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Por que o petróleo está caindo tanto nos Estados Unidos?

Pela primeira vez na história, os contratos futuros do WTI operaram no terreno negativo

Produção de petróleo nos Estados Unidos: contratos futuros operaram no negativo nesta segunda-feira (Shannon Stapleton/Reuters)

Produção de petróleo nos Estados Unidos: contratos futuros operaram no negativo nesta segunda-feira (Shannon Stapleton/Reuters)

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Juliana Estigarribia

Publicado em 20 de abril de 2020 às 18h09.

Última atualização em 20 de abril de 2020 às 18h37.

Os contratos futuros de petróleo operaram no terreno negativo nos Estados Unidos nesta segunda-feira, 20, pela primeira vez na história, com os temores acerca da queda da demanda global ocasionada pela pandemia do novo coronavírus. Mas por que este movimento de retração brutal está descolado das referências no restante do mundo?

A referência usada para o barril de petróleo nos Estados Unidos é o West Texas Intermediate (WTI), cuja formação de preço tem peso maior das negociações no mercado doméstico americano - o maior do mundo. Já o Brent usa como referência os mercados da Europa e do Oriente.

O que aconteceu nesta segunda-feira é que os contratos futuros de petróleo que derreteram nos Estados Unidos se referem ao mês de maio, quando o horizonte de demanda já se mostra mais claro, explica Walter de Vitto, analista de óleo e gás da Tendências Consultoria.

"É comum que, diante da proximidade do final do mês, os detentores de contratos futuros tentem se desfazer de suas posições, caso contrário, terão que comprar petróleo de fato", diz o especialista.

Só que diante do excesso de oferta global e da baixa demanda, não há espaço físico suficiente para estocagem de petróleo nos Estados Unidos. "A situação atual é tão alarmante que não tem para quem vender petróleo. Quem precisou fazer isso, hoje, acabou praticamente 'pagando' para se livrar dos estoques", acrescenta de Vitto.

Mas por que não o Brent?

Os contratos futuros do Brent operaram em queda aproximada de 7% nesta segunda, para cerca de 26 dólares. A magnitude dessa retração nem de longe se compara ao desempenho do WTI.

Primeiramente, porque os futuros do Brent já estão baseados no mês de junho, quando o horizonte de demanda ainda não está totalmente claro. Se as medidas de relaxamento da quarentena no mundo forem ampliadas, o mercado de petróleo global pode apresentar recuperação e, assim, os preços devem ganhar fôlego.

Ou seja: o pânico nos Estados Unidos reflete a demanda iminente; já nos contratos com base no Brent, o impacto está mais distante.

Além disso, os estoques de petróleo relacionados ao Brent se espalham por toda a Europa e a Ásia, diferentemente dos Estados Unidos, que não conseguem armazenar, sozinhos, todo o excesso de oferta. O país é, hoje, o maior produtor e consumidor de petróleo do mundo.

Especialistas também apontam que a produção americana é basicamente onshore (em terra), o que limita o armazenamento neste cenário de excesso de oferta. Na região do Mar do Norte, a extração é feita majoritariamente em alto-mar (offshore), portanto, a armazenagem também pode ser feita em navios.

Para de Vitto, o pânico que tomou conta do mercado de contratos futuros de WTI, nesta tarde, tende a ser pontual. "As empresas dos Estados Unidos e do Canadá vão reduzir drasticamente a produção e muitas delas vão quebrar. Com isso, devemos ter um novo equilíbrio de preços, só não sabemos em quanto tempo isso deve acontecer. Tudo depende da extensão das medidas de lockdown no mundo."

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