Negócios

Portugal Telecom quer "discutir" venda de Vivo após oferta de Telefônica

Lisboa - A empresa Portugal Telecom prepara a estratégia para "discutir" com a Telefônica a nova oferta feita por esta, de 6,5 bilhões de euros, pelo controle da brasileira Vivo, proposta que será submetida a uma assembleia de acionistas como havia pedido a empresa espanhola. Apesar da insistência da imprensa, os diretores do antigo monopólio […]

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h10.

Lisboa - A empresa Portugal Telecom prepara a estratégia para "discutir" com a Telefônica a nova oferta feita por esta, de 6,5 bilhões de euros, pelo controle da brasileira Vivo, proposta que será submetida a uma assembleia de acionistas como havia pedido a empresa espanhola.

Apesar da insistência da imprensa, os diretores do antigo monopólio português de telecomunicações não deram detalhes sobre o comunicado - anunciado oficialmente nesta terça-feira à noite à Bolsa de Lisboa - para "discutir a oferta com a Telefônica até a realização da assembleia geral" entre acionistas.

O Governo português, que mantém uma ação crucial da Portugal Telecom - possui direitos especiais de veto - também evitou fazer comentários sobre a operação. As autoridades que foram questionadas sobre o assunto disseram que só se pronunciarão quando for "oportuno".

Ao contrário do que opinavam com a primeira oferta da Telefônica, por 5,7 bilhões de euros, os analistas do mercado e a imprensa portuguesa estimavam hoje que a Portugal Telecom aceitará a oferta e venderá a Vivo, mas tentará fazer com que a empresa espanhola aumente ainda mais a oferta.

O Conselho de Administração da Portugal Telecom informou à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários de Lisboa (CMVM) que a Telefônica ofereceu comprar os 50% da participação da portuguesa na Brasicel, que controla 60% da Vivo, por um preço que "não reflete seu valor estratégico" para a empresa espanhola.

Por outro lado, quando a Telefônica fez sua primeira oferta, em 11 de maio, a Portugal Telecom se apressou em rejeitá-la sem aceitar consultar os acionistas, com o argumento de que não estava à altura da importância da empresa brasileira para o futuro e do crescimento da própria operadora portuguesa.

Também ao contrário do que ocorreu naquela ocasião, vários acionistas do chamado núcleo duro português da Portugal Telecom se mostraram hoje favoráveis à convocação de uma assembleia de acionistas para decidir sobre a oferta da Telefônica, que para os analistas representa dar via livre à venda da Vivo.

Os principais acionistas nacionais da Portugal Telecom são o grupo Banco Espírito Santo (BES), que controla 7,99%; a estatal Caixa Geral de Depósitos (CGD), a maior entidade financeira portuguesa, com 7,3%; e o conglomerado português Ongoing, com 6,74%.

A imprensa portuguesa citou hoje fontes do BES que se mostraram favorável à decisão de convocar a assembleia e não criticaram a nova oferta da Telefônica, empresa que semanas atrás outros diretores do banco acusaram publicamente de humilhar a Portugal Telecom.


O multimilionário e colecionador de arte Joe Berardo, que tem cerca de 2% do capital, também apoiou a primeira recusa da Portugal Telecom e hoje se declarou favorável que os acionistas decidam.

Na assembleia geral da sociedade, que deve ocorrer no prazo de 40 dias após sua convocação oficial, ainda não divulgada, os votos dos acionistas internacionais podem ser decisivos.

Os investidores estrangeiros da companhia portuguesa, cujos direitos de voto estão limitados a 10%, são liderados pela própria Telefônica, com essa porcentagem máxima de capital, e o fundo americano Brandes, que tem 7,89%.

A Portugal Telecom chegou a ter alta de 8% hoje na Bolsa de Lisboa, mas acabou encerrando o pregão com alta de apenas 1,45%, em um dia de perdas generalizadas.

Com essa cotação, o valor de toda a empresa no pregão de Lisboa é de 7,68 bilhões de euros, pouco mais de 1 bilhão de euros a mais da oferta feita pela Telefônica por 30% da Vivo e embora a Portugal Telecom não tenha parado de se valorizar desde que recebeu a primeira proposta, em 11 de maio.

O principal comentário do Executivo português sobre a oferta da Telefônica foi feito hoje pelo ministro de Obras Públicas, António Mendonça, que está com o primeiro-ministro português, José Sócrates, em visita oficial ao Marrocos.

Mendonça afirmou que seu Governo se tomará uma posição sobre o assunto "quando for oportuno" e assinalou que, "neste momento, o que está em curso deve ficar no âmbito das relações entre as empresas".

No mês passado, durante visita à Espanha, Sócrates defendeu a importância que a Portugal Telecom mantenha a presença no Brasil. Ele posteriormente, dessa vez durante visita ao Brasil, deu a entender que o Governo poderia usar sua ação com poder de veto para defender a empresa de uma possível ação hostil da Telefônica.

Acompanhe tudo sobre:3GEmpresasEmpresas abertasEmpresas espanholasFusões e AquisiçõesOperadoras de celularServiçosTelecomunicaçõesTelefônicaVivo

Mais de Negócios

Com radiologia móvel, empreendedora amplia o acesso de veterinários a laudos

Atenção, Faria Limers: startup russa investe R$ 50 milhões para trazer patinetes de volta a SP

Esse empresário falido ficou milionário vendendo pedras como animais de estimação

Modernização de fábricas e autoprodução de energia: Unipar apresenta seus avanços em ESG