Petros espera aprovar déficit de R$ 16 bilhões até dezembro
O presidente da instituição prevê ainda uma mudança na política de investimentos nas próximas semanas vendo espaço para maior risco em alguns planos
Da Redação
Publicado em 13 de setembro de 2016 às 21h03.
Florianópolis - A Petros , fundo de pensão dos funcionários da Petrobras, deve aprovar até dezembro o plano para equacionar um déficit de 16 bilhões de reais, disse nesta terça-feira à Reuters o presidente da instituição, Walter Mendes, que prevê ainda uma mudança na política de investimentos nas próximas semanas vendo espaço para maior risco em alguns planos.
Nos últimos dois anos, devido ao cenário econômico ruim do país e aos maus resultados com investimentos de risco, a Petros praticamente comprou apenas títulos públicos com os novos recursos que entraram.
Agora, com a tendência de queda da taxa básica de juros , hoje em 14,25 por cento ao ano, a Petros já avalia voltar a investir em ativos que ofereçam maior rentabilidade.
"Nossa área de investimentos ficou conservadora demais", disse Mendes, que participou do 37º Congresso Brasileiro de Fundos de Pensão. "Há espaço para incorporar risco em alguns planos e nas próximas semanas isso vai começar a mudar.” De todo modo, o executivo previu que os fundos geridos pelo Petros terão rentabilidade acima da meta atuarial, de IPCA + 5,7 por cento ao ano.
Atualmente cerca de 60 por cento dos recursos da Petros estão em títulos públicos e, segundo Mendes, há espaço para investir em ativos como projetos de infraestrutura.
O governo federal tem indicado que espera contar com as fundações para financiar um novo ciclo de investimentos em infraestrutura e, com isso, tirar o país de uma recessão que já dura dois anos.
A expectativa de investidores financeiros é de que os fundos de pensão compensem em parte a menor participação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em projetos custosos, como de portos, rodovias e estradas.
Para Mendes, no entanto, uma nova entrada da Petros nessas áreas obedecerá a critérios bem mais rigorosos do que nos últimos anos.
"O fundo não tem qualquer obrigação de investir em infraestrutura", disse. “Nossa obrigação é pagar o benefício do cotista e investiremos em projetos de infraestrutura se isso se encaixar no nosso plano”, acrescentou ele, que prevê entrada mais devagar dos fundos nesses projetos do que aconteceu em anos recentes.
Plano Pronto
Segundo maior fundo fechado de previdência complementar do país, com cerca de 68 bilhões de reais em ativos, a Petros tem 159 mil participantes.
Em junho, o conselho deliberativo da Petros apurou um déficit atuarial de 22,6 bilhões no Plano Petros Sistema Petrobras (PPSP) no final de 2015. Desse total, 16,1 bilhões de reais estão acima do limite de tolerância e esse rombo terá que ser coberto a partir de 2017 entre a Petrobras e os cotistas, 50 por cento cada, por um período de 18 anos.
"O plano está pronto, a aprovação deve acontecer até o fim do ano", disse Mendes.
O PPSP atende cerca de 76 mil participantes, dos quais 55 mil são assistidos. O déficit corresponde ao que excedeu o limite de tolerância fixado pelo Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC).
O PPSP é um plano de benefício definido, com investimentos malsucedidos feitos por gestores da Petros ao longo de vários anos. Isso inclui desde recursos aplicados em companhias como a afretadora de sondas para exploração de petróleo Sete Brasil, que está em recuperação judicial, até casos de fraudes.
Greenfield
Petros foi, ao lado de Funcef (fundo de pensão dos empregados da Caixa Econômica Federal), Previ (Banco do Brasil) e Postalis (Correios), alvo da operação Greenfield deflagrada na semana passada pela Polícia Federal para apurar denúncias de fraudes no setor, com base em dez casos revelados a partir do exame das causas de déficits bilionários apresentados pelos fundos.
Mendes, um experiente profissional do mercado financeiro que deixou em agosto o conselho de administração da Petrobras para presidir a Petros, disse que a política de investimentos da instituição está sendo reorganizada e que uma investigação interna está sendo realizada para avaliar como foi executada nos últimos anos.
