Prosperidade troca XP por BTG e tem meta de ser maior escritório do Brasil
Companhia planeja chegar a 20 bilhões de reais em carteira, com foco em clientes de alta renda
Lucas Amorim
Publicado em 17 de julho de 2020 às 19h14.
Última atualização em 17 de julho de 2020 às 19h55.
O mercado de assessores de investimentos ganhou as manchetes nesta semana com o negócio entre o BTG Pactual e a EQI, maior escritório parceiro da XP Investimentos. Como mostrou reportagem de ontem da EXAME, a EQI é um dos 22 escritórios que tinham parceria com a XP que agora estão plugados ao BTG (do mesmo grupo que controla a EXAME).
Esta semana teve outra grande mudança envolvendo XP e BTG. A Prosperidade, ex-parceira da XP, foi plugada na plataforma do BTG há três dias. Os planos da companhia mostram como a competição tende a se tornar mais intensa no mercado brasileiro, com uma tendência crescente de segmentação entre os escritórios. A negociação com o BTG foi 100% online.
No caso da Prosperidade, o foco são clientes de alta renda. Em três anos, a companhia chegou a 2 bilhões de reais de carteira, com 1.500 clientes espalhados pelo país. A proposta da companhia é que cada assessor atenda, em média, 15 clientes para conseguir dar um tratamento personalizado. "Esse é nosso nicho, e é neste terreno que vemos oportunidade de muito crescimento", diz Renato Alcântara, presidente da companhia.
A meta da Prosperidade é em cinco anos chegar a até 20 bilhões de reais em carteira e ser o maior escritório de investimentos do Brasil nos próximos cinco anos. Depois disso, segundo Alcântara, a companhia pode estudar virar uma corretora, num caminho que deve também ser seguido pela EQI, em sociedade com o BTG.
A Prosperidade foi criada principalmente por executivos com média de mais de 20 anos de experiência no mercado financeiro, em instituições como Itaú, Safra e BankBoston. Os fundadores são os irmãos Dennis Sakamiti e Douglas Sakamiti, e Luciano dos Santos. Cresceu nos últimos cinco anos com uma equipe saída sobretudo do Safra, espalhada em cidades que eram o foco dos sócios. Hoje, está em São Paulo, Brasília, Goiás, Amazonas, Roraima, Mato Grosso e Pernambuco. A meta nos próximos 12 meses é estar em todas as capitais do Nordeste e avançar também no estado de São Paulo, chegando a 3 bilhões de reais em carteira. Para isso, a ideia é passar de 60 para 150 sócios.
"O BTG tem uma plataforma mais completa, com área de research mais assertiva, uma oferta melhor e proprietária de produtos. Para nosso momento, e para nosso público-alvo, faz muito sentido", afirma Alcântara. "Antes, um cliente com uma fazenda em Goiás poderia precisar de proteção cambial, ou de crédito para investimento, e nós fazíamos de conta que não era com a gente. Agora, conseguimos juntar todas as pontas."
"A ideia é fazer uma oferta muito customizada para cada cliente. Na XP um cliente que tinha 10.000 e outro que tinha 10 milhões eram tratados da mesma forma", diz Dennis Sakamiti.
A mudança da XP para o BTG foi feita durante a pandemia. As conversas começaram em fevereiro, e a migração aconteceu de fato nesta semana — um mês antes do prazo previsto, segundo os sócios. "Para nós a pandemia foi uma oportunidade de olhar o que dava para melhorar, mas nos aproximou muito de nossos clientes. A cada 15 dias falávamos com todos para explicar o que estava acontecendo", diz Alcântara. "Desde o ano passado, quando a taxa de juro começou a cair, os clientes passaram a olhar a carteira com mais cuidado. Na pandemia, a demanda aumentou ainda mais."
Migrar de uma empresa para outra é um desafio danado, claro. Segundo os sócios da Prosperidade, em três dias, 30% da base abriu contas no BTG — 400 clientes. "Era a meta para seis meses", diz Alcântara.