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Quem é o chinês HNA Group, que comprou 23% da Azul

Com investimentos em bancos, arrendamento de cointainers, navios a aeroportos, o HNA Group se tornou o maior acionista individual da Azul

Avião da Hainan Airlines, do HNA Group: ele investe em bancos, cointainers, navios a aeroportos (Regasterios/Wikimedia Commons)

Karin Salomão

Publicado em 24 de novembro de 2015 às 13h01.

São Paulo - O grupo chinês HNA acabou de anunciar um investimento de 450 milhões de dólares na Azul,por uma participação de 23,7% de participação na companhia aérea. O HNA Group se torna, assim, o maior acionista individual da brasileira e poderá indicar um membro ao conselho de administração.

O objetivo é “se beneficiar do tráfego substancial entre a China e o Brasil, que são fortes parceiros globais no comércio”, com desenvolvimento de novas rotas, expansão de programas de fidelidade e com code sharing, diz o grupo em comunicado.

Este é o segundo investidor estrangeiro que entra na Azul em poucos meses. Em junho, a americana United Airlines comprou 5% da brasileira por 100 milhões de dólares - ela também passou a contar com um membro no conselho de administração.

A entrada de capital vem logo após a compra da portuguesa TAP, em junho, numa disputa contra a Avianca.

De turismo a financiamentos

O primeiro avião do HNA Group voou pela primeira vez em maio de 1993. Em pouco mais de 20 anos, ele passou de uma pequena companhia aérea chinesa a um conglomerado gigante, com negócios nas áreas de aviação, indústria, finanças, turismo e logística.

O grupo chinês controla de supermercados a bancos, de arrendamento de cointainers e logística a agências de turismo, com mais de 110.000 funcionários em todo o mundo.

O grupo figurou pela primeira vez na lista das 500 maiores empresas do mundo da Fortune este ano, ficando na 464a posição.

Em 2014, o lucro somou 206 milhões de dólares, 26% a mais que no ano passado. O faturamento foi de 25,65 bilhões de dólares, aumento de 36%.

O braço de aviação é o mais forte dentro do grupo. A HNA Aviation opera Hainan Airlines, Tianjin Airlines, Deer Jet, Lucky Air, Capital Airlines, West Air, Fuzhou Airlines, Urumqi Air, Yangtze River Express, MyCARGO, Africa World Airlines, Aigle Azur e outras companhias.

O grupo é o maior cliente da Embraer na Ásia e a subsidiária Tianjin foi a primeira chinesa a comprar o jato E190 da Embraer, tendo hoje 50 aviões desse modelo.

A Hainan Airlines é a maior companhia aérea privada da China e a quarta maior em tamanho de frota, com 561 aeronaves. Ela opera mais de 630 rotas nacionais e internacionais para 210 cidades na China e no Mundo.

Já na sua divisão financeira, a HNA Capital atua em leasing, seguros, bancos, serviços financeiros, fundos, entre outros. Na área de leasing, a Bohai Leasing arrenda aviações, navios e estruturas de infraestrutura, além de ser a maior do mundo em arrendamento de containers.

O segmento de turismo opera em conjunto com serviços financeiros e de comércio eletrônico, levando 30 milhões de viajantes a cada ano para a Ásia, Europa e Américas. Ela possui 89 agências de turismo e opera o cruzeiro de luxo Henna.

A TransForex, casa de câmbio do grupo, atua em 23 cidades com 500 localidades.

Com mais de 440 hotéis pelo mundo, o HNA Hospitality é uma das maiores companhias hoteleiras na China. Também controla os Hotéis e Resorts Tangla.

O grupo gerencia, ainda, 8 aeroportos que tiveram um fluxo de 38 milhões de passageiros no ano passado.

A companhia de negócios imobiliários tem investimentos em 33 projetos. Atualmente, a área que está em construção é de 5 milhões de metros quadrados, mais de 600 campos de futebol.

O grupo ainda atua no varejo, com 330 lojas em várias áreas. São dele as lojas de departamento chinesas Xi’an MINSUNg e os supermercados Hunan JOINDOOR e Shanghai Jiadeli.

No mundo

O grupo está expandindo sua atuação para fora do território chinês.

Recentemente, ele adquiriu o Swissport, maior provedor de serviços de carga no solo do mundo. A companhia suíça foi adquirida por 2,7 bilhões de francos suíços. A empresa suíça opera serviços de carga em 270 aeroportos em 48 países.

Na Bélgica, o grupo detém três hotéis de quatro estrelas e, na Turquia, controla a myTECHNIC, empresa de manutenção de aeronaves e aeroportos.

Também são do grupo a SinOceanic Shipping, empresa da Noruega de fretamentos e investimento em navios de containers, a Ghana AWA Airlines Company, companhia aérea africana, e a Seaco SRL, empresa de arrendamento de containers de Cingapura.

São Paulo - David Neeleman, novo dono da companhia aérea portuguesa TAP , é um empreendedor da aviação e um dos homens mais criativos do setor. Nascido brasileiro e filho de americanos e neerlandeses, criou quatro companhias aéreas , a Morris Air e a JetBlue, nos Estados Unidos, a WestJet no Canadá e a Azul no Brasil, além de inovações do setor, como o bilhete eletrônico. Na corrida pela TAP, companhia aérea portuguesa que estava em processo de privatização, o empresário fez a melhor proposta.

