Eletrobras: gestão do ex-presidente Wilson Ferreira Júnior deixou a empresa apetitosa na visão de investidores (Pilar Olivares/Reuters)
Victor Sena
Publicado em 18 de maio de 2021 às 06h00.
Na série de etapas por que a Eletrobras deve passar para ser privatizada, a primeira delas será uma prova de fogo: a aprovação no Congresso. É só com o aval do legislativo que empresas como a gigante do setor de energia, bancos públicos e a Petrobras podem sair do controle estatal.
Nesta terça-feira, está previsto que a Câmara vote a Medida Provisória que autoriza o governo a privatizar a empresa. Como ela é um MP, há prazo, que vence em em 22 de junho.
Caso a medida seja aprovada, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) deve dar início aos estudos de modelagem econômica da privatização.
O governo pretende fazer uma capitalização, em que vende ações da companhia até perder a maioria. A expectativa é que possam ser levantados cerca de 60 bilhões de reais.
Na última semana, as ações da companhia dispararam quase 7%, principalmente com as perspectivas positivas quanto à privatização e como repercussão positiva ao balanço do primeiro trimestre da companhia.
Na avaliação de analistas, a estatal é considerada um bom ativo no mercado e estaria madura para ser vendida caso a privatização avance.
A empresa, que atua na área de geração e transmissão de energia, viveu anos de prejuízo e interferência política devido ao seu elevado número de subsidiárias e controladas.
Além disso, entre os anos de 2012 e 2015, teve seu caixa usado politicamente, principalmente por causa da Medida Provisória 579, no governo da ex-presidente Dilma Rousseff, que cortou o valor da energia em 20%.
O ex-presidente Wilson Ferreira Júnior, que assumiu a empresa em 2016 e ficou até janeiro deste ano, é visto pelo mercado como o executivo que conseguiu "consertar" a casa.
Ele reduziu praticamente pela metade o número de funcionários com programas de demissão voluntárias e vendeu as distribuidoras nas regiões Norte e Nordeste, deixando a empresa mais "apetitosa" na visão dos investidores.
Em fevereiro de 2016, por exemplo, as ações da companhia valiam cerca de 6 reais. Nesta segunda-feira, elas fecharam em 40 reais.
Em cerimônia de posse no início do mês, o atual presidente da companhia defendeu a privatização.
"Para que a Eletrobras consolide sua liderança no setor, para que seja protagonista na expansão do setor elétrico brasileiro, a companhia precisa estar capitalizada, com capacidade de investimento e ter competitividade frente a outros agentes...", disse.
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