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Petrobras vai manter gasolina cara para recompor seu caixa

A decisão da Petrobras de repassar esses custos diretamente aos consumidores evitará que a estatal reduza suas margens de ganhos com a alta defasagem


	Gasolina: atualmente, a gasolina no país está cerca de 70% mais cara que em outros países
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Gasolina: atualmente, a gasolina no país está cerca de 70% mais cara que em outros países (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 20 de janeiro de 2015 às 18h36.

Rio - Apesar do aumento do custo de importação de diesel e da gasolina, com a alta das alíquotas de PIS/Cofins, a Petrobras deve manter a estratégia de recomposição de caixa diante da defasagem positiva de preços no mercado doméstico frente ao exterior.

Atualmente, a gasolina no país está cerca de 70% mais cara que em outros países.

Essa margem, avaliam analistas, garante a geração de receitas para o financiamento das operações da companhia, revertendo perdas de receitas acumuladas há quatro anos.

"O governo empurrou para o consumidor pagar a conta dos impostos e pela recomposição de caixa da Petrobras. Estamos caminhando para ter a gasolina mais cara do mundo", avaliou o consultor Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie).

"A gasolina cara serve para reverter os erros do governo na política de controle de preços da estatal", completou.

A alíquota do PIS/Cofins para produtos importados passará dos atuais 9,25% para 11,75%, conforme decisão do Ministério da Fazenda.

Também haverá a volta da cobrança da Cide, dentro de 90 dias, que incide diretamente sobre o preço cobrado nas bombas.

A decisão da Petrobras de repassar esses custos diretamente aos consumidores evitará que a estatal reduza suas margens de ganhos com a alta defasagem.

A estimativa de analistas de mercado é que a companhia tenha perdido R$ 60 bilhões em receitas no período.

"(Mesmo que pague mais pelo combustível que importa) a Petrobras está confortável, ela continua recompondo as margens de lucro com o combustível sendo vendido mais caro aqui do que lá fora", afirmou José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).

O impacto sobre o custo de importação também não tira a atratividade das operações de compra no exterior do petróleo para abastecimento interno por parte de distribuidoras estrangeiras, interessadas em competir com a Petrobras no mercado brasileiro.

Algumas empresas já avaliam as condições logísticas e realizam novos pedidos de importação.

"O encarecimento do custo de importação recai tanto para a estatal quanto para outras distribuidoras. Economicamente, é vantajoso importar pelo tamanho da defasagem no Brasil, mas há limitações, principalmente quanto à capacidade logística dos terminais", explicou o diretor do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom), Alízio Vaz.

Além da baixa capacidade para receber o petróleo importado, a maior parte dos terminais são operados pela Petrobras.

Na avaliação do consultor Adriano Pires, a estatal atua de maneira monopolista no setor e não mudará essa posição. "A maior importadora continuará sendo a Petrobras", comentou Pires.

Para Alízio Vaz, a decisão da Petrobras de repassar integralmente os preços poderá provocar uma corrida de encomendas dos postos de combustíveis às distribuidoras.

"Os postos vão querer chegar no dia 1º com o tanque cheio para ampliar suas receitas", avaliou.

O executivo do Sindicom afirmou ainda que o maior beneficiário das novas medidas é o etanol hidratado, que ganhará competitividade frente à gasolina.

Há expectativa de aumento da mistura de etanol, que pode chegar a 27% nos próximos meses, gerando uma demanda adicional de 1,2 bilhões de litros.

"Essa é uma medida que antecipa uma resposta sobre a política do governo para o etanol. O setor será o maior beneficiário, pois o produto ganhará competitividade", concluiu.

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