Negócios

Por que a Fibria não vive um novo 2008, em 6 perguntas à empresa

Perdas financeiras concentram-se em variação cambial, e não em derivativos, segundo o gerente geral de relações com investidores

Reserva da Fibria: 2008 não está de volta, afirma gerente da empresa (Divulgação)

Reserva da Fibria: 2008 não está de volta, afirma gerente da empresa (Divulgação)

DR

Da Redação

Publicado em 26 de outubro de 2011 às 15h33.

São Paulo – A Fibria divulgou, nesta quarta-feira, seu balanço trimestral, no qual se destaca as perdas financeiras líquidas de 2 bilhões de reais. O resultado é fruto do repique do câmbio, e levou a empresa a um prejuízo líquido de 1,1 bilhão de reais – o maior de sua história.

Os fantasmas de 2008, quando a antiga Aracruz sofreu pesadas perdas com aplicações em derivativos cambiais, não devem ser evocados, segundo seu gerente geral de relações com investidores, André Luiz Gonçalves. Na ocasião, perdas cambiais de cerca de 2 bilhões de dólares levaram a empresa a entrar “Não são situações comparáveis”, afirma.

Veja, a seguir, os principais trechos da entrevista:

EXAME.com – A Fibria vive um repeteco de 2008?
André Luiz Gonçalves
– Não, porque não são situações comparáveis. A maior parte do resultado financeiro deste trimestre é explicada pela variação cambial, que somou 1,3 bilhão de reais. É um resultado contábil. Não tem efeito sobre o caixa. É uma situação bem diferente da de 2008, com a crise dos derivativos.

EXAME.com – E o que gerou as perdas com o hedge?
Gonçalves –
Foi o movimento repentino do câmbio. Atuamos num cenário de câmbio mais valorizado ao longo do trimestre, e usamos o câmbio de ponta para marcação (a mercado dos hedges). Por isso, o efeito contábil é elevado. A contrapartida é o nosso resultado operacional, que é fruto do câmbio médio. Esse benefício deve ser sentido positivamente nos próximos trimestres, se o câmbio se mantiver desvalorizado.


EXAME.com – Mas não houve desembolso nenhum de caixa?
Gonçalves –
Houve desembolsos de 17 milhões de reais no período. Quando o câmbio estava abaixo de 1,60 real, contabilizamos um resultado. Acima disso, outro.

EXAME.com – O câmbio de referência dos contratos é 1,60 real?
Gonçalves –
Não. Tivemos desembolso porque houve muita volatilidade. No ITR (informe enviado à CVM), informamos que, se o câmbio voltasse para 1,75 real, teríamos um efeito contábil positivo.

EXAME.com – A Fibria exagerou nos instrumentos de hedge neste trimestre?
Gonçalves –
Não. Somos uma empresa com vocação exportadora, e faz sentido protegermos obrigações em moedas que não sejam o dólar. Nossa política financeira nos permite proteger a exposição de até 12 meses. Hoje, estamos abaixo disso. Operamos com 60% a 65% do limite determinado.

EXAME.com – Qual é o impacto disso tudo para a saúde financeira da Fibria?
Gonçalves –
A condição de liquidez da empresa é boa. Temos em caixa o equivalente a duas vezes o que vencerá no curto prazo. E as dívidas de curto prazo são menos de 10% do total. E o importante é que são recursos para operação, não para expansão. Não precisaremos captar recursos no mercado em um momento de crise. Nosso foco continua na disciplina financeira.

Acompanhe tudo sobre:CâmbioEmpresasEmpresas abertasFibriaMadeiraPapel e CelulosePrejuízo

Mais de Negócios

15 franquias baratas a partir de R$ 300 para quem quer deixar de ser CLT em 2025

De ex-condenado a bilionário: como ele construiu uma fortuna de US$ 8 bi vendendo carros usados

Como a mulher mais rica do mundo gasta sua fortuna de R$ 522 bilhões

Ele saiu do zero, superou o burnout e hoje faz R$ 500 milhões com tecnologia