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Por onde anda Robert Mercer, o magnata por trás da Cambridge Analytica

O magnata Robert Mercer criou uma rede que ajudou a eleger Trump nos EUA. Mas ele não gostou da fama que isso lhe rendeu, e está voltando para as sombras.

O bilionário Robert Mercer: ele criou uma rede que ajuou a eleger Trump. (Oliver Contreras/For The Washington Post/Getty Images)

O bilionário Robert Mercer: ele criou uma rede que ajuou a eleger Trump. (Oliver Contreras/For The Washington Post/Getty Images)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 3 de janeiro de 2019 às 06h00.

Última atualização em 3 de janeiro de 2019 às 06h00.

Robert Mercer, o reservado magnata de hedge funds que ganhou uma notoriedade não desejada por seu apoio a Donald Trump, está voltando para as sombras.

Mercer, 72, e sua família gastaram apenas US$ 2,9 milhões para influir nas eleições deste ano, menos de um terço do que em 2016, quando ocorreu a última eleição presidencial, ou em 2014, o ano da eleição legislativa anterior, de acordo com dados da Comissão Eleitoral Federal compilados até o fim de dezembro.

Com o desaparecimento da empresa de dados políticos de Mercer, a Cambridge Analytica, e a ruptura com o ex-assessor Stephen Bannon, a diminuição dos gastos sugere que a importância de Mercer na política conservadora pode estar diminuindo. De acordo com duas pessoas que trabalharam de perto com a família, Mercer e sua filha Rebekah, 45, ficaram consternados com a notoriedade que ganharam com a vitória de Trump. Porta-vozes de Robert e Rebekah Mercer preferiram não comentar.

“Eles são muito reservados”, disse Dan Eberhart, um investidor de petróleo e gás do Arizona que apoiou muitas das mesmas causas republicanas. “Por isso eles não vão se envolver mais.”

Reveses

Nos últimos dois anos, manifestantes liberais marcharam até a mansão de Robert Mercer em Long Island, Nova York; pressionaram fundos universitários de doações para que retirassem dinheiro do hedge fund de Mercer, a Renaissance Technologies; e exigiram que o Museu Americano de História Natural expulsasse Rebekah Mercer de seu conselho. Mercer pai deixou a direção da Renaissance no ano passado, mas continua sendo pesquisador sênior.

A influência de Mercer no início da era Trump e seu status de bête noir liberal remontam ao seu patrocínio da visão populista de Bannon por meio de uma rede de projetos relacionados. A Breitbart News, de Bannon, mobilizou a base conservadora, enquanto a Government Accountability Institute, uma associação sem fins lucrativos, foi encarregada de revelar a corrupção e de alimentar a grande mídia com sua pesquisa. A Cambridge Analytica procurou usar ciência de ponta para ajudar os candidatos favoritos da família a chegarem aos eleitores. Milo Yiannopoulos, um provocador da chamada direita alternativa, participou de uma turnê de palestras em universidades financiada pela Mercer.

Essa estratégia pareceu justificada quando Trump venceu a eleição em 2016, auxiliado por Bannon, por outra ex-consultora da Mercer, Kellyanne Conway e pelos cientistas de dados da Cambridge Analytica. A Breitbart reuniu os fãs de Trump e a GAI publicou um livro importante que criticava a carreira de Hillary Clinton. Após a eleição, Bannon se juntou à Casa Branca como estrategista-chefe e Rebekah Mercer trabalhou na equipe de transição e também formou um grupo externo, Making America Great, para angariar apoio público para as políticas do presidente.

A rede dos Mercer agora está em farrapos. O grupo externo se dissolveu. Os Mercer cortaram laços com Bannon quando ele se desentendeu com a Casa Branca. A Cambridge Analytica desmoronou após as revelações de que a empresa coletou dados de dezenas de milhões de usuários do Facebook indevidamente. Yiannopoulos perdeu o apoio da família após a divulgação da notícia de que ele trabalhou em estreita colaboração com supremacistas brancos.

“Os Mercer são pessoas reservadas, mas eles impulsionaram publicamente suas opiniões políticas por meio de intermediários tóxicos como Bannon e a Breitbart News”, disse Matt Rivitz, cofundador da Sleeping Giants, o grupo ativista que liderou as campanhas de pressão contra a Breitbart e a Renaissance. “Eles tinham muita influência sobre as pessoas e nós considerávamos que isso era perigoso.”

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