Veja nas imagens fatos sobre a vida do novo dono da TAP.
  • 2. Origem

    2 /12(Viagem e Turismo/Divulgação)

  • Veja também

    David Neeleman nasceu em São Paulo, em outubro de 1959. Ele é filho de descendentes americanos e holandeses. Seu pai era jornalista e trabalhava como correspondente no Brasil, país onde ele morou até os cinco anos, quando foi viver nos Estados Unidos.
  • 3. Infância

    3 /12(Chris Ware/Bloomberg)

  • Hoje, ele é um dos maiores empreendedores da aviação. No entanto, sua infância e adolescência não foram das mais brilhantes. O empresário não gostava de ler ou escrever e obteve notas apenas razoáveis na escola. Frequentou a Universidade de Utah por apenas três anos, antes de desistir.
  • 4. Transtorno

    4 /12(Michael Edwards/Getty Images)

    Neeleman sofre de transtorno de déficit de atenção, o que prejudicou sua educação na juventude. Ele se recusa a tomar medicações, pois tem medo de se tornar enfadonho. Em entrevista à Veja Online, afirmou que o transtorno “não é propriamente ruim. Ele faz com que você tenha bastante dificuldade de se concentrar em algo que não lhe interessa. Depois de obter muito sucesso numa atividade qualquer, continuamos insatisfeitos, com constante sensação de dever não cumprido”. No entanto, a doença tem um lado positivo, afirmou o empresário. “Uma vez que encontramos algo que nos interessa, temos a habilidade de hiperconcentração – quando isso acontece, tudo em volta se torna insignificante”.
  • 5. Turismo

    5 /12(Divulgação / HAWAII VISITOR CONVENTION BUREAU)

    O empresário começou a vender pacotes turísticos para o Havaí aos colegas da universidade. Um amigo de sua aula de contabilidade disse que conhecia alguém que não conseguia vender estadias em seus condomínios no Havaí. “Eu comecei a fazer anúncios para os condomínios. Passei a incluir passagens aéreas e a fazer pacotes de viagem. Então June Morris me ligou e disse que queria que eu trabalhasse para ela”, na Morris Travel, disse ele em entrevista a Airnews.
  • 6. Decolou

    6 /12(Getty Images)

    Seu primeiro emprego foi numa agência de viagens, a Morris Travel, em Salt Lake City. Com apenas 25 anos, David Neeleman fundou, em 1984, a Morris Air, uma companhia aérea com tarifas baixas. Inicialmente voando para o Havaí, a empresa aterrissou em outros destinos turísticos, como Cancun, Orlando e Los Cabos.  A companhia foi adquirida pela Southwest Airlines, em 1993, por 130 milhões de dólares. Neeleman ficou na diretoria da empresa por apenas cinco meses, para completar a transição.
  • 7. Reservas

    7 /12(NicoElNino/Thinkstock)

    Ao deixar a Southwest, ele criou o Open Skies. O sistema operava em terminais touch screen nos aeroportos e permitia reservas de bilhetes e auto check in. A empresa foi comprada pela HP em 1999 e é usada por 80 companhias aéreas.
  • 8. Tudo ao mesmo tempo

    8 /12(Chris Ware/Bloomberg)

    Enquanto desenvolvia o sistema Open Skies, David Neeleman também fundou a canadense WestJet, em 1996. Hoje, é a segunda maior companhia do país, atrás da Air Canada, e tem mais de 10 mil funcionários.
  • 9. De volta ao Brasil

    9 /12(Dado Galdieri/Bloomberg)

    Em 2008, Neeleman anunciou a intenção de criar sua quarta companhia aérea. Ela seria voltada para o mercado doméstico brasileiro, seu país natal. Para definir o nome da nova operadora aérea, o empreendedor criou uma campanha em que o público poderia enviar ideias. Depois de quase 110 mil cadastros, entre as melhores opções estavam Abraço, Alegria, Azul e Samba. Ainda que Samba tivesse sido o nome mais votado, Neeleman escolheu o nome Azul Linhas Aéreas Brasileiras, por inspirar sentimentos positivos e aludir ao céu. O ganhador recebeu passe vitalício na nova companhia. Hoje, a Azul é a terceira do setor no Brasil, com 15,87% de mercado e a maior taxa de ocupação dos voos, 89,70% em janeiro.
  • 10. Religião

    10 /12(Divulgação)

    Mórmon, ele é adepto da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Aos 19 anos, ele veio ao Brasil para trabalhar como missionário da igreja mórmon. Foi quando reaprendeu a falar português, ainda que com forte sotaque. Em entrevista à Veja Online, afirmou que “o fato de ser mórmon teve muita influência na minha formação. Quando estive no Brasil como missionário, aprendi belos princípios. Trabalhei em favelas com pessoas simples e maravilhosas que mudaram minha vida. Acreditamos que as relações que temos com a família, amigos e empregados são importantes, pois elas continuarão depois desta vida”.
  • 11. Descanso

    11 /12(Stephen Chernin/Getty Images)

    Apesar do trabalho intenso durante a semana, ele aproveita bem os dias de folga. Frequenta a igreja todo domingo e passa os finais de semana apenas com sua família. Neeleman é pai de nove filhos e mora com a família em Connecticut, Estados Unidos.
  • 12. Confira também

    12 /12(Ruben Sprich/Reuters)

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