h39.

Planeta Logan

O carro mundial da Renault é montado em fábricas dela ou através de parcerias pelos quatro cantos do planeta. A meta é produzir 1 milhão de carros como este até 2010

Colômbia

Desde setembro de 2005, o sedã é montado nas instalações da Sofasa, em Medelin (checar). A meta para 2010 é produzir 50 mil unidades/ano e abastecer o mercado local e também Venezuela e Equador com o Logan

México

O modelo será importado do Brasil e chegará aos mexicanos vendido como Nissan, marca mais popular neste mercado

Brasil

O Logan sedã está em fase de lançamento no país. A ele se seguirão um hatch e um terceiro modelo a ser definido. A meta é produzir pelo menos 60 mil carros da família por ano

Marrocos

A Renault firmou um acordo com a local Somaca e planeja montar 31 mil carros Logan por ano nas instalações da parceira em Casablanca

Romênia

Adquirida em 1995 por meros 50 milhões de dólares, a linha de montagem da Dacia em Pitesti está em curso de modernização e ganhou um centro de desenvolvimento de novos modelos. A meta é fazer 350 mil veículos com a marca Logan em três anos e meio

Rússia

A Renault assinou uma parceria com a Avtovramos, em Moscou e o Logan é montado ali desde abril de 2005. Este ano, deverão sair da linha de montagem 60 mil Logan. A previsão é de montar 120.000 modelos em 2010

Irã

Um dos maiores produtores mundiais de petróleo do mundo produzia modelos ultrapassados. Foi uma oportunidade para a Renault que assinou contratos com as montadoras locais Saipa e a Khodro e planeja montar 200 mil Logan por ano no país

Índia

Acordo com a Mahindra para produzir até 200.000 Logan por ano. Como neste país os carros são equipados com volante à direita, parte da produção poderá ser exportada para a Inglaterra e África do Sul.

Fonte: Renault

A equação da economia

Onde e como os engenheiros da Renault conseguiram fazer o Logan ser 2,5 vezes mais barato do que um Mégane

Motor

Na Europa, o Logan é empurrado por um motor antiquado, com 8 cilindros, que equipou o Mégane 1, mais barulhento e menos econômico. A conta ficou 57,5% menor. No Brasil o modelo aproveitou os motores 16 válvulas e flex do Scénic e do Clio

Transmissão

Oriunda da primeira geração do Mégane, a caixa de câmbio não é tão sofisticada e custa 37,5%menos do que a do Logan, mas isso não interfere no seu funcionamento

Faróis

Na Europa, cada um dos faróis dos Mégane custa 80 euro, 80%mais caro do que os do Logan. O segredo foi projetar o do modelo popular com desenhos simplificados (nada de dupla ótica) e com plásticos mais baratos

Vidros

Nada de curvas ou sofisticações nas áreas envidraçadas. Resultado: 52%de economia a favor do Logan

Painel de bordo

Montado em uma peça de plástico rígido, o Logan economizou no material e no trabalho para montar esta estrutura. Foi um ganho de 73% no preço

Carroceria

Parte do ganho de 50%no custo veio da carroceria ser feita inteiramente de aço estampado, sem a utilização de alumínio e materiais compostos. Também ajuda a sua estética, com menos curvas

Bancos

Em comparação com os assentos do Mégane, os do Logan têm 7 quilos a menos e são revestidos com tecidos menos sofisticados. São corretos e custam 65%a menos

Airbags

De uma geração menos moderna, os airbags do Logan têm um modo de disparo menos sofisticado. Mas custam 55% menos.

Fonte: L';Auto-Journal

Abaixo, entrevista com Yann Vincent, diretor mundial de qualidade da Renault

O recall do Logan é um indício de que há problemas na indústria da Renault de Curitiba?
Nao, este é um evento que pode acontecer em qualquer linha de montagem do planeta. Como falou nosso presidente Carlos Ghosn, Curitiba é uma linha de montagem moderna e flexível que pode montar até carros e motores mais sofisticados do que os que se produz atualmente. É claro que o processo de trabalho pode ser melhorado, principalmente em uma fabrica nova, mas o fato é que a produccao de um automóvel, ainda mais um novo modelo é um processo complexo. Nao se pode excluir defeitos de peças ou falhas de montagem em qualquer montadora do planeta. E isso aconteceu com os primeiros 1623 Logan produzidos no Brasil

Como foi detectado o problema?
Temos um sistema em que os carros são testados internamente, em várias fases. Primeiro há um responsável em cada equipe de produção encarregado de checar uma lista de pontos, como cabos e juntas. Em seguida há um novo controle de qualidade que avalia os produtos que saem da linha de montagem um a um. Cada carro passa por uma esteira e roda por uma pequena pista. Além disso, em cada lote, alguns automóveis prontos são elecionados para uma checagem ainda mais estrita. Uma vez detectada a falha, decidimos de onde ela veio e o que fazer.

Qual é o momento mais crucial em um recall?
O mais importante em um caso de defeito em serie é delimitar qual é a extensão do problema e agir logo. Tão logo nosso sistema enxergou o problema, foi elaborado  um relatório que diagnosticou o defeito e suas consequências. Como diretor mundial de produção da Renault,  assim que fui informado sobre o assunto, ordenei que o recall fosse chamado. Por se tratar de um problema nos reios, exigia uma atuação  direta. Em situações do gênero a coisa certa é identificar onde o problema começou, quantos carros foram atingidos e consertar a falha o quanto antes. Uma vez satisfeito o consumidor, aí sim, iremos avaliar de quem foi a responsabilidade pelo defeito e quem pagará os prejuízos.O desafio é reparar logo o que está errado e ser o mais transparente possível. É melhor ser ágil para sanar um defeito do que sofrer abalos na imagem de um produto por anos.

Este tipo de problema ocorrido nos Logan nao pega mal em um carro recém-lançado ?
Não posso avaliar quais serão os estragos para o nosso carro no curto prazo, mas sei que no longo a nossa atitude é positiva e será reconhecida como uma demonstração de que o consumidor pode confiar nos nossos produtos. Uma vez que o nosso sistema de controle interno descobriu o erro, é nossa obrigação chamar o recall. Não se pode jogar um assunto como este embaixo do tapete.

O Megane brasileiro também passou por um problema que retardou o seu lançamento. O que aconteceu?
Verificamos que os primeiros modelos não estavam de acordo com os padrões que desejavamos. Havia um problema de montagem que decorreu do pequeno volume de produção em Curitiba. Dificilmente aconteceria em uma linha de montagem mais antiga. Com a chegada do Logan e do Sandero, esperamos ter mais volume e reduzir falhas. Veja que em um dos pontos do Contrato 2009, a Renault se engaja em fazer de um de seus carros, o novo Laguna, um paramêtro em termos de qualidade. Este empenho terá de acontecer com o Logan, fabrica e com os nossos concessionários.

O fato do Logan aproveitar peças oriundas de outros modelos, como o Clio e o Megane é uma vantagem?
Em termos de confiabilidade é, mas quando se trata de produzir carros ninguém é infalível. Por isso, uma montadora como a nossa tem este controle de qualidade. Serve mesmo  para caçar defeitos, onde quer que estejam.

Acompanhe tudo sobre:[]

Mais de Negócios

ApexBrasil e EXAME lançam o prêmio Melhores dos Negócios Internacionais 2024. Inscreva-se

Como a chef carioca Alessandra Montagne despontou na terra de Alain Ducasse

'Fabricado em Cantão': marcas chinesas garantem espaço nos Jogos Olímpicos de Paris

Uber expande frota com 100 mil carros elétricos da BYD na América Latina e Europa

Mais na Exame