De acordo com o executivo, as ações já geraram melhorias na governança da entidade, mas outras medidas estão sendo discutidas, como mudanças na forma de eleger a diretoria.
Florianópolis - A Petros , fundo de pensão dos funcionários da Petrobras, deve aprovar até dezembro o plano para equacionar um déficit de 16 bilhões de reais, disse nesta terça-feira à Reuters o presidente da instituição, Walter Mendes, que prevê ainda uma mudança na política de investimentos nas próximas semanas vendo espaço para maior risco em alguns planos.
Nos últimos dois anos, devido ao cenário econômico ruim do país e aos maus resultados com investimentos de risco, a Petros praticamente comprou apenas títulos públicos com os novos recursos que entraram.
Agora, com a tendência de queda da taxa básica de juros , hoje em 14,25 por cento ao ano, a Petros já avalia voltar a investir em ativos que ofereçam maior rentabilidade.
"Nossa área de investimentos ficou conservadora demais", disse Mendes, que participou do 37º Congresso Brasileiro de Fundos de Pensão. "Há espaço para incorporar risco em alguns planos e nas próximas semanas isso vai começar a mudar.” De todo modo, o executivo previu que os fundos geridos pelo Petros terão rentabilidade acima da meta atuarial, de IPCA + 5,7 por cento ao ano.
Atualmente cerca de 60 por cento dos recursos da Petros estão em títulos públicos e, segundo Mendes, há espaço para investir em ativos como projetos de infraestrutura.
O governo federal tem indicado que espera contar com as fundações para financiar um novo ciclo de investimentos em infraestrutura e, com isso, tirar o país de uma recessão que já dura dois anos.
A expectativa de investidores financeiros é de que os fundos de pensão compensem em parte a menor participação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em projetos custosos, como de portos, rodovias e estradas.
Para Mendes, no entanto, uma nova entrada da Petros nessas áreas obedecerá a critérios bem mais rigorosos do que nos últimos anos.
"O fundo não tem qualquer obrigação de investir em infraestrutura", disse. “Nossa obrigação é pagar o benefício do cotista e investiremos em projetos de infraestrutura se isso se encaixar no nosso plano”, acrescentou ele, que prevê entrada mais devagar dos fundos nesses projetos do que aconteceu em anos recentes.
Plano Pronto
Segundo maior fundo fechado de previdência complementar do país, com cerca de 68 bilhões de reais em ativos, a Petros tem 159 mil participantes.
Em junho, o conselho deliberativo da Petros apurou um déficit atuarial de 22,6 bilhões no Plano Petros Sistema Petrobras (PPSP) no final de 2015. Desse total, 16,1 bilhões de reais estão acima do limite de tolerância e esse rombo terá que ser coberto a partir de 2017 entre a Petrobras e os cotistas, 50 por cento cada, por um período de 18 anos.
"O plano está pronto, a aprovação deve acontecer até o fim do ano", disse Mendes.
O PPSP atende cerca de 76 mil participantes, dos quais 55 mil são assistidos. O déficit corresponde ao que excedeu o limite de tolerância fixado pelo Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC).
O PPSP é um plano de benefício definido, com investimentos malsucedidos feitos por gestores da Petros ao longo de vários anos. Isso inclui desde recursos aplicados em companhias como a afretadora de sondas para exploração de petróleo Sete Brasil, que está em recuperação judicial, até casos de fraudes.
Greenfield
Petros foi, ao lado de Funcef (fundo de pensão dos empregados da Caixa Econômica Federal), Previ (Banco do Brasil) e Postalis (Correios), alvo da operação Greenfield deflagrada na semana passada pela Polícia Federal para apurar denúncias de fraudes no setor, com base em dez casos revelados a partir do exame das causas de déficits bilionários apresentados pelos fundos.
Mendes, um experiente profissional do mercado financeiro que deixou em agosto o conselho de administração da Petrobras para presidir a Petros, disse que a política de investimentos da instituição está sendo reorganizada e que uma investigação interna está sendo realizada para avaliar como foi executada nos últimos anos.
De acordo com o executivo, as ações já geraram melhorias na governança da entidade, mas outras medidas estão sendo discutidas, como mudanças na forma de eleger a diretoria.