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Empresa de SC cresce seis vezes com fundo e é revendida à família fundadora

Originalmente de Gaspar, Santa Catarina, a Akmey começou na década de 90 e hoje fatura cerca de US$ 100 milhões anuais

Laura Pancini
Laura Pancini

Repórter

Publicado em 19 de outubro de 2024 às 07h00.

A Akmey, uma empresa catarinense do setor têxtil, recentemente protagonizou uma transação incomum no mercado de venture capital: o fundo KPTL, que havia investido na companhia em 2015, decidiu vender sua participação de volta para a família fundadora. A movimentação é algo raro em um setor em que, normalmente, essas saídas ocorrem através da venda para grandes corporações ou compradores estratégicos

A empresa originalmente de Gaspar, Santa Catarina, começou na década de 90 e hoje fatura cerca de US$ 100 milhões anuais. Seu diferencial está no uso de enzimas para substituir processos em uma das indústrias mais poluentes do mundo, a têxtil. As enzimas são proteínas especiais que quebram moléculas específicas no tecido, deixando-o mais macio ao mesmo tempo que reduz significativamente o consumo de água e energia durante o tingimento.

"Desde os anos 90, buscamos maneiras de substituir métodos convencionais e o uso de enzimas tem sido nosso principal diferencial", explica Alexandre Aragão, cofundador da Akmey. O catarinense é formado em biotecnologia e explora o uso de enzimas no tecido no processo têxtil desde a década de 90, quando participou de um congresso no Uruguai.

Aragão viu que já havia processos sendo desenvolvidos na Europa e nos Estados Unidos e decidiu trazer a ideia para o Brasil. Com a esposa Marli, eles fundaram a Akmey em 2003. O nome da empresa vem da junção dos nomes dos três filhos mais velhos na língua japonesa: Akyra, Massaru e Eity.

Da esquerda para direita: Alexandre Massaru, Douglas Eity, Aline Tamye e Jefferson Akyra; na frente estão os fundadores Alexandre e Marli Aragão

Foi só quase dez anos depois, em 2012, que a empresa se consolidou de vez no mercado têxtil ao patentear uma máquina de tingimento sem água em parceria com a FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos) e o SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial).

A novidade chamou atenção das fabricantes e também da KPTL, fundo de venture capital resultado da fusão entre A5 Capital Partners e Inseed Investimentos. O portfólio do fundo é majoritariamente de startups de tecnologia, como as agrotechs Gado Certo, de compra e venda de gado, e a Raízs, plataforma que conecta agricultores ao consumidor final.

Por que a Akmey?

O Fundo Fima (Fundo de Inovação em Meio Ambiente) da KPTL se interessou pela forma como a Akmey utiliza enzimas, proteínas que quebram moléculas específicas, para deixar os tecidos mais suaves.

No algodão, por exemplo, as enzimas ajudam a degradar partes da fibra. Isso deixa o tecido com uma superfície mais lisa e macia ao toque, além de melhorar o brilho e a aparência.

O tecido tratado com enzimas tem uma vida útil maior, ficando mais resistente e com melhor caimento. Além disso, o processo consome menos água e energia do que os métodos utilizados normalmente.

Presença em Honduras

Com o investimento do Fundo Fima, a Akmey abriu uma fábrica em Honduras que, hoje em dia, desempenha um papel crucial na operação internacional da empresa.

Gerenciada pelos três filhos de Alexandre, a fábrica utiliza a tecnologia de enzimas desenvolvida pela Akmey, que permite realizar o tingimento de tecidos de forma mais eficiente e com menor impacto ambiental. Entre os principais benefícios trazidos por essa tecnologia está a redução significativa no uso de sal durante o tingimento — em alguns casos, de 100 gramas por litro para apenas 25 gramas —, além da economia de água e energia.

A região da América Central é conhecida por ser um importante centro de produção têxtil, com várias fábricas que atendem mercados internacionais, especialmente nos Estados Unidos e na América Latina. Isso facilita a integração da Akmey nas cadeias globais de fornecimento e ajuda a empresa a expandir sua presença no mercado internacional. Há planos de crescimento em países como Guatemala e El Salvador.

Por que revender?

A decisão da KPTL de revender sua participação à família fundadora foi motivada pelo sucesso da empresa, que hoje fatura cerca de US$ 100 milhões. "A família conseguia nos comprar de volta", disse Bruno Profeta, um dos representantes do fundo que coordenou a revenda da Akmey. "A sensação é de missão cumprida".

Desde o investimento em 2015, a Akmey cresceu seis vezes em termos de valorização. Nenhuma das duas partes quis divulgar qual foi o valor inicial e quanto era a participação da empresa. "A Akmey mudou de patamar e agora tem total capacidade de crescer sozinha, sem necessidade de investidor", diz Profeta. Para o futuro, a empresa planeja expandir sua operação no Brasil, modernizar suas plantas e continuar na busca por novas ideias sustentáveis.

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