Vendas online de plantas, velas e caixas crescem 2.000% na quarentena
Enquanto em março a maior alta foi em itens de saúde por causa do coronavírus, em abril os consumidores se adaptaram à rotina de isolamento
Carolina Riveira
Publicado em 21 de maio de 2020 às 16h35.
Última atualização em 21 de maio de 2020 às 19h58.
A pandemia do novo coronavírus fez as vendas subirem no comércio eletrônico . Mas, passados dois meses desde que quase todo o Brasil entrou em quarentena, é possível traçar tendências mais claras sobre o comportamento online do consumidor na pandemia.
Um estudo inédito da empresa de inteligência Compre & Confie sobre as compras na internet nos meses de março e abril aponta um crescimento exponencial na venda de produtos que fogem do óbvio limpeza e saúde, que marcaram as compras no pré-isolamento. O levantamento leva em conta o período entre o fim de fevereiro e o fim de abril.
Os campeões de alta nas vendas no acumulado da quarentena podem ser considerados inusitados ( veja no gráfico abaixo ). O segundo produto com maior crescimento foram as plantas, nas categorias de floreiras e plantas artificiais. A categoria teve alta de 2.026% no número de pedidos na comparação com o mesmo período de 2019.
Quase todo o restante da lista dos itens que mais cresceram traz produtos com pouca participação histórica no e-commerce: o terceiro com maior crescimento são guarda brinquedos (alta de 1.977% em pedidos), seguido, em ordem, por velas de aniversário, caixa decorativa, nutricosméticos, controles de videogame (os joysticks) e itens de bomboniere.
Já o líder disparado em alta nas vendas online seguiu sendo os produtos de limpeza, que já lideravam as vendas em levantamento preliminar feito no mês de março. No acumulado desde o fim de fevereiro até o fim de abril, o número de pedidos subiu mais de 4.600%.
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Mas, tirando produtos de limpeza, os produtos tendência na quarentena não haviam aparecido na lista dos que mais cresceram no levantamento anterior da Compre & Confie, em março. Naquele mês, o produto com maior alta de pedidos foi o álcool em gel -- na época, em falta nas farmácias. Itens fortemente ligados a farmácia, como sabonetes, soro fisiológico e outros produtos de higiene também foram os líderes.
Só na variação de pedidos por categoria no acumulado dos dois meses saúde volta a aparecer, puxada pelas altas vendas em março. A líder em crescimento é a categoria de alimentos e bebidas, que ficou quase 150% maior. Reforçando tendência já observada em março, o segmento de instrumentos musiciais também dobrou de tamanho.
Os dados incluindo abril mostram que, à medida em que os brasileiros foram passando mais tempo em casa e percebendo que a pandemia não iria embora tão cedo, começaram a adaptar seu comportamento. A lista dos pedidos mais crescentes no acumulado do período mostra compras de itens mais rotineiros, não necessariamente relacionados à pandemia -- como os itens de aniversário ou brinquedos.
Outro exemplo da adaptação à rotina é a categoria "Cama, Mesa e Banho", que dobrou de tamanho nas vendas online entre o fim de fevereiro e o fim de abril.
Levantamento anterior do Google mostrando quais foram as maiores altas de buscas em março e abril já havia mostrado, por exemplo, um crescimento em busca por produtos de rotina, como para cozinhar. Os jogos também foram campeões de buscas no Google -- nas compras, a tendência se repete e a busca por controles subiu mais de 500%, segundo a Compre & Confie.
No total, o número de pedidos em março no e-commerce teve alta de 40%, ante 26% em fevereiro. Mas, em abril, saltou 98%. A projeção da Compre & Confie é que o Dia das Mães, celebrado no início de maio, tenha tido alta de 139% em número de pedidos, na comparação com 2019.
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