Prejuízo do Nubank tem maior queda desde a fundação da fintech, em 2013
A redução do prejuízo do Nubank se deve ao crescimento da receita e a uma menor despesa operacional por cliente
Estadão Conteúdo
Publicado em 22 de agosto de 2020 às 13h38.
Última atualização em 22 de agosto de 2020 às 13h43.
Maior fintech do Brasil, o Nubank viu o seu prejuízo cair 32% no primeiro semestre deste ano, para R$ 95 milhões, em relação ao resultado registrado ao fim da primeira metade do ano passado. A redução se deve ao crescimento da receita e a uma menor despesa operacional por cliente, segundo explicou o CFO da empresa, Marcelo Kopel.
É a primeira vez que o Nubank anota uma queda significativa - R$ 44 milhões - no prejuízo desde a sua fundação, em 2013. O único recuo verificado até então na sucessão de perdas da fintech havia sido em 2017, quando o prejuízo somou R$ 116 mil, contra de R$ 122 mil do ano anterior.
O Nubank gosta de ressaltar que operar no vermelho, por enquanto é uma decisão. Como a empresa tem aumentado o número de clientes de forma acelerada, isso demanda mais investimentos e mais recursos destinados a provisionamento (dinheiro destinado a cobrir possíveis calotes que, mesmo não sendo utilizados, entram como despesas no balanço).
O Nubank terminou o primeiro semestre com 26 milhões de clientes mais que o dobro dos 11 milhões de 12 meses antes. Se o avanço do número de clientes costumava significar maior prejuízo para fintech , a dinâmica começa a mudar, com o aumento da proporção de clientes antigos em relação aos novos.
"Os clientes que já estavam vêm amadurecendo", disse Kopel. "Com o passar do tempo, eles passam a se engajar mais conosco, gerando mais volume de transações, que fazem nossas receitas crescerem, mesmo sem cobrarmos anuidade?, afirmou também. "Se olharmos os negócios por pedaço, o cartão de crédito já gera resultado positivo", ressaltou.
É possível, disse o executivo, que o Nubank já comece a fechar a conta no ano que vem, como consequência dessa nova dinâmica. "Mas isso está muito relacionado à quantidade de clientes. Se tivermos que postergar esse equilíbrio, significa que o negócio está crescendo mais", afirmou.
A fintech comemora também que houve aumento de 60% nos depósitos feitos pelos clientes, com um saldo de R$ 17,3 bilhões ao fim do primeiro semestre. O resultado levou a empresa a terminar a primeira metade do ano com R$ 19,9 bilhões em caixa, crescimento de 48% em relação ao que tinha no fim do ano passado e um recorde na história de sete anos da instituição.
Inadimplência na pandemia
Apesar dos melhores resultados no primeiro semestre, o Nubank não ficou imune à crise econômica causada pela pandemia do novo coronavírus, que começou a atingir o Brasil em março. No período mais duro para a economia, a inadimplência (atrasos superiores a 90 dias) entre clientes da fintech chegou a atingir 5,8%, taxa registrada em junho. Em dezembro de 2019, era de 4,3%. Em julho, teve uma ligeira queda para 5,7%.
Kopel, contudo, ponderou que a taxa do Nubank, mesmo mais alta, ainda está abaixo da média do mercado, de 7,5% em junho, segundo dados do Banco Central (BC), ?talvez devido às funcionalidades de educação financeira do aplicativo e à relação transparente que criamos com nossos clientes?.
Ainda segundo o executivo, a pandemia chegou a gerar um impacto no volume de compras com o cartão de crédito no período inicial da quarentena no Brasil. No fim do semestre, no entanto, ele disse, o fluxo de transações retornou ao patamar anterior e o volume transacionado em compras do cartão de crédito foi 54% maior que o registrado nos seis primeiros meses de 2019