Pensamento engessado prejudica empresas, dizem consultores
Executivos com atitudes “falsas”, guiadas pelo medo dos superiores, podem ser nocivas às organizações
Da Redação
Publicado em 5 de novembro de 2010 às 13h53.
São Paulo - “Como recrutadores, nós temos o papel de enxergar as diferentes culturas, identidades e as características subjetivas das pessoas”. Essa é a postura defendida por Fernando Lohmann, consultor da Fesa, empresa sócio-investidora da Doers - consultoria de recursos humanos inaugurada na última quinta-feira (04/11), em São Paulo.
Para Lohmann, enxergar perfis diversos é uma arte, pois essa consciência nem sempre está presente nas empresas. “No Brasil, muitos donos de empresas fazem o papel de gestor e acabam atropelando a governança corporativa”, afirma. O consultor considera que há proprietários que ditam o que deve ser feito sem ter a plena noção dos procedimentos, o que pode ser bastante prejudicial aos negócios.
A postura autoritária de muitos donos acaba desencadeando uma reação comodista nos profissionais da empresa, uma espécie de comportamento acomodado e, ao mesmo tempo, medroso. “Em algumas empresas, há o pensamento de que não se deve mexer em determinados assuntos. É uma política de não se intrometer nos que diz respeito ao chefe, uma ideia de ‘ah, nesse ponto ninguém deve mexer’”, afirma Marcelo Santos, presidente e sócio-fundador da Doers.
Os consultores concordam que pensamentos engessados e hierarquias rígidas ao extremo são nocivas. Fernando Lohmann afirma que, diante da ansiedade por parecer sempre melhor e produtivo, muitos executivos acabam criando “personagens” diferentes do que realmente são. “Um ser humano que não consegue ser quem ele é, dentro da empresa, acaba se tornando muito prejudicial, pois desmotiva os outros à sua volta”.
Para eliminar esse tipo de profissional, ele vê uma esperança nos novos talentos que estão entrando no mercado atualmente, por seu potencial de adaptação, sua maior autenticidade e flexibilidade para se alinhar ao que a empresa acredita e às mudanças nos momentos de transição. Ao mesmo tempo, Lohmann e Santos também têm consciência do desafio que as empresas devem enfrentar atualmente: a atração e, principalmente, a retenção dos trabalhadores qualificados no chamado “apagão de talentos”, onde a economia continua crescendo e as vagas são muitas para poucos trabalhadores.