Linha de produção de montadora: dificuldades para superar o tombo da pandemia (Germano Lüders/Exame)
Juliana Estigarribia
Publicado em 21 de janeiro de 2021 às 06h00.
Última atualização em 21 de janeiro de 2021 às 08h09.
A produção industrial brasileira vem ganhando dinamismo, especialmente nos últimos três meses. No entanto, a recuperação plena da atividade para além dos níveis pré-pandemia ainda é dúvida diante das incertezas no cenário econômico.
A Confederação Nacional da Indústria deve divulgar nesta quinta-feira, 21, os dados da Sondagem Industrial, com um panorama sobre a situação dos setores. Ainda nesta sexta-feira, 22, a Fundação Getulio Vargas vai divulgar a Prévia da Sondagem da Indústria referente a janeiro de 2021.
A expectativa é que, de maneira geral, os números apresentem melhora, entretanto, a recuperação ainda é concentrada em alguns setores.
Segundo Rafael Cagnin, economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial, cerca de um terço dos ramos da indústria ainda está se recuperando do tombo da pandemia, incluindo o setor automotivo e de semiduráveis em geral, como vestuário e calçados.
Ele cita como fatores que colocam em risco a recuperação plena da atividade industrial o desemprego elevado, a pressão de custos -- resultante do dólar em alta e da ruptura da cadeia de fornecimento -- e o fim do auxílio emergencial. Na virada do ano, o agravamento do número de casos de covid-19 também pode ser apontado como um fator de preocupação.
“A indústria brasileira entrou em um novo patamar que vai além da recuperação das perdas da covid-19, mas diante desses riscos podemos ter uma desaceleração da atividade econômica, afetando todo o setor produtivo”, diz o especialista.
Em novembro, a ociosidade média da indústria de transformação (com ajuste sazonal) era de 20,1%, apenas 0,9 ponto percentual abaixo da média histórica pré-pandemia. Porém, setores ligados ao varejo tinham, em novembro, uma ociosidade maior, mesmo em um período de vendas aquecidas pela Black Friday, mostrando que os números ainda são frágeis.
“O país precisa novamente retomar sua agenda de reformas, em especial a tributária, para combater o chamado custo Brasil e resolver a questão da competitividade”, diz Cagnin.