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Por que a fortuna de Jack Ma, fundador do Alibaba, não para de cair

Após críticas ao ambiente regulatório chinês, executivo vive período de reviravoltas

Jack Ma: Ícone da China tecnológica, bilionário vê a sua riqueza cair pelo segundo ano consecutivo (Tomohiro Ohsumi/Bloomberg)
MB

Marcos Bonfim

Publicado em 12 de novembro de 2022 às 08h05.

Uma vez ícone do processo de transformação tecnológica da China e referência como o maior bilionário do país, o fundador do grupo Alibaba Jack Ma parece vê aquele momento de glória cada vez mais distante.

O executivo perdeu 29% da sua fortuna ao longo do ano e caiu da quinta para a nona colocação entre os mais ricos do país.

Em 2021, quando a liderança foi tomada por Zhong Shanshan, o magnata da água engarrafada, Ma tinha um patrimônio de US$ 39,6 bilhões de dólares. Agora, o valor é de US$ 25,7 bilhões.

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Os dados são da mais recente edição da Hurun China Rich List, levantamento que registra todos os indivíduos com fortuna superior a 5 bilhões de yuans (US$ 691 milhões).

Como a fortuna de Ma começou a diminuir

O estudo também revelou uma queda no número de bilionários no país asiático de 11%, o maior declínio em duas décadas. A explicação para a diminuição generalizada está, em parte, na estrita política de zero Covid de Pequim, que interrompeu a produção e as cadeias de suprimentos, e em problemas geopolíticos como a guerra na Ucrânia.

Outra parte muito relevante está relacionada à queda das ações nas bolsas de valores, resultado de uma forte pressão do governo chinês para controlar a indústria de tecnologia. E o “declínio” de Ma tem muito a ver a com isso.

Extrovertido, o bilionário tinha se transformando em uma celebridade com o sucesso do Alibaba e era uma espécie de porta-voz da China tecnológica, com modelos de negócios que atraiu os olhos do mundo.

Em dezembro de 2020, no entanto, as coisas começaram a mudar. Ma afirmou que "o sistema regulatório chinês estava sufocando a inovação e deve ser reformado para fomentar o crescimento". Disse ainda que os bancos chineses operavam com uma mentalidade de “casa de penhores”.

Quais as ações do governo chinês

Após as críticas, o empresário saiu de cena, desapareceu por meses, período em que surgiram rumores de uma eventual uma prisão.

O ato seguinte foi o governo chinês implementar uma série de mudanças no setor privado em 2021. Uma de grande impacto para Ma foi o cancelamento da abertura de capital do Ant Group, maior fintech do país e empresa do grupo Alibaba.

A expectativa era de que o IPO levantasse 37 bilhões de dólares. Após o cancelamento da oferta de ações, a Ant iniciou uma reestruturação como uma holding financeira, conforme solicitação do Banco Central da China.

Hoje, segundo a Forbes, as estimativas são de que o valuation da empresa caiu US$ 70 bilhões. Em 2020, o montante era de US$ 313 bilhões.

Também em 2021, a China aplicou uma multa recorde de 18 bilhões de yuans (2,75 bilhões de dólares) ao Alibaba, depois que uma investigação antimonopólio descobriu que a companhia havia abusado de sua posição dominante no mercado por vários anos.

Quais os próximos passos do bilionário

A expectativa agora é de que ele ceda o controle do Ant Group, do qual tem 9,9% das ações e 50,52% dos direitos de voto.

Em julho, a Ant Group informou às autoridades chinesas sobre a intenção de Ma de ceder o controle. O país exige esse tipo de comunicação quando as empresas estão em processo de aprovação para se tornarem holdings financeiras.

Não se sabe, no entanto, quando irá acontecer, como e para quem ele passará o seu poder de voto.

Ma deixou o cargo de CEO da Alibaba em 2013 e o de presidente em 2019, quando se aposentou da empresa. Atualmente, ele detém menos de 4% das ações do Alibaba.